São conhecidas, vulgarmente, pelo nome ou pelo cargo de quem mandou construí-las, com excepção do Bergantim Real – também conhecido como Galeota Real – que foi encomendado, em 1780, pela Rainha Dona Maria I.
Das restantes galeotas que constituem esta colecção, quatro foram construídas no século XVIII: Galeota de D. João V, de D. José I, de D. Carlota Joaquina e do Inspector da Alfândega de Lisboa. O sexto exemplar provém já do século XIX, e é designado como Galeota de D. Miguel, tendo sido mandado construir por este monarca no ano de 1831.
Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905] Galeota de D. José I (1753), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet. Fotógrafo não identificado,.in Lisboa de Antigamente |
Todas estas embarcações foram construídas com o objectivo de transportar a família real portuguesa, bem como os seus homólogos europeus, em trajectos curtos ao longo do rio Tejo ou dos seus navios e iates até terra firme, durante as visitas oficiais à capital portuguesa. Como colecção, sabemos que constitui um exemplo de Património Marítimo único no mundo; como realidade museológica, possuem o dom de encantar todo aquele que se aproxima com a sua majestosa presença, com o seu aroma a memória e passado e com as suas cativantes formas, desgastadas pelo tempo.
(in O projecto de conservação das galeotas reais portuguesas: um desafio para a museologia contemporânea, Lorena Sancho Querol, Conservadora e Museóloga)
Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905] O Bergantim Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet. Chaves Cruz,. in Lisboa de Antigamente |
Em 1780, D. Maria I ordena a construção da mais bela e imponente Galeota Real até hoje conhecida: o «Bergantim Real» ou «Galeota de D. Maria I». A sua construção destinou-se a servir os esponsais do príncipe D. João (futuro rei D. João VI) com a infanta espanhola D. Carlota Joaquina e, ainda, do infante D. Gabriel, de Espanha, com a infanta D. Maria Ana Vitória, ambos celebrados em 1784.
Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905] O Bergantim Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet Augusto Bobone,.in Lisboa de Antigamente |
Ostenta um magnífico trabalho em talha dourada, possuindo, ainda, no seu costado, uma bela faixa renascentista assente sobre ouro escurecido. A decoração do bergantim compõe-se, igualmente, por pináculos, frisos, cariátides, florões, albarradas e caixilhos, preciosamente elaborados. Da camarinha sobressai, por entre toda a riqueza e beleza do seu conjunto, uma impressionante caixilharia de espelhos venezianos. O baixo painel, onde monta o leme, foi alvo de uma complexa e bonita decoração. Composta por dois baixos-relevos, enquadrados por cercaduras floridas de talha dourada, encontram-se aqui representados Anfitrite e Neptuno. A bordo desta embarcação seguiam 78 remadores que a faziam deslizar através de 40 remos, auxiliados por um patrão e um cabo proeiro.
Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905] O Bergantim Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet. Augusto Bobone. in Lisboa de Antigamente |
O «Bergantim Real» foi utilizado para receber diversos monarcas e Chefes de Estado, assim como também era usado frequentemente pela nossa Família Real, quando se deslocavam ao Iate Real Amélia. Em 1957, por ocasião da visita oficial de Isabel II de Inglaterra, cruzou as águas do Tejo pela última vez, tendo sido transportado para o Museu da Marinha em 1963. (in realbeiralitoral.blogspot.com)
Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905] O Bergantim Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet. Augusto Bobone,.in Lisboa de Antigamente |
Excelente descrição aguçou me a vontade de visitar novamente a vontade de visitar novamente o Museu da Marinha e apreciar este tipo de embarcação que faz parte do espólio da História de Portugal!
ReplyDeleteHá outro bergantim real, guardado no Museu de Angra do Heroísmo. Era primitivamente uma embarcação designada por "escaler grande da Alfândega" que foi adaptada a bergantim real para a Visita Régia de 1901 à ilha Terceira. Não está atualmente exposto mas vai ser objeto de restauro brevemente (sob minha orientação) a fim de ser permanentemente exposto no Palácio dos Capitâes-Generais, em Angra do Heroísmo.
ReplyDeleteCaro Popeye. Obrigado pela informação. Tem alguma imagem do referido escaler? Obrigado. Cumprimentos.
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