Tuesday, 12 January 2016

Mercado da Ribeira: a «Mesquita do Nabo»

O Mercado da 24 de Julho foi erigido em terrenos do antigo Forte de S. Paulo, após a sua demolição em 1865, para construção do «Aterro da Bôa Vista», hoje Av. 24 de Julho. O novo Mercado da Avenida 24 de Julho ou Mercado da Ribeira Nova, como também ficou conhecido, foi projectado pelo engenheiro Ressano Garcia e a ele se devem alguns aspectos inovadores para a época: edifício de estrutura em ferro e no interior um amplo corredor central onde os vendedores dispunham de água em abundância, o que permitiu pela primeira vez em Portugal cuidados de higiene num mercado abastecedor. 

Tinha 10 mil metros quadrados de área coberta e foi inaugurado em 1 de Janeiro de 1882. O espaço era pontuado por mais de uma centena de telheiros, utilizados como bancas pelos vendedores de peixe, legumes e flores da cidade de Lisboa. Em 1893 foi parcialmente destruído por um incêndio e acabou por ser demolido em 1926

Mercado 24 de Julho (ou da Ribeira Nova) [post. 1901]
Avenida 24 de Julho, antes «Aterro da Bôa Vista»
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente
Mercado 24 de Julho (ou da Ribeira Nova) [post. 1901]
Avenida 24 de Julho, antes «Aterro da Bôa Vista»
Alberto Carlos Lima, 
in Lisboa de Antigamente

A reconstrução, ficou a cargo do arquitecto João Piloto e ficou concluída em 1930, com a instalação da cúpula com um lanternim. tal como ainda hoje existe (v. última foto).
Os lisboetas ficaram tão espantados ao verem uma cúpula num mercado decorado com frescos com motivos hortícolas pintados pelo italiano Gabriel Constanti que lhe chamavam a Mesquita do Nabo.

Mercado 24 de Julho (ou da Ribeira Nova), corpo central [entre 1882 e 1893]
Avenida 24 de Julho, antes «Aterro da Bôa Vista»
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente

Foi revestido a azulejo por fora e o tecto pintado por dentro; na entrada foram colocados silhares de azulejos do pintor Vitórai Pereira e outros painéis de Jorge Colaço, representando fainas marítimas.
 
Mercado 24 de Julho (ou da Ribeira Nova), interior [ant. 1893]
 Avenida 24 de Julho, antes «Aterro da Bôa Vista»
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente
Mercado 24 de Julho (ou da Ribeira Nova), interior [Inicio séc. XX]
 Avenida 24 de Julho, antes «Aterro da Bôa Vista»
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

No corpo central foi instalado um relógio fabricado em França, na empresa Horloges Bodet, considerado revolucionário para a época. Mas a sua importância não impediu que a máquina estivesse parada quase 20 anos. Só em 1998 a Câmara Municipal de Lisboa decidiu contratar um dos mais prestigiados relojoeiros portugueses. António Franco foi chamado para inspeccionar o relógio da torre. Em menos de um ano, o sistema mecânico foi restaurado e o mostrador teve de ser feito de novo. Um mostrador que guarda a assinatura do homem que permitiu que os cacilheiros voltassem a guiar-se pelo relógio da torre do mercado». (lisboanoguiness.blogs.sapo.pt)

Mercado da Ribeira: a «Mesquita do Nabo» [post. 1930]
 Avenida 24 de Julho, antes «Aterro da Bôa Vista»
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): O Mercado voltou rapidamente a ser o centro do comércio grossista e retalhista. No ano de 2001 o espaço estreou um novo aspecto social, cultural e recreativo. Desde 2014 é gerido pela revista «Time Out Lisboa», que apresentou um projecto que inclui bancas dedicadas à restauração, juntamente com atracções culturais.

8 comments:

  1. Muito interessante .Desconhecia grande parte da história do Mercado da Ribeira .Obrigada pela magnífica exposição .

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  2. Ribeira Nova...eu andei lá com 10 12 anos

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  4. Olá!
    Me chamo Barbara e sou escritora de um blog de arquitetura e design chamado ArchTrends (www.archtrends.com).
    Estamos escrevendo uma matéria sobre o Mercado da Ribeira e nos gostaría mostrar duas fotos do mercado antigamente, mostrando as modificaçoes ao longo dos anos.
    Me gostaría saber se podemos ter autorizaçao para usar duas fotos desse post, colocando todos os créditos ao blog Lisboa de Antigamente e redirecionando com um link.
    Obrigada desde já
    Atenciosamente
    Barbara

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