Sunday, 12 July 2020

Edifício-sede da Casa José Domingos Barreiros

Ali tens, no tôpo do Largo, a sede da importante casa José Domingos Barreiros, Limitada, em edifício próprio, tão elegante como decorativo, que ampara uma larga rêde de instalações e armazéns. Este prédio foi erguido há pouco mais de dez anos; o átrio e a escadaria revestem-se de azulejos (1928) de A. Moutinho, que dão cenas da Quinta das Varandas.


Arquitectura de armazenamento, oitocentista — funcionou entre 1896 e o final do séc. XX — , a Casa José Domingos Barreiros, fundada no último quartel do séc. XIX pelo comerciante que deu nome à firma, dedica-se ao armazenamento e comércio de vinhos. A expansão da actividade, no início do séc. XX, conduziu ao aumento da área de armazenagem, ocupando parte dos terrenos da antiga firma Cunha Porto, segundo risco do arq. Edmundo Tavares. Em 1917/18 foi dotada de meios mecânicos para mobilizar os produtos dentro dos amplos armazéns, através da integração de um ramal de caminho-de-ferro com cerca de 20 vagões particulares. Em 1922 e 1932 esta firma participou em dois eventos, respectivamente a Exposição Internacional do Rio de Janeiro, com mostra de vinhos tinto, branco, claretes e rosés, e a Feira de Amostras de Produtos Portugueses de Angola e Moçambique. 

Casa José Domingos Barreiros [1961]
Praça David Leandro da Silva, n.º 28; Rua Fernando Palha, n.º 3-23; Rua Zófimo Pedroso
Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Trata-se de um amplo armazém implantado num quarteirão irregular, constituído por vários sectores distintos: a Sede, cuja fachada de aparato [1928], profusamente decorada e dinamizada pela introdução de vários tipos de vãos, revela um gosto eclético por elementos clássicos e barrocos; a zona dos armazéns virada a Norte, menos exposta ao sol, caracterizada por ser um espaço muito amplo com cobertura em vigamento de madeira, que actualmente apresenta a zona inferior seccionada em várias oficinas; e a zona residencial, a Sul, onde habitavam os empregados, ocupando dois pisos, o 2º e o sótão, com acesso pelo exterior, mas também ao interior. É de referir, ainda, na zona posterior, a existência de ampla varanda sobre o pátio de acesso aos armazéns, que permitia o controlo das saídas dos produtos. No interior, (átrio e escadaria), encontramos revestimento azulejar, datado de 1928, com representação de parras e uvas, da autoria de A. Moutinho.

Casa José Domingos Barreiros [1961]
Praça David Leandro da Silva, n.º 28; Rua Fernando Palha, n.º 3-23; Rua Zófimo Pedroso
Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, p. 78, 1939.
Marília e CONSIGLIERI, Carlos, O formoso sítio de Marvila, Lisboa, Junta de Freguesia de Marvila, 2002.

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