Estamos agora no local onde foi o Arco de Santo André — recorda-nos Norberto de Araújo —, demolido em 1915 [5 de Junho 1913]², para dar passagem aos carros eléctricos, ou melhor: para a montagem dos fios aéreos. Era aqui a Porta de Santo André da « Cerca Nova» de D. Fernando; as exigências do trânsito converteram a Porta, certamente de reduzidas linhas, em Arco, e este acabou por se ir embora também.
Sobre o Arco corria um Passadiço que ligava o edifício, hoje de esquina, ao Palácio dos Condes da Figueira, esse grande prédio que aí estás vendo, na esquina oposta para a Calçada da Graça, com seu portal nobre de estilo barroco seiscentista, a sua rijeza de aspecto, uma indiscutível austeridade arquitectónica exterior.
Já agora devo dizer-te — prossegue o autor — que este Palácio, antes de 1755, pertencia a Félix José Machado da Casa dos «Mendoças da Avé Maria», e o brasão que ostenta o portal ainda é dos Mendoças. Nos .Mendoças entroncaram os Figueiras, cujo primeiro Conde foi D. José Maria Rita Castelo Branco Correia e Cunha de Vasconcelos e Sousa, casado em primeiras núpcias com uma senhora do morgadio da Figueira, e em segundas, com uma senhora da família Mendoça. (...)
Este portal sacro, encostado ao cunhal do desaparecido Arco, de um vermelho de capa de confraria, foi o de um dos passos da procissão dos Passos da Graça, que endoidecia Lisboa da Mouraria ao Rossio e S. Roque. Esta procissão, que acabou pela República, e datava da Quaresma de 1587, teve origem numa lenda que...
Mas escuta em um minuto, um minuto só, a lenda.
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III, pp. 12-14, 1938.
Sobre o Arco corria um Passadiço que ligava o edifício, hoje de esquina, ao Palácio dos Condes da Figueira, esse grande prédio que aí estás vendo, na esquina oposta para a Calçada da Graça, com seu portal nobre de estilo barroco seiscentista, a sua rijeza de aspecto, uma indiscutível austeridade arquitectónica exterior.
Arco de Santo André, visto do trecho final da Costa do Castelo |ant. 1913| Antigo Largo de Santo André, hoje Largo Rodrigues de Freitas; Calçada de Santo André À direita, casa senhorial que integra o Portal do 6º Passo da Procissão dos Passos da Graça mandado erigir em 1622. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Já agora devo dizer-te — prossegue o autor — que este Palácio, antes de 1755, pertencia a Félix José Machado da Casa dos «Mendoças da Avé Maria», e o brasão que ostenta o portal ainda é dos Mendoças. Nos .Mendoças entroncaram os Figueiras, cujo primeiro Conde foi D. José Maria Rita Castelo Branco Correia e Cunha de Vasconcelos e Sousa, casado em primeiras núpcias com uma senhora do morgadio da Figueira, e em segundas, com uma senhora da família Mendoça. (...)
Este portal sacro, encostado ao cunhal do desaparecido Arco, de um vermelho de capa de confraria, foi o de um dos passos da procissão dos Passos da Graça, que endoidecia Lisboa da Mouraria ao Rossio e S. Roque. Esta procissão, que acabou pela República, e datava da Quaresma de 1587, teve origem numa lenda que...
Arco de Santo André e Palácio dos Condes de Figueira [1907] Antigo Largo de Santo André, hoje Largo Rodrigues de Freitas; Calçada de Santo André Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Mas escuta em um minuto, um minuto só, a lenda.
Um peregrino foi certo dia bater à Casa dos Padres de S. Roque, a pedir pousada. Não o receberam. Foi depois bater ao Convento da Graça; ali foi acolhido. Entrou, mas quando foram por ele — sumira-se. Em seu lugar estava uma imagem do Santo Cristo. Houve uma demanda para se saber a qual das casas religiosas pertencia a imagem; ganharam os gracianos contra os jesuítas. Mas estes ficaram com o direito de possuir a imagem «um dia só», durante a roda do ano. Se demorasse mais um dia em S. Roque-a Graça perdia a posse. E assim em certa quinta-feira da Quaresma, à tarde, o Senhor dos Passos da Graça ia para S. Roque, e regressava na tarde de sexta-feira.
Metia tropa e as Majestades. Iam devotos descalços- — pés em sangue — sob o andor, a cumprir promessas. Esta inocência piedosa acabou, por ordem real, em 1879; as promessas, porém, continuaram, e com elas a procissão lisboeta, uma das mais populares do século passado [séc. XIX].¹
Arco de Santo André |1907| Calçada de Santo André; Costa do Castelo (esq.) Em cima a Igreja de Santa Cruz do Castelo Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III, pp. 12-14, 1938.
manifico! só um reparo, a igreja que se vê na ultima foto não é a da Graça mas a de Santa Maria do Castelo.
ReplyDeleteIsso!
DeleteTem razão, lapso meu. Grato pelo alerta. Vou alterar o verbete.
ReplyDeleteUm pequeno reparo. A procissão e a Irmandade não acabaram com a República. Ainda hoje se realiza anualmente (2016).
ReplyDeleteA procissão deixou de se realizar após a implantação da república e foi retomada mais tarde com um percurso mais curto. Actualmente parte da Igreja de São Roque no Chiado. Faz uma paragem, entre outras defronte do Palácio de Santo André, sobe a Casa da Graça e termina na Igreja da Graça.
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