Na noite de 19 para 20 de Novembro de 1863 rebentou um terrível incêndio, que durou oito dias — dos maiores que Lisboa tem visto — e reduziu tudo a cinzas. Passavam cento e oito anos menos vinte dias sobre o Terramoto.
Entre 1770 e 1774 construiu-se nesta Praça, que a reedificação da Cidade tornou possível, um edifício para a Câmara Municipal, que se estendia até à Rua do Ouro e Terreiro do Paço. A Câmara ocupava apenas uma parte do «seu» Palácio — pois para a Câmara fora destinado —, havendo-se instalado no edifício a Junta do Crédito Público, o Banco de Lisboa (1822), convertido em Banco de Portugal em 1846, a administração do Contrato do Tabaco, a Companhia das Lezirias, a Companhia Fidelidade, etc. Também parte do edifício (de 1795 a 1807) serviu de habitação a D. Maria I, e à família real, após o incêndio do Paço (Velho) da Ajuda. Na noite de 19 para 20 de Novembro de 1863 rebentou um terrível incêndio, que durou oito dias — dos maiores que Lisboa tem visto-e reduziu tudo a cinzas. Passavam cento e oito anos menos vinte dias sobre o Terramoto.
Paços do Concelho [ant. 1863] Praça do Município; no segundo plano o Arco da Rua Augusta em construção, faltando ainda o coroamento das colunas só concluído em 1875; no último plano a Sé de Lisboa. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Logo o Senado da Câmara pensou em reedificar a sua Casa, mas desta vez independente do Terreiro do Paço. O arquitecto Domingos Parente da Silva foi encarregado do risco, e as obras começaram em 29 de Outubro de 1866, só se concluindo em 1875. Alterado várias vezes no plano inicial, o edifício da Câmara de Lisboa é este que aqui se ostenta na Praça do Município.O edifício dos Paços do Concelho de Lisboa — é nobre. A grandeza relativa equilibra-se com a pureza e harmonia das linhas severas e delicadas a um tempo.
Paços do Concelho [c. 1875] Praça do Município Francesco Rocchini, in Lisboa de Antigamente |
Paços do Concelho, construção [c. 1875] Praça do Município. Note-se a ausência da platibanda no torreão oriental da Praça do Comércio. FFotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Sete pórticos, varanda adiantada sobre as três janelas do corpo central, mais duas janelas de varanda de cada lado, e esse belo frontão triangular, do cinzel de Calmels, com as armas da Cidade e as figuras alegóricas da Liberdade e do Amor da Pátria, frontão que se apoia sobre quatro grupos de duplas colunas monolíticas de ordem compósita — eis a fachada do edifício, que uma platibanda de balaústres coroa ao alto e em redor. (O acrescentamento das mansardas data de 1934).1
Paços do Concelho [Inicio séc. XX] Praça do Município; Rua do Comércio; Rua do Arsenal Chaves Cruz, in Lisboa de Antigamente |
No interior destaca-se a intervenção do arq.º José Luís Monteiro, sobretudo na escadaria central, bem como a rica decoração pictórica a cargo de vários artistas, dos quais se salientam José Pereira Júnior (Pereira Cão), Columbano e Malhoa, revelando deste modo todo o edifício um conjunto destacado de intervenientes, tanto a nível arquitectónico e construtivo, como decorativo, apresentando uma estética e inovação de grande qualidade. A 7 de Novembro de 1996 um novo incêndio destruiu os pisos superiores, ficando afectados os tectos e pinturas do primeiro andar.2
Paços do Concelho [194-] Praça do Município; Rua do Comércio; Rua do Arsenal; Terreiro do Paço António Passaporte, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
1 ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 15, 1939.
2 cm-lisboa.pt/equipamentos.
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