Neste sitio exacto [Rua de Xabregas] se elevava na segunda metade do século XIII o Paço — melhor diríamos «pousada» — real de D. Afonso III, o Rei que fez de Lisboa capital do Reino (1255-1256), e que nela foi o primeiro a demorar —diz Norberto de Araújo.
Este Paço foi posto em fogo pelos castelhanos do Rei D. Henrique II, que sitiaram Lisboa em 1373.
Passados oitenta e dois anos (1455), durante os quais as ruínas se converteram em velhacouto, D. Afonso V doou estes seus terrenos e despojes de casas a D. Guiomar de Castro, Condessa de Atouguia, para esta dona fundar, como era seu desejo, um Convento de Franciscanos, da província do Algarve, intitulado de Santa Maria de Jesus; em 1460 estava a Casa construída com a ajuda de esmolas do povo, e para ela entraram em 17 de Abril nove frades vindos da Ilha Terceira.
Passados oitenta e dois anos (1455), durante os quais as ruínas se converteram em velhacouto, D. Afonso V doou estes seus terrenos e despojes de casas a D. Guiomar de Castro, Condessa de Atouguia, para esta dona fundar, como era seu desejo, um Convento de Franciscanos, da província do Algarve, intitulado de Santa Maria de Jesus; em 1460 estava a Casa construída com a ajuda de esmolas do povo, e para ela entraram em 17 de Abril nove frades vindos da Ilha Terceira.
A Igreja guardava algumas belas obras de arte, entre as quais um retábulo da Virgem de Guido Reni. O Terramoto reduziu tudo a cinzas.
Construiu-se depois novo Convento, cuja Igreja tinha a fachada que ali
vês.
Desenho do Paço de Xabregas e parque [1571] Da obra de Francisco de Holanda, «Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa» |
Em 1834 os seráficos franciscanos, como todas as congregações, foram eliminados da vida conventual. A Igreja foi profanada. Algum tempo depois o casarão serviu de quartel a Infantaria 1, depois aos artífices engenheiros, e ainda ao Batalhão Naval que, em 1839, passou para o Quartel de Alcântara. Em 29 de Julho desse ano decretou o Governo estabelecer em parte do edifício uma Penitenciária ou Casa de Correcção, projecto insólito que não teve realização; foi nessa época também arrendado o antigo Convento à Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonenses, que mal o habitou.
Em 12 de Janeiro de 1844 um incêndio devorou o edifício quási integralmente, escapando a Igreja, já profanada e algumas dependências. A fábrica de tecidos arrumou-se durante uns meses no vizinho Palácio Niza, e em 1846 instalou-se no princípio da Junqueira.
Em 1845, a Fábrica dos Tabacos Lisbonense, estabeleceu-se no antigo Convento de Xabregas. |
Em 1845, enfim, estabeleceu-se neste edifício de Xabregas a Fábrica dos 'Tabacos Lisbonense, e, após o período da Regie, passou ela (1891) a ser da Companhia dos Tabacos de Portugal, e, finalmente (1927) da Companhia Portuguesa de Tabacos.
Claro que nestes períodos o edifício beneficiou de reparos, e foi ampliado com o prédio que faz a esquina poente da Fábrica.»
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, pp. 56-57, 1939)
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