Até 1950 — ano da inauguração do novo viaduto ferroviário de Entrecampos — o trânsito automóvel e pedonal na Avenida da República, processava-se através de pequenos túneis sob a Linha Férrea de Cintura de Lisboa.
Obras no Viaduto ferroviário de Entrecampos [1950] Avista-se o Mercado Geral de Gados datado de 1888 com risco do arquitecto Parente da Silva. Firmino Marques da Costa, in Lisboa de Antigamente |
Segundo afirma Norberto de Araújo («Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp. 63-64») «A linha férrea foi aqui assente em 1890, e inaugurada a 11 de Junho; este viaduto e o da Avenida Cinco de Outubro, são posteriores, e do nosso século. Devo dizer-te, porém, que já em 1873 (inaugurada em 1 de Outubro), corria aqui uma linha pelo sistema Larmanjat, que pouco tempo durou.»
Viaduto ferroviário de Entrecampos [1950] Avenida da República Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente |
Assim, em 17 de Novembro de 1950, foi inaugurada a passagem inferior da Av. da República, depois de removidas as terras do antigo aterro ferroviário, resolvendo deste modo um problema que se arrastava desde a construção da Av. Ressano Garcia (hoje Av. República) no início do século XX.
As principais remodelações do Viaduto de Entrecampos sobre a Avenida da República datam do período do Estado Novo (1944) e da década de setenta (1970) que se ligam directamente às necessidades de maior fluidez do tráfego automóvel na Avenida da República.
Viaduto ferroviário de Entrecampos [1973] Avenida da República Novo tabuleiro da autoria do engº. Edgar Cardoso. Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
O Larmanjat — de que fala Norberto Araújo — era um sistema de caminho de ferro monocarril, idealizado pelo francês J. Larmanjat, composto por um carril central ladeado de duas passadeiras de madeira. A locomotiva, a vapor, e as carruagens tinham rodas centrais, que rodavam pelo carril, e rodas laterais que rodavam pela passadeira.
Explorada pela companhia inglesa «Companhia dos Tramways a Vapor», foi inaugurada a 4 de Setembro de 1873 a ligação Lisboa - Torres Vedras. Esta linha tinha as seguintes estações: Lisboa, Campo Pequeno, Lumias, Nova Cintra, Santo Adrião, Loures, Pinheiro de Loures, Lousa, Venda do Pinheiro, Malveira, Vila Franca do Rosário, Barras, Freixofeira, Turcifal e Torres Vedras.
Uma passagem entre Lisboa e Torres Vedras custava 900 réis em 1ª classe e 700 réis em 3ª classe, não havendo 2ª classe.
PARIS-TROCADERO-CH. FER ESSAI SYSTEM LARMANJAT-1871 |
A primeira viagem efectuada demorou 4h e 20m, tempo esse que representava um autentico 'record' se comparado com o tempo normal de uma viagem de diligência que rondava as 6h. No entanto este novo meio de transporte inaugurou um novo tipo de acidente: o descarrilamento. Este facto, que tudo indica seria frequente, aliado a sucessivas avarias mecânicas, fazia, com frequência, dilatar o tempo alcançado pela viagem inaugural e tornar a viagem de diligencia mais segura e, por vezes, mais rápida.
Este meio de transporte foi abandonado em 1877 por falência da empresa que o explorava.
Que edifício é aquele que se vê ao fundo com uma cúpula enorme?
ReplyDeleteEstá escrito na legenda da imagem.
Deletehttps://lisboadeantigamente.blogspot.com/2016/08/mercado-geral-de-gados.html?m=1
ReplyDeleteEra o Mercado de Gado, de onde depois seguia para o Matadouro, onde hoje é o Forúm Picoas. Um dia aí pelos anos 37/38 houve uma rez que se tresmalhou e foi chocar contra um transformador elétrico na Av. da República e lá ficaram as avenidas novas sem eletricidade...a rez não precisou de ir para o matadouro...
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