Pois, dilecto, estamos de novo nos Remolares área de S. Paulo e da Ribeira Nova. Entramos, outra vez, no movimento da Lisboa marítima, no pitoresco desfigurado.
Vale uma pausa.
Um dos sítios da nossa Peregrinação — afirma Norberto de Araújo — ao qual já ligeiramente me referi — os Remolares — perdura ainda em reminiscência viva nos dísticos de uma Rua e de uma Travessa. Mas em verdade a designação oral sucumbiu, como sítio. A Ribeira Nova, mais a poente, e em cujo Largo finda a Rua dos Remolares, tomou-lhe o lugar. Ninguém diz: «eu moro nos Remolares», tomando assim as serventias por sítio. Mas diz-se: «fui à Ribeira Nova» ou «ele é muito da Ribeira», sem que esta maneira de dizer queira referir-se ao Mercado.
Neste sítio existiu [hoje ocupado pela Praça D. Luís I] o Forte de S. Paulo [vd. mapa abaixo], um dos teóricos baluartes seiscentistas de defesa marítima de Lisboa, e cujos restos começaram a ser demolidos em Janeiro de 1865, já depois de delineada, em plano, a Praça nova. Poucos anos depois o local estava arborizado.
Travessa dos Remolares com a Rua dos Remolares [c. 1913] Perspectiva tirada da Rua Nova do Carvalho (N→S) Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Nota(s):
¹ «Ribeira Nova» e não da «Ribeira Velha» como refere o arquivista do CPF. O mercado da «Ribeira Velha» ocupava terrenos em frente à Casa dos Bicos vulgo Campo das Cebolas. Mas os disparates não se ficam por aqui. Acrescenta o autor: «Nesta fotografia pode ver-se ao fundo uma praça que deu abertura para o mítico Cais do Sodré. Pode ver-se ao fundo a Sé Catedral (sic)». É caso para dizer «nem sabes para onde estás virado», já que a imagem é voltada a poente, e não a nascente, como é sugerido; de qualquer modo seria de todo impossível ver a «Sé Catedral» a partir da Rua dos Remolares, quando muito, poder-se-ia ver a Basílica da Estrela. O que se consegue observar distintamente, isso sim, são as chaminés da antiga Fábrica de Gás da Boavista.
_____________________________________________Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 55-58, 1939.
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