Casa onde viveu Almeida Garrett no Verão de 1852
O Forte do Bom Sucesso foi edificado em 1780, sob a direcção do General Vallerée, entre as praias de Bom Sucesso e Pedrouços, reforçando a linha defensiva de Belém. Na mesma época foi edificada a residência do governador da fortaleza, no perímetro do baluarte, a expensas da coroa.
Possivelmente, a obra foi concluída nos primeiros anos do século XIX, atendendo-se à inscrição colocada sobre uma das portas de entrada, onde se gravou
Possivelmente, a obra foi concluída nos primeiros anos do século XIX, atendendo-se à inscrição colocada sobre uma das portas de entrada, onde se gravou
«(...) A REAL / CROA PARA PATRIMO / NIO DA FORTALEZA / DO BOM ÇOCEÇO / ANNO DE 1802»O edifício mantém a estrutura de gosto oitocentista (o IPPAR refere-se a ele como um «palacete seiscentista»)..De planta rectangular, possui fachada principal dividida em três panos, marcados por duas pilastras adossadas, dois registos e águas furtadas.
Ao centro, no piso inferior, abre-se um grande arco, que através de um túnel permitia a passagem para a praia do Bom Sucesso. Do seu lado esquerdo foram rasgadas duas janelas de peito, do direito duas portas.
No piso superior abrem-se seis janelas de sacada, duas em cada pano, com varandim de ferro. Ao nível das águas furtadas, existem seis mezzaninos. A fachada posterior é em tudo semelhante à principal. (DGCP)
Foi nesta Casa do Arco que Almeida Garrett (1799-1854) passou um dos seus últimos Verões À
semelhança de muita outra gente de posses da capital — que alugava para o
Verão as casas disponíveis em Belém — o autor de «Viagens na Minha Terra»
deixara-se encantar
pelo ar limpo do lugar e pelas praias que o bordejavam. Nesse ano de
1852, a já desaparecida praia do Bom Sucesso, junto à Torre de Belém,
ficava-lhe à porta. Ainda sem as fronteiras impostas pela Avenida da
índia e pela linha férrea, bastava a Garrett atravessar o túnel
abobadado
em madeira que havia sido rasgado na casa, precisamente para dar
passagem a quem quisesse aceder à beira-rio.
Era então visconde e acabara de ser forçado a demitir-se do cargo de ministro de Negócios Estrangeiros por causa da assinatura de um acordo de comércio com a França. Foi a 17 de Agosto de 1852. A notícia apanhou de surpresa o escritor e seu confidente Gomes Amorim, que uma semana depois o procurou em Belém, onde passava o resto do Verão e o começo do Outono na «casa do arco da passagem para a torre (...), na porta do meio à direita, indo do Bom Sucesso». Este registo, inscrito nas «Memórias Biographicas» que escreveu de Garrett, esgota, em princípio o que se sabe hoje passagem do escritor pela Casa do Arco.
Curioso que era rodeado por diversos outros edifícios, que suponho que tenham sido demolidos para construir a avenida.
ReplyDeleteQuanto ao próprio edifício, esteve muitos anos com a fachada escorada, até que um dia demoliram tudo... Se estava classificado, era suposto não ter sido demolido, certo? E se tinha as fachadas escoradas é porque as queriam aproveitar, certo? Bom, por fim construíram um edifício com umas fachadas senão iguais, pelo menos muito semelhantes.