Tuesday 18 August 2015

Rua da Voz do Operário

A Rua Voz do Operário, situada na Freguesias de S. Vicente, é um topónimo que foi atribuído por deliberação camarária de 11 de Fevereiro de 1915 e edital municipal de 14 de Outubro de 1915, no arruamento até aí designado por Rua da Infância.
Com esta atribuição a vereação republicana procurou consagrar a Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário, fundada em 1879 e sediada nesta artéria desde 1913.

Rua da Voz do Operário [1902]
Quartel de Sapadores Bombeiros, erigido em 1890-1891
Machado & Souza, in AML

A prestimosa instituição «Voz do Operário» foi fundada em 1879, com a publicação de um semanário com aquele título, criando-se pouco depois uma cooperativa e logo depois, a instituição de beneficência e instrução que ainda hoje existe. 
A iniciativa foi dos operários dos Tabacos e teve a sua primeira sede numa casa da Calçada de S. Vicente, transitando em 1896 para o Largo do Outeirinho da Amendoeira. O operário tabaqueiro Custódio Gomes foi quem lançou a ideia do jornal da sua classe, extensivo a todas mas foi outro operário também tabaqueiro, Custódio Brás Pacheco, o verdadeiro impulsionador da instituição. 
João Franco protegeu esta colectividade operária, tornando possível a construção do vasto edifício que lhe serve de sede desde 1913, com a sua escola central, secretaria, biblioteca, serviços de assistência e sala de conferências. Em 1925, foi considerada instituição de utilidade pública.
 
Rua da Voz do Operário, 9-17 [c.1975]
Sede da Sociedade de Instrução e Beneficência "A Voz do Operário"; no gaveto com a Tv. São Vicente, que ali se vê protegido por gradeamento, erguia-se o Chafariz da Rua da Infância.
Emídio Santana, in Arquivo Histórico-Social / Projecto MOSCA
 
Este arruamento foi aberto na antiga Quinta do Abelho [«do Abelha» ou «das Abelhas»], nos princípios do último quartel do séc. XIX e por deliberação camarária de 22 de Novembro de 1880 foi-lhe dado o nome de Rua da Infância, o qual segundo o olisipógrafo Vieira da Silva («Lisboa Antiga», vol. VII) se deve ao facto de, no n.º 19 daquela rua se ter inaugurado em 1877, uma das casas da Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida, então chamada Asilo de S. Vicente.

Rua da Voz do Operário, 19 [c. 1900]
Asilo da Infância Desvalida
Machado & Souza, in AML

N.B. A Voz do Operário é uma das obras maiores do arq.º Norte Júnior, albergando a escola da instituição. A implantação difícil, num terreno em declive, amplia a imponência do conjunto, construído entre 1912 e 1932. Na fachada, o característico eclectismo do arquitecto parece agigantar-se, com forte contraste entre os maciços volumes das colunas e das janelas e os delicados elementos decorativos Arte Nova[DGPC]

4 comments:

  1. E neste quartel eu e dezenas de outras crianças aprendemos a nadar (a piscina faz costas com a lateral do Liceu Gil Vicente - onde estudei)

    ReplyDelete
    Replies
    1. Olá. Eu tbm aprendi a nadar no quartel 😊 E tenho algumas forografias e ainda conservo medalhas e a ficha de inscrição que me foi dada muitos anos depois. Podiamos tentar juntar os *Nadadores que aí aprenderam 🌅

      Delete
  2. Só dezenas?! Eu diria que foram muitas mais, e eu fui uma delas entre 1969 e 1971. Nessa altura o Sport Lisboa e Benfica ainda não tinha piscinas e alugava piscinas ou tanques (que era o caso no quartel dos bombeiros) para o ensino da natação. Depois de 2 anos de aprendizagem quem quisesse prosseguir para os escalões de competição íam para outras piscinas apropriadas para isso. No meu caso fui para a piscina do Ateneu Comercial de Lisboa. Se não me engano as piscinas do Benfica só foram abertas em 1973/74.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Tbm andei aprender (desde os 3 anos) tenho fotos, era engraçado juntarmos os antigos alunos e partilhar memórias, forografias... 🌻

      Delete

Web Analytics