Todos os bairros ou sítios de Lisboa — recorda o ilustre Norberto de Araújo — têm o seu encanto especial, sobretudo para quem neles se afêz ou neles vive. Êste da Graça é, com efeito, e sem devoção bairrista da nossa parte, um dos mais alegres e desafogados da Cidade. Populosa, animada, característica do Oriente de Lisboa, sem cair no pitoresco velho, nem, em verdade, oferecer particularidades olisiponenses ou apontamentos de artista — a Graça remonta aos primeiros tempos de Lisboa. [...]
A Rua da Graça é uma linha recta que vem dos Quatro Caminhos, de
saüdosa memória alfacinha, e de que te falei, ao Largo da Graça, que
data na actual feição de há cento e tal anos. Desta linha descem para
sul e nascente várias serventias, como a Rua das Beatas, a Rua do Sol, a
Travessa da Pereira, e a Rua da Verónica — tôdas antigas, e anteriores à
Graça do século passado.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 41-50, 1939.
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