Wednesday, 9 March 2016

Galeotas Reais Portuguesas

A  Colecção de Galeotas Reais Portuguesas é formada por seis embarcações que estão expostas ao público no Museu de Marinha de Lisboa.
São  conhecidas, vulgarmente,  pelo nome ou pelo cargo de quem  mandou construí-las, com excepção do Bergantim  Real – também conhecido como Galeota Real – que foi encomendado, em 1780, pela Rainha Dona Maria I.

Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905]
Galeotas Reais Portuguesas:em primeiro plano; em segundo plano o Bergantim  Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet.
 José A. Bárcia [?], 
in Lisboa de Antigamente

Das restantes galeotas que constituem esta colecção, quatro foram construídas  no  século  XVIII:  Galeota de D.  João  V, de D.  José  I, de D. Carlota Joaquina e do Inspector  da  Alfândega  de  Lisboa.  O sexto  exemplar  provém  já  do século  XIX, e é designado como Galeota  de  D.  Miguel, tendo sido  mandado construir por este monarca no ano de 1831.

Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905]
Galeota  de  D.  José  I (1753), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet.
Fotógrafo não identificado,.in Lisboa de Antigamente

Todas estas embarcações foram construídas com o objectivo de transportar a  família  real  portuguesa,  bem  como  os  seus  homólogos  europeus,  em  trajectos curtos  ao longo do  rio Tejo ou  dos  seus  navios  e  iates  até  terra  firme,  durante  as visitas  oficiais  à  capital  portuguesa.  Como  colecção, sabemos  que  constitui  um exemplo  de  Património  Marítimo  único  no  mundo;  como realidade  museológica, possuem  o  dom  de  encantar  todo  aquele  que  se  aproxima com a  sua majestosa presença, com o seu aroma a memória e passado e com as suas cativantes formas, desgastadas pelo tempo. 
(in O projecto de conservação das galeotas reais portuguesas: um desafio para a museologia contemporânea, Lorena Sancho Querol, Conservadora e Museóloga)

Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905]
O Bergantim  Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet.
Chaves Cruz,. in Lisboa de Antigamente

Em 1780, D. Maria I ordena a construção da mais bela e imponente Galeota Real até hoje conhecida: o «Bergantim Real» ou «Galeota de D. Maria I». A sua construção destinou-se a servir os esponsais do príncipe D. João (futuro rei D. João VI) com a infanta espanhola D. Carlota Joaquina e, ainda, do infante D. Gabriel, de Espanha, com a infanta D. Maria Ana Vitória, ambos celebrados em 1784.

Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905]
O Bergantim  Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet
Augusto Bobone,.
in Lisboa de Antigamente

Ostenta um magnífico trabalho em talha dourada, possuindo, ainda, no seu costado, uma bela faixa renascentista assente sobre ouro escurecido. A decoração do bergantim compõe-se, igualmente, por pináculos, frisos, cariátides, florões, albarradas e caixilhos, preciosamente elaborados. Da camarinha sobressai, por entre toda a riqueza e beleza do seu conjunto, uma impressionante caixilharia de espelhos venezianos. O baixo painel, onde monta o leme, foi alvo de uma complexa e bonita decoração. Composta por dois baixos-relevos, enquadrados por cercaduras floridas de talha dourada, encontram-se aqui representados Anfitrite e Neptuno. A bordo desta embarcação seguiam 78 remadores que a faziam deslizar através de 40 remos, auxiliados por um patrão e um cabo proeiro.

Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905]
O Bergantim  Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet.
Augusto Bobone. 
in Lisboa de Antigamente

O «Bergantim Real» foi utilizado para receber diversos monarcas e Chefes de Estado, assim como também era usado frequentemente pela nossa Família Real, quando se deslocavam ao Iate Real Amélia. Em 1957, por ocasião da visita oficial de Isabel II de Inglaterra, cruzou as águas do Tejo pela última vez, tendo sido transportado para o Museu da Marinha em 1963. (in realbeiralitoral.blogspot.com)

Cais das Colunas, Terreiro do Paço [1905]
O Bergantim  Real (1780), aquando da visita do presidente da República de França, Émile Loubet.
Augusto Bobone,.
in Lisboa de Antigamente

3 comments:

  1. Excelente descrição aguçou me a vontade de visitar novamente a vontade de visitar novamente o Museu da Marinha e apreciar este tipo de embarcação que faz parte do espólio da História de Portugal!

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  2. Há outro bergantim real, guardado no Museu de Angra do Heroísmo. Era primitivamente uma embarcação designada por "escaler grande da Alfândega" que foi adaptada a bergantim real para a Visita Régia de 1901 à ilha Terceira. Não está atualmente exposto mas vai ser objeto de restauro brevemente (sob minha orientação) a fim de ser permanentemente exposto no Palácio dos Capitâes-Generais, em Angra do Heroísmo.

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  3. Caro Popeye. Obrigado pela informação. Tem alguma imagem do referido escaler? Obrigado. Cumprimentos.

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