E lá está em cima, a 18 metros 27,5 metros de altura, no bronze «eterno», D. Pedro IV, em general, cobertos os ombros pelo «régio manto», cabeça coroada de louros.
Inaugurou-se em 13 de Abril de 1870, dia em que se comemorava o 44.° aniversário da outorga da Carta Constitucional. Ao Rossio foi dado o nome de Praça de D. Pedro, que não entrou em uso, pois sempre se adoptou a primeira designação.
Ergueram-se três pavilhões [3ª foto], destinados a família real, ao corpo diplomático, ministério e representação nacional e camarária e para a Corte. Eram todos forrados de pano azul e branco. Em plano levantado em anfiteatro colocaram-se algumas cadeiras. Flutuavam bandeiras. As tropas, comandadas pelo visconde de S. Tiago e brigadeiros Talaia e Rego, formavam nas ruas; a artilharia estava do lado do Amparo para o Rossio. As bandas regimentais tocaram o hino de D. Pedro IV. Cidadãos condecorados com a medalha da Liberdade ocupavam um recinto reservado. Os veteranos, que ostentavam a mesma honraria, formavam com as suas unidades. O soldado António José da Silva, que o imperador abraçara pouco antes do seu passamento, também ali estava e Saldanha quase que era aclamado. Era o herói a quem se devera, em grande parte, o triunfo da Causa Liberal.
Monumento a Dom Pedro IV [1869-70] Construção do Monumento a Dom Pedro IV; Praça Dom Pedro IV (Rossio); Teatro D. Maria Francesco Rocchini, in Lisboa de Antigamente |
Pelas quatro da tarde, a família real tomou lugar no pavilhão. D. Luís vestia o uniforme de Caçadores 5 e a rainha D. Maria Pia, de azul claro e rendas brancas. O rei D. Fernando e o infante D. Augusto aguardavam-nos com a nobreza. O marquês Sá da Bandeira apresentou a el-rei os vogais da Comissão, o escultor Robert e o canteiro Germano Sales, que tratara da parte arquitectónica. O rei dirigiu-se para o monumento com seu pai e irmão, ministros, dignitários, e pôs-se a descoberto a obra que assinalava a glória do «Rei Soldado». Subiram girãndolas de foguetes, salvaram as fortalezas e navios de guerra. As bandas marciais tocaram o hino da Carta e assinou-se o auto, sendo oferecida ao rei a medalha comemorativa da cerimónia. Firmaram o documento alguns companheiros do imperador e outras pessoas pelos deveres do seu cargo. Depois do rei, da família real e do ministério, os nomes históricos da Causa Liberal dispersavam-se no documento, mas eram como luzes, aqui e ali, entre os quase anónimos. Brilhavam os nomes de Saldanha, Joaquim António de Aguiar, conde de Campanha, marqueses da Bemposta e Subserra, de Sá da Bandeira, da Fronteira e Ficalho e conde de Mafra, D. António José de Melo. Fontes Pereira de Melo figurava ao lado do marquês de Resende, o camarista e amigo de D. Pedro IV. Mais abaixo irmanava outro camarista, o visconde de Almeida. O povo aclamava muitos daqueles homens a quem devia a Liberdade. A noite iluminara-se o Rossio e as fachadas de todas as casas, ao que diziam os jornais. (...)
Construção do Monumento a Dom Pedro IV [1869-70] Perspectiva tirada da Calçada do Carmo para a Praça Dom Pedro IV (Rossio) Francesco Rocchini, in Lisboa de Antigamente |
O monumento, nada famoso — observa Norberto de Araújo — , concepção dos franceses
Elias Robert, escultor, e Jean Davioud, arquitecto, que venceram o
concurso aberto, e no qual foram apresentados 87 projectos vindos de
todos os pontos da Europa! A construção é de Germano José Sales.
O pedestal é de mármore de Montes Claros, e a coluna coríntia,
canelada, foi arrancada de Pero Pinheiro; a base é de granito dos
arredores do Pôrto. Essas figuras nos ângulos da base do pedestal
representam a Justiça, a Prudência, a Moderação e a Fortaleza; quatro figuras, em
baixo relevo, adornam a parte superior do fuste. O segundo envasamento é
ornamentado com os escudos de dezasseis cidades do país.==
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, pp. 67-68, 1939.
MARTINS, Rocha, Lisboa – História das Suas Glórias e Catástrofes, pp. 852-854, 1948. ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, pp. 67-68, 1939.
Magnifico documento.
ReplyDeleteMais um excelente artigo. Sem dúvida alguma o mais completo blog sobre a história da nossa belíssima Lisboa. Parabéns.
ReplyDeleteCelina Domingues
Nas duas primeiras fotos ainda D Pedro nao contemplava a Praça.
ReplyDeleteCarlos Wilibeck
Pois...mas a estátua em si, não é o D.PedroIV, é uma estátua esquecida no porto de Lisboa do imperador Maximiliano do México e que foi aproveitada para retratar o rei português...
ReplyDeleteMito urbano que já foi desmentido por inúmeros olisipógrafos.
Delete😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂 você emprenha pelos ouvidos 😂😂😂
DeleteFoto, perspectiva da calçada do carmo ?
DeleteFoto, perspectiva da calçada do carmo ?
ReplyDeleteSim. "perspectiva tirada da Cç. do Carmo". Qual é a dúvida, ó anónimo?
DeleteNem sabia o nome da transversal, certo?
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