O olisipógrafo Norberto de Araújo caracteriza da seguinte forma este emblemático monumento da capital:
«É uma Praça bonita, decorativa, com suas cúpulas, janelas rasgadas, e a sua patina de tijolo mouro.[2]
A Praça do Campo Pequeno, no gosto árabe peninsular, não é um padrão — é uma reconstituição. Salvaguarda de costumes. Ela grita, exulta, guisalha, estoira foguetes, soa clarins, estridula fanfarras, por todas aquelas que a precederam: as arenas de Xabregas, de Belém, da Junqueira, do Rossio, do Terreiro do Paço; as praças do Salitre, do Campo de Santana, do Campo Pequeno velho. As touradas resistem.
A Praça do Campo Pequeno é o torreão das pitorescas evocações alfacinhas, o testemunho de um pequeno elo que ligou a realeza, a nobreza e o povo na mesma exaltação de garbosidade e de valentia, do brio e do sangue escaldante da nossa gente. Lisboa sem uma praça de touros coxeava nas tradições.» [1]
Praça de Touros do Campo Pequeno [c. 1940] Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
«Este sítio do Campo Pequeno, que desde há séculos foi logradouro público, vasto eirado arrabaldino, no qual se realizavam exercícios militares, por vezes paradas, e feiras improvisadas, teve também praça de touros (século XVIII) por pouco tempo, rudimentar, de madeira, é claro, e que não dá crónica suficiente na história da tauromaquia, não passando de um episódio. De resto, em Lisboa «brincou-se aos touros» em todos os sítios, do oriente a ocidente, onde havia terreno livre; quatro tábuas, e estava pronta uma praça. [2]
Praça de Touros do Campo Pequeno [post. 1892] Regimento de infantaria em exercícios Chaves Cruz, in Lisboa de Antigamente |
São de 1741 as primeiras referências à realização de corridas de touros na zona do Campo Pequeno. Aqui foi inicialmente construída uma praça de Madeira, mas como tinha pouca capacidade começaram também a aparecer outras praças em diferentes pontos da cidade.
Foi então cedido, pelo Município de Lisboa, um terreno
baldio na zona do Campo Pequeno onde, já no século XVIII, se tinham
efectuado corridas de toiros. As obras de construção da Praça
iniciaram-se no principio de 1891 tendo sido projectada pelo arquitecto
António José Dias da Silva (1848-1912) e, em 18 de Agosto de 1892 a
Praça de Toiros do Campo Pequeno - com a presença da Família Real -
abriu as suas portas com uma gala, com pompa e a circunstância adaptada à
exigência deste momento alto para a cidade de Lisboa. Actuaram os
cavaleiros Fernando Tinoco e Fernando d'Oliveira com touros de Infante
da Câmara. Desde então a sua monumentalidade e beleza são emblemas da
cidade de Lisboa.
São encimadas por camarotes e galerias, tendo capacidade para 8438 espectadores que se distribuíam pelas duas ordens dos 165 camarotes e galerias. Encerrada ao público em Junho de 2000, devido ao seu avançado estado de degradação, foi objecto de obras de remodelação, segundo projecto do arq. José Bruschy, com a colaboração dos arquitectos Pedro Fidalgo, Filomena Vicente, Lourenço Vicente, João Goes Ferreira e Gonçalo Teixeira, concluídas em 2006.
N.B. O Campo Pequeno foi inaugurado com um espectáculo de Filipe La Féria a 16 de Maio de 2006 e a 18 do mesmo mês com uma corrida de touros tradicional. Actualmente, o Campo Pequeno acumula a sua valência inicial, como praça de touros, com a de sala de espectáculos multiusos com capacidade para: 8770 pessoas., integrada num centro de lazer, que conta também com uma moderna galeria comercial e um parque de estacionamento subterrâneo.
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[1] ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 83, 1943.
[2] ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 68, 1939.
Praça de Touros do Campo Pequeno [post. 1892] Chaves Cruz, in Lisboa de Antigamente |
Este notável edifício foi concebido em estilo neo-árabe pelo arquitecto António José Dias da Silva. Tem uma estrutura circular toda em tijolo, com 4 cúpulas bolbosas de inspiração turca. O redondel tinha 80 m. de diâmetro, coberto com areia, vedado por uma cerca em madeira separada das bancadas por um corredor; estas estão dispostas em círculo, divididas em catorze talhões com 4000 lugares, e duas bancadas superior de cinco filas com estrutura de ferro, tendo, respectivamente, 2100 e 860 lugares.
Praça de Touros do Campo Pequeno [c. 1951] António Passaporte, in Lisboa de Antigamente |
São encimadas por camarotes e galerias, tendo capacidade para 8438 espectadores que se distribuíam pelas duas ordens dos 165 camarotes e galerias. Encerrada ao público em Junho de 2000, devido ao seu avançado estado de degradação, foi objecto de obras de remodelação, segundo projecto do arq. José Bruschy, com a colaboração dos arquitectos Pedro Fidalgo, Filomena Vicente, Lourenço Vicente, João Goes Ferreira e Gonçalo Teixeira, concluídas em 2006.
Fotografia aérea da Praça de Touros do Campo Pequeno e arredores [c. 1940] Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
N.B. O Campo Pequeno foi inaugurado com um espectáculo de Filipe La Féria a 16 de Maio de 2006 e a 18 do mesmo mês com uma corrida de touros tradicional. Actualmente, o Campo Pequeno acumula a sua valência inicial, como praça de touros, com a de sala de espectáculos multiusos com capacidade para: 8770 pessoas., integrada num centro de lazer, que conta também com uma moderna galeria comercial e um parque de estacionamento subterrâneo.
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[1] ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 83, 1943.
[2] ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 68, 1939.
boa tarde.
ReplyDeleteque edifício esta no lugar onde mais tarde foi a feira popular?
bom dia. Nenhum, está lá um baldio entregue aos ratos.
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