A igreja de. Santa Cruz do Castelo nada tem em arquitectura que a torne notável. Situa-se no Largo do mesmo nome, com a fachada para o Poente. A capela-mor encosta-se à muralha do Castelo, servindo uma das torres da cerca de base à torre sineira.
A
Igreja de Santa Cruz do Castelo é uma reconstrução ao século XVIII,
após o Terramoto. A primitiva igreja denominava-se de Santa Cruz de
Alcáçova, e segundo tradição verosímil foi fundada por D. Afonso
Henriques depois da conquista de Lisboa, em 1147, e instalada no local
onde existia uma mesquita moura, certamente transformada em templo
cristão. A igreja já aparece citada numa escritura de Maio de 1168, o
que não implica que não tivesse existido antes.
A denominação de Santa
Cruz do Castelo é ainda do tempo do primeiro Rei, embora as
«Inquirições» de 1248 e 1279 a designem ainda por Santa Cruz da
Alcáçova; ela teria de seu começo, invariavelmente, as duas
denominações.
A igreja recebeu sem dúvida transformações, ampliações e
restauros no decorrer dos séculos, mormente no século XVI, depois do
sismo de 1681. No segundo quartel do século XVII a igreja tinha, segundo
Coelho Gasco, uma porta principal e outra travessa, esta sobre um adro
muito grande, mas no final desse século, segundo Carvalho da Costa, já
existiam três portas, a principal voltada ao Sul e as outras a Poente e a
Nascente (resultado das obras anteriores a 1699?) e o corpo da
igreja ostentava três naves. Seis anos antes do cataclismo foi sujeita a
novos restauros.
O Terramoto arruinou muito a igreja, que teve de ser
reconstruida sob diversa traça, começando as obras em 1776 — data
inscrita na actual porta principal — mas não se encontrando concluídas em
1783, pois nesse ano as paredes estavam levantadas só até à cimalha e
apenas a capela-mor já coberta.
A paróquia, que data da fundação da
igreja, abrangia e abrange o recinto murado do bairro do Castelo.
Na igreja estão expostas numerosas telas representando Santos e vários Cartuxos, todas dos séculos· XVII e XVIII, de mediana pintura e cuja proveniência se ignora. As duas imagens de maior valia são as de S. Jorge, que figurava na tradicional procissão, e o Crucifixo do altar-mor, venerado,segundo a tradição, na capela real do paço da Alcáçova e que, conforme a tradição também, dirigia a palavra à rainha Santa Isabel.
N.B. A primeira irmandade de S. Jorge foi fundada, diz-se, pelos Ingleses, na igreja dos Mártires, no meado do século XII, trasladando-se depois para S. Domingos (1241) e. fundado o Hospital real de Todos os Santos, para ele (final do século XV). Fixou-se em Santa Cruz depois do Terramoto. A procissão do Corpo de Deus, onde a representação de S. Jorge tinha o papel principal, vem do reinado de D. Afonso III. Teve duas épocas de renome: o século XV, pelo pitoresco, o reinado de D. João V pelo fausto.
Igreja de Santa Cruz do Castelo [ant. 1955] Largo de Santa Cruz do Castelo Capela de S. Jorge e da Senhora do Rosário |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1955.
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