Na viragem do séc. XX, Portugal era um país esmagadoramente rural. Lisboa era o maior centro urbano, com uma população circa das 350.000 pessoas, maioritariamente analfabeta — três homens em cada quatro e seis mulheres em cada sete não sabiam ler nem escrever — proveniente das zonas rurais, que procurava emprego na grande cidade, mas que aqui vivia em condições infra-humanas, em casas insalubres, sobrelotadas, que necessitavam de «apoio social» para nela poderem sobreviver. Assim, no universo das sobras e produtos rejeitados, era comum observar pessoas, vulgo trapeiros, a vasculhar no lixo (como se pode verificar nesta foto captada pelo repórter fotográfico Joshua Benoliel), na procura por toda a espécie de produtos: papel, trapos, metais, etc..
Avenida 24 de Julho, trapeiros [ant 1908] Ao fundo, o jardim do Largo de Santos Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Obs:. por incrível que pareça esta fotografia tem a legenda «Trabalhos agrícolas» no arquivo municipal de Lisboa. É confrangedor ver um acervo desta importância ser tão maltratado.
Os trapeiros percorriam as ruas de Lisboa com o seu pregão para as pessoas que tivessem panos e jornais velhos para deitar fora saberem,
ReplyDeletee assim recolhiam para venderem à industria papeleira e ganharem algum
dinheiro. As compras eram todas embrulhadas em papel antes da chegada
do plástico
Entretanto, alguém terá feito chegar esta informação aos idiotas do arquivo pois já alteraram o título da foto.
ReplyDeleteCarlos Fróes