Friday, 18 December 2015

O «Galheteiro» do Roccio

«E lá está em cima, a 18 metros de altura [27.5m], no bronze «eterno», D. Pedro IV, em general, cobertos os ombros pelo «régio manto», cabeça coroada de louros.»
O primeiro projecto de um monumento no Rossio — em louvor da Constituição — data de 1820, havendo sido lançada a pedra fundamental em 15 de Setembro de 1821; não prosseguiu. O segundo, que ainda deu um famoso «Galheteiro» — que algum tempo ocupou lugar — teve a primeira pedra em 8 de Julho de 1852, não andou por diante, e foi demolido em. 1864.

Praça Dom Pedro IV e o Galheteiro  |c. 1863|

Finalmente em 29 de Abril de 1867, a esforços de uma comissão de que fizeram parte o Duque de Palmela, os Marqueses de Sá da Bandeira e de Sousa Holstein, o Conde de Farrobo, os Viscondes de Benagazil e de Menezes, lançou-se a primeira pedra para o monumento que aqui vês, inaugurado três anos depois, a 29 de Abril de 1870, com extraordinária solenidade
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, pp. 67-68, 1939)

O primeiro monumento a D. Pedro IV, apelidado de "o galheteiro" pelos lisboetas |entre 1852-1864|
 in Lisboa de Antigamente
 Praça Dom Pedro IV no dia do casamento do rei Dom Luis, tendo sido colocada ao centro uma coluna evocativa |1870|
in Lisboa de Antigamente

Apesar das várias intenções de erigir um monumento a D. Pedro IV, é apenas em 1867 que é lançada a primeira pedra para a sua construção. Dos oitenta e sete projectos apresentados para o Rossio, espaço privilegiado da história política e social, e em resposta ao concurso internacional foi seleccionado o do escultor Elias Robert e do arquitecto Gabriel Davioud. Sobre um plinto quadrangular, desenvolvem-se no encosto dos seus vértices quatro figuras femininas ilustrativas das qualidades do monarca. A Fortaleza, simbolizada no leão que touca a figura de braços cruzados, descaindo para além dos ombros as patas de uma pele abandonada; a Justiça, representada na figura que repousa o braço direito na verticalidade da espada, defende e castiga com a mesma mão com que segura a balança, julgando; a Moderação, patenteada na ampulheta que divide o tempo em rigor e exactidão; e a Prudência resguardada no manto que a cobre na quase totalidade e no espelho que repousa na sua mão esquerda sobre o colo, ornamentado por uma serpente desenrolada, sinónimo de reflexão. 

Praça Dom Pedro IV |1898-05|
O monumento concebido para o antigo «Rocio» determina, à data, uma nova denominação toponímica, doravante Praça Dom Pedro IV.  
Comemoração do IV Centenário da descoberta do caminho marítimo para a Índia, 17 a 20 de Maio de 1898.
Colecção Alcídia e Luís Viegas Belchior, in Lisboa de Antigamente

O plinto decorado com os escudos de dezasseis cidades, recebe a coluna com caneluras, revestida na sua base por quatro Famas. No topo, sobre o capitel coríntio, ergue-se majestática a estátua de bronze do monarca, coroado de louros e protegido pelo manto da realeza, expõe na sua mão direita a Carta Constitucional. Vitorioso nas lutas liberais perante os absolutistas, projecta na elevada altura da peça a soberania, submetendo ao seu domínio a cidade iluminista que nasceu do poder absoluto e esclarecido, cerca de cem anos antes. O olhar real estende-se para além dos telhados da baixa pombalina, alcançando o horizonte que se interrompe no rio, junto à Praça do Comércio, rivalizando dois monarcas e dois entendimentos políticos. A peça concebida para o Rossio determina, à data, uma nova denominação toponímica, doravante Praça D. Pedro IV. Este espaço urbano arroja no monumento ao monarca, a majestade e a intangibilidade, signo de eloquência entre tempo passado e presente, aglutinador de convivências que se consubstanciam na sobreposição da antiga à nova designação. (cm-lisboa.pt-Maria Bispo]

2 comments:

  1. Thiis blig was... how do I ssay it? Relevant!!
    Finally I've found something that helped me.
    Thanks a lot!

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  2. Outros tempos, trabalhos a sério. Agora é sô tijolos e pladuro nada a ver como o antigamento, parabéns para o bloguero com estas lindas fotos. Um abraço de um desconhecido.

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