A Igreja da Graça situa-se numa alta posição privilegiada de Lisboa. Orientada a Poente, o seu adro constitui um miradouro natural da cidade; o perfil da sua torre, com a extensão conventual, a Norte; a fachada do antigo Convento, contígua à da igreja com orientação a Sul.
A igreja da Graça, tal qual hoje se encontra, é uma reedificação da segunda metade do século XVIII, completada com reconstruções e restauros do final do século passado para os princípios do actual. integrou-se no convento dos religiosos eremitas descalços de Santo Agostinho, que para o sítio de Almofala vieram em 1271, transferidos do seu primitivo eremitério do Monte de S. Gens. A primeira igreja, certamente modesta, foi substituída por um majestoso templo, de três naves, dos maiores e mais ricos de Lisboa, pela diligência do vigário perpétuo da Ordem, o espanhol Frei Luís de Motoya, durando as obras nove anos (1556-1565).
Logo de começo esta Casa religiosa teve relativa imponência na Igreja, e largueza no Convento que — acomodava 1.600 pessoas — intitulado de Santo Agostinho até 1305; nesse ano todos os Conventos da Ordem passaram a ter a invocação de N. Senhora da Graça.
Igreja da Graça [c. 190-] Panorâmica sobre a zona da Graça tirada do miradouro junto à Rua Damasceno Monteiro Largo da Graça; Calçada da Graça; à dir. nota-se a Igreja de Santa Cruz do Castelo Da ordem de Santo Agostinho, a Igreja da Graça situa-se no antigo local conhecido por Almofala, onde D. Afonso Henriques acampou com as suas tropas, durante o cerco a Lisboa em 1147. Paulo Guedes, in AML |
No segundo quartel do século XVIII a igreja beneficiou de restauros importantes, dirigidos pelo arquitecto Custódio Vieira; pouco tempo depois, pelo Terramoto a igreja foi quase totalmente arruinada, assim como o convento, começando em 1765 a reconstrução, que equivale a uma reedificação integral, sob o risco de Manuel Caetano de Sousa, e prolongando-se, numa primeira fase, até 1785. No final do século passado [XIX] tratou-se novamente de completar a igreja segundo o plano reedificador, aliás alterado, de Caetano de Sousa, e de a restaurar no que fora feito anteriormente; estas obras duraram de 1896 a 1905.
A igreja apareceu então, aparentemente ostentosa, mas com um merecimento artístico muito aquém do que tivera nos séculos anteriores.
A decorativa torre da igreja, assente sobre o corpo da fachada do convento, pertence à reedificação que de poucos anos precedeu o Terramoto, e deve-se a Manuel da Costa Negreiros, que morreu em 1750.
A decorativa torre da igreja, assente sobre o corpo da fachada do convento, pertence à reedificação que de poucos anos precedeu o Terramoto, e deve-se a Manuel da Costa Negreiros, que morreu em 1750.
A igreja da Graça é, no seu interior, das mais vastas de Lisboa, com boa expressão arquitectónica, na qual predominam, porém, os materiais pobres (madeira e estuques).
De uma só nave, possui o corpo da Igreja quatro capelas por lado. Pela direita: S. Tomaz, N. Senhora de Fátima, Santa Rita e S. José, e Santo António com S. Sebastião; pela esquerda: N. Sr.ª do Rosário da Verónica, Santa Mónica e N. Sr.ª das Dores, Sagrado Coração e Santíssimo.O tecto do corpo da Igreja é dividido em cinco secções e nelas podes ver pinturas de João Vaz (1903) , representando as cinco primeiras frases da «Avé-Maria»; trabalhou também nele o decorador Elói Ferreira do Amaral.
A Sacristia — considerada «monumento nacional» (11-12-918) — , dependência de interesse na igreja, antiga Capela das Relíquias; e, nela:
O tecto, em pintura larga de perspectiva arquitectónica, representando a Assunção de Nossa Senhora, pintura identificada de Pedro Alexandrino, e tendo nos topos os retratos de Frei António Botado e do irmão deste, Mendo de Foios Pereira, custeadores das obras deste quadro; dois grandes altares, em mármore, um em cada topo, com coroamento arquitectónico, situando-se no altar do fundo um grande relicário de madeira dourada [esq. na imagem abaixo], e no do lado da entrada o túmulo, em rico sarcófago de mármore, com inscrição de Mendo de Foios Pereira, que foi secretário de estado de D. Pedro II; sete painéis de azulejos historiados, em silhares circundantes (princípio do século XVIII), representando passos da vida da Virgem.
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 41, 1938.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 41, 1938.
idem, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1946.
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