A Praça actualmente do Comércio, vulgo Terreiro do Paço, é uma evocação tradicional da sua primitiva designação. Praça extraordinária pela sua vastidão e pelas acertadas proporções da sua arquitectura; átrio nobre da cidade de Lisboa, opulentado pela grandiosidade do seu Arco Triunfal e pelo escultural monumento equestre a el-rei D. José, obra-prima de Machado de Castro; lição de espantosa actividade e acendrado patriotismo, que nos deixaram o omnipotente Marquês de Pombal e os seus colaboradores e que não é observada como deveria sê-lo; praça de grande nomeada da qual se ufanariam quase todas as capitais do mundo, se a tivessem como sua, e que é, para todos os portugueses, a sintética representação de um enorme esforço, tão enorme, que a sua festiva inauguração fez esquecer a horrível catástrofe de 1755.
Numa manhã amena o povo apinha-se junto ao Cais das Colunas — o «miradouro rasteirinho» de Lisboa. Frente ao torreão oriental pombalino do antigo Tribunal do Comércio e Bolsa de Lisboa, proas para o cais, estende-se uma longa fileira de fragatas airosas, as velas enroladas nos mastros erectos como lanças duma guarda de honra.
Cena de rua junto ao Cais das Colunas |c. 1900| Ao fundo nota-se o barracão da antiga Alfândega. Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Este delicioso Cais das Colunas — recorda o ilustre Norberto de Araújo — que deve seu nome às colunas de pedra colocadas no sopé da escadaria suave, é posterior ao Terramoto. Anteriormente, mais à nossa esquerda, e também mais recuado, existia um «Cais da Pedra», que o sismo de 1755 subverteu.
Da sua rampa de pedra rolada, ou da sua escadaria carcomida — viu cem gerações dizerem adeus a cem armadas que partiam.
Praça do Comércio vista do Tejo |c. 1900| À esq. observa-se a ponte da antiga Estação dos Caminhos-de-Ferro e Vapores de Sul e Sueste; ao fundo nota-se o Arco da Rua Augusta e, lá no cimo, o Castelo de S. Jorge. Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Terra Portuguesa, p. 71, 1917.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 28, 1939.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 28, 1939.
Que grande diferença, tempos muito calmos sem stress. V. Aguas
ReplyDeleteThose days were the good days...
ReplyDeleteMonumento Inaugurado em 6 de junho de 1775, data em que D.José completou 61 anos.
ReplyDeleteAmo essa cidade e passear na beira do Tejo e maravilhoso.
ReplyDeleteNo tempo em que Lisboa era habitada por portugueses!
ReplyDeleteLinda recordação. Parabéns pela postagem.
ReplyDeleteLisboa quem viu.e quem vê. Agora parece uma cidade de outro mundo. Vitor Lucio
ReplyDeleteEstes tempos devem ter sido fantásticos, faz-nos sonhar! - Vania A
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