Tuesday, 29 March 2016

Palácio dos Côrte Reais, ao Corpo Santo

D’aqui nos dirigimos ao largo do Corpo Santo onde temos um templo digno de attenção. Sabem os nossos presados e esclarecidos leitores que este largo se chamou também — do Corte Real, por estar ali o enorme palacio de Cbristovam de Moura Corte Real, homem tristemente celebre pela sua traição á patria. [Vidal A.: 1900]

 
 «Falemos do Corpo Santo».   
   De acordo com o olisipógrafo Norberto de Araújo  «A origem deste nome está no culto de São Teimo, ou seja de S. Pedro Gonçalves Telmo, padroeiro dos pescadores, ao qual os devotos chamavam «Corpo Santo»; (...). O nome de Corpo Santo passou ao sítio, ao Arco, ao Largo, e ao Convento dos dominicanos. Mas chegamos ao Corpo Santo, Largo cuja situação não é precisamente, quer em área quer em orientação, a que foi antes de 1755; a Igreja era mais avançada do que hoje é, e o Convento, desaparecido, situava-se pelo lado sul, ocupando uma boa parte do largo.
Aqui perto teria existido um postigo (porta), ou simples serventia dos Côrtes Reais. Porta do Corpo Santo ou do Cata-que-farás, ou Arco dos Cobertos, localizava-se em frente do actual Largo, na Travessa do Cotovelo

A Ribeira das Naus e o antigo Paço da Ribeira (torreão de autoria de Filipe Terzi, por ordem de D. Filipe II) [c. 1750]
Ao fundo nota-se  o Palácio dos Côrte Reais, ao Corpo Santo
A view of the palace of the King of Portugal at Lisbone
gravura água-forte aguarelada
, Paris chez Maillet 
   
Aqui, na esquina da Rua do Arsenal, onde assenta ainda o casarão fabril abandonado, vazio e silencioso, depois que o Arsenal se foi para o Alfeite, existiu desde 1585, com seus quatro imponentes torreões o celebrado Palácio dos Côrte Reais, melhor diremos de Cristóvão de Moura, Marquês de Castelo Rodrigo, e que desapareceu pelo Terramoto.»
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 34-35, 1939)

Palácio dos Côrte Reais
«A residência do Marquês de Castel Rodrigo situada à beira-mar, é das mais magníficas, e possui quatro corpos, com belas Torres com galerias onde se pode passear & que se voltam para o Mar.»(Monconys, 1628)

Edificado em 1585 por Cristóvão Moura Corte-Real, Marquês de Castelo Rodrigo e partidário da Dinastia Filipina, situava-se na margem do rio Tejo junto ao Largo do Corpo Santo e comunicava com o Paço da Ribeira através de um passadiço. Após a Restauração da Independência em 1640, foi confiscado pela Coroa e tornou-se residência do Infante D. Pedro, futuro rei D. Pedro II, e também das rainhas consortes D. Francisca Isabel de Sabóia e de D. Sofia de Neubourg.
Mais tarde, D. Pedro II passou o palácio para a Casa do Infantado, pertencente ao seu segundo filho. Um incêndio destruiu o edifício em Julho de 1751, e o pouco que dela restava terá desaparecido com o terramoto de 1755.

Fragmento da Planta de Lisboa
O traçado e dizeres a preto correspondem à actualidade.
O traçado e dizeres a vermelho correspondem à Lisboa anterior ao Terramoto de 1755.
O traçado a azul corresponde ao Palácio dos Côrte Reais.

3 comments:

  1. Notável Sua realmente notável artigo , tenho uma ideia
    muito clara sobre o tema da deste post .

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  2. Quer dizer " palácio dos Corte Real"
    Vazio e não vasio

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    1. Não, não "quer dizer". O texto respeita a antiga ortografia, daí estar entre aspas.

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