Friday 20 November 2020

Igreja da Pena

A igreja de Nossa Senhora da Pena é uma construção do século XVII, e foi inaugurada em 25 de Março de 1705. A paróquia, que primeiramente se chamou de Sant'Ana, foi criada pelo Cardeal D, Henrique entre 1564 e 1570 e instalada no convento de Sant'Ana, abrangendo de começo uma área desanexada da paróquia de Santa Justa. A igreja da Pena foi muito sacrificada pelo Terramoto na frontaria e no corpo da igreja, mas não sofreu incêndio, motivo por que do seu semblante primitivo muito se manteve, através da reedificação, que não foi demorada, pois em 1763 a igreja estava reaberta, embora sem as obras concluídas, faltando-lhe a torre, a fachada rebocada e as decorações interiores. 

Igreja da Pena [1901]
Calçada de Sant'Ana
Note-se a pequena escadaria guarnecida por cortina de pedra (hoje removida).
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Durante o período que mediou entre o Terramoto e a conclusão das obras de restauro a paróquia esteve instalada, primeiro numa ermida junto do Colégio de Santo Antão (Hospital de S. José), depois na igreja de Nossa Senhora da Conceição, na travessa das Recolhidas, e a seguir na ermida dos Perdões, do palácio que foi dos Mitelos. Profanada em 1910 só reabriu ao culto depois de 1926. 
Beneficiou a igreja de reparações e acrescentamentos no século passado [XIX], nomeadamente em 1833 e 1898, e no actual século [XX], em 1903.

Igreja da Pena [1926]
Calçada de Sant'Ana; Tv. da Pena; Tv. do Adro
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
No interior, destaca-se retábulo em talha da capela-mor, concebido por Domingos da Costa Silva e iniciado a partir de 1715. O altar apresenta uma simetria rigorosa. O vazio central onde se encontra o trono é destinado ao Santíssimo Sacramento, sendo ladeado por duas colunas torsas revestidas de pâmpanos e folhagens de acanto assentes em mísulas suportadas por atlantes de inspiração clássica. 
O tecto (que substitui o primitivo, de António Lobo), em madeira e tela, abau­lado, com pintura larga, de tintas quentes, representando, em perspectiva, uma opu­lenta balaustrada de sentido arquitectural, obra de Luís Baptista (1781), na qual tra­balharam Tomás Gomes, Jerónimo de An­drade e Caetano Ciríaco, e cuja pintura central mostra uma alegoria a Nossa Senhora da Pena; os dois púlpitos monumentais em talha artisticamente trabalhada simulando pedra no mais puro barroco, com as portas re­matadas por coroas reais e guarnições de mármore.

Igreja da Pena. púlpito  [1956]
Calçada de Sant'Ana
Note-se a pequena escadaria guarnecida por cortina de pedra
Mário de Oliveira, in in Lisboa de Antigamente

N.B. As imagens do templo são do século XVIII, e de autor: a de Nossa Senhora da Conceição, na capela do topo do lado da Epístola (da escola de Machado de Castro e por alguns atribuída ao escultor italiano Cláudio Laprade) a de S. Sebastião, a pri­meira do corpo da igreja, do mesmo lado (Valentim de Carvalho), e a de S. Miguel, fronteira a esta (Manuel Dias, o Pai dos Christos). Muitos dos quadros do corpo da igreja, e de outras dependências provieram do convento de Sant'Ana. No cartório da nova sacristia encontra-se um quadro, em tela, representando S. Vicente de Paulo, que pertenceu ao Museu de Arte Antiga, o qual, como outros (o citado de S. Bruno, por exemplo), foi trocado cerca de 1880, por acordo entre a Academia de Belas-Artes e a Irmandade de Santíssimo Sacramento, por um valioso cálice, pertença da igreja). Muitas das pinturas são de Pedro Alexan­drino, André Gonçalves e Vieira Portuense.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1956.

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