A tracção eléctrica — registava Alfredo Mesquita em 1903 — serve já hoje a cidade de Lisboa em todas as direcções. É um dos seus mais importantes e mais recentes melhoramentos.
As nossas ruas estreitas não justificam de certo o emprego exclusivo dos condutores aéreos para a transmissão da energia eléctrica, sendo naturalmente indicado o sistema misto de condutores aéreos e subterrâneos como o mais adequado ás condições em que se encontram os arruamentos. Sob o ponto de vista estético, não se enriqueceu também a cidade com o emaranhado dos fios, que em muitos locais atingem o aspecto de verdadeiras redes, em outros o de enxugadouros.
Largo do Chiado |1926| A tracção eléctrica: o "carro do fio" e os "guarda-fios". Igreja de Nossa Senhora da Encarnação. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Não é menos certo que os acanhados passeios das principais ruas comerciais, reservados ao trânsito dos peões, foram prejudicados com o pejamento á circulação que lhes resulta de terem sido destinados a alicerces das desgraciosas colunas a que se prendem os fios da rede. Mas é grande verdade, também, que o regímen da tracção eléctrica fez esquecer em absoluto, e com incontestável satisfação dos habitantes de Lisboa, o antigo regímen das mulas dos americanos, dos solavancos dos Ripert, das molas desconjuntadas do Jacinto, do Florindo, do Salazar e da Luzitana. . . E hoje a vista de alguma d'essas já raras carriolas, que ainda se arrastam pelas ruas da cidade, oferece um contraste deplorável a par d'um carro eléctrico comodo e veloz.
Praça do Comércio |1927-03-30| Guarda-fios levantando as linhas. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
A fábrica geral da electricidade está situada em Santos, nos terrenos conquistados ao Tejo. Tem uma área de 6.200 metros quadrados adquiridos ao Estado em hasta publica, por 62:000^000 réis. Sendo o terreno formado por aterro moderno, as fundações foram dispendiosíssimas. Está tudo assente em estacaria e num monólito de cimento que suporta os edifícios e máquinas.==
Avenida 24 de Julho |c. 1927| À esq. nota-se a Estação geradora de Santos. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
MESQUITA, Alfredo. Lisboa, pp. 526-527, 1903.
MESQUITA, Alfredo. Lisboa, pp. 526-527, 1903.
ove Lisbon and her story
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