É talvez o último dia da minha vida.Saudei o Sol, levantando a mão direita,Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
O Palácio do Cunhal das Bolas foi construído no séc. XVI por um judeu abastado, subsistindo da sua construção primitiva dois cunhais incompletos com decoração de pedra relevada em meias esferas, no sentido de representar pomos de ouro, inserida nos conceitos arquitectónicos da época (Casa dos Bicos, Casa das Conchas). Pensa-se que as ''bolas'' teriam sido pintadas a ouro, no entanto o tempo encarregou-se de fazer desaparecer a pintura.
Palácio do Cunhal das Bolas [c. 1900] Rua de São Boaventura com a Rua Luz Soriano Hospital de S. Luís (Asile de Saint-Louis) Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente |
No séc. XVII, o palácio era propriedade da família Melo e Castro e o Conde da Ericeira, seu inquilino, em 1696, converteu-o em local de tertúlias culturais e literárias. Depois de ter acolhido, no início do séc. XIX, o Geral do Cunhal das Bolas, estabelecimento de ensino secundário, e o Colégio de Madame Lima, é em finais do século, convertido no Hospital de S. Luís, função que mantém até hoje. De salientar que as intervenções sucessivas de que o imóvel foi objecto desde o séc. XVII ao XX não alteraram as suas características arcaicas predominantes na tipologia erudita da construção, conservando o palácio o acesso principal por um pátio, a formação de corpos de construção separados e a harmonia ritmada dos vãos nas fachadas do palácio conserva a "harmonia ritmada" dos vãos".
(SANTANA e SUCENA Dicionário da História de Lisboa, 1994)
(SANTANA e SUCENA Dicionário da História de Lisboa, 1994)
Palácio do Cunhal das Bolas [1959] Rua Luz Soriano Hospital de S. Luís (Asile de Saint-Louis) Fernando Jesus Matias, in Lisboa de Antigamente |
Em 1866 D. Maria-Rosa de Melo e Castro vendeu o Palácio ao Governo Imperial Francês para lá ser instalado o Asyle de Saint-Louis e, que ainda hoje é o Hospital de S. Luís dos Franceses.
Foi aqui, no quarto 30, que morreu Fernando Pessoa a 30 de Novembro de 1935. Neste local escreveu o poeta
intemporal as suas últimas palavras, que estão afixadas numa placa no
muro desta instituição:
«I know not what tomorrow will bring»
(Não sei o que o amanhã trará)
Que belo, mesmo que sucinto, registro nos deste, meu caro!
ReplyDeleteGrato pelo apreço. Conhecemo-nos de algum lado?
ReplyDeleteSe não estou enganado, Almada Negreiros morreu no mesmo Quarto 30.
ReplyDeleteSim, nem mais.
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