Ora, Dilecto — diz Norberto de Araújo — estamos no Largo do Calvário, coração do bairro urbano desenvolvido no final do século passado [XIX], e já com expressão própria, ainda que limitada.
E do Calvário — porquê? Porque neste sítio, no lado sul da Rua Primeiro de Maio, antiga de S. Joaquim, existiu um Convento, das religiosas franciscanas, e que datava de 1617.
Como a própria Alcântara, de individualidade muito mais marcante, no século XVII, e mesmo no XVIII, o Calvário pouco mais era do que uma Póvoa aflorando timidamente de entre quintas, herdades e hortas a norte, como mar a beijar-lhe a orla por edificar.
Largo do Calvário |1930| Frente ao Paço Real de Alcântara, situado a sul do já então Largo do Calvário encontravam-se as enormes cocheiras reais; em 1903 aí existia o Clube de Lisboa (ou o Clube do Calvário) e só em 1911 foi instalada a Sociedade Promotora de Educação Popular. O Cinema Promotora, foi inaugurado em 1912. Ao centro, o Lactário n.º 3. Fotógrafo não identificado, iin Lisboa de Antigamente |
Antes do Convento se erguer no lugar onde a Quinta do Porto (do «porto», porque aqui atracavam barcos) edificara-se no final do século XVI um solar particular, destinado a ser «alguém» no sítio: foi esse solar que deu o Palácio ou Paço Real do Calvário, mais rigorosamente «de Alcântara», mas que recebeu a designação invocativa do orago do Convento, seu fronteiro, e assim ajudou a fundamentar o nome de um sítio (Calvário) dentro de outro (Alcântara).==
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. IX, p. 30, 1939.
No comments:
Post a Comment