À esquina da Rua do Arco do Cego — diz Norberto de Araújo — levanta-se um interessantíssimo espécime seiscentista de arquitectura civil portuguesa: o Palácio Galveias. Estão nele instalados o Arquivo , Biblioteca e Museu Municipais.
Delicia-te, Dilecto, na contemplação do portal nobre, até há oito anos armoriado dos Melo e Castros, cujo brasão foi substituído em 1930 pelo das armas da Cidade.
Palácio Távora-Galveias |c. 1915| Campo Pequeno José Artur Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
O Palácio Galveias, que possuía uma vasta quinta anexa, desaparecida na urbanização dos últimos trinta anos, pertencia no século XVII aos Távoras. O Palácio com seu logradoiro, foi confiscado em 1759, e passou a novo dono, e no princípio do século passado (1801) ia à praça por dívidas à Fazenda; adquiriu-o D. João de Almeida de Melo e Castro, mais tarde 5.° Conde das Galveias, do qual transitou em 1814 para seu irmão D. Francisco, 6.º Conde, continuando na posse dos Galveias, até que uma sobrinha que o herdou, já no final do século passado, o vendeu ao capitalista Braz Simões.
O Palácio caiu então em abandono de nobreza, e tornou-se, como tantos palácios no coração de Lisboa, um albergue de desvalidos. Não passava de um pardieiro, quando em Março de 1927 se começou a pensar na sua expropriação, com vistas aos seus terrenos da formosa e, então, abandonada quinta, chãos indispensáveis pana o remate oriental das Avenidas Barbosa du Bocage e Elias Garcia, o edifício seria destinado a tribunais e conservatórias.
Em Janeiro de 1928 a Câmara acordou negociações com os proprietários deste resíduo rústico-urbano seiscentista, e que eram os sócios da firma Simões & Simões (Braz Simões, o homem que fundou o Bairro do seu nome a nascente de Almirante Reis). Em 1929 estava assente que o Palácio, que muitas e quási radicais obras teria de sofrer, seria sede de Arquivo, Biblioteca e Museu. Foi o vogal da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, comandante Quirino da Fonseca, o animador e realizador da ideia. E restaurou-se o Palácio, beneficiando de pintura e decorações, mais ou menos felizes; o jardim, trecho do antigo, foi organizado em parque-museu.==(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI,V, pp. 69-70, 1939)
Palácio Távora-Galveias, jardim |c. 1939| Jardim virado à Rua do Arco do Cego e Avenida Barbosa Du Bocage Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
N.B. Em 5 de Julho de 1931, pelas 18.00 horas, era inaugurada no Campo
Pequeno (antigo Largo Dr. Afonso Pena) a nova Biblioteca Central, numa
cerimónia solene, com a presença do Presidente da República, Óscar
Carmona, ministros, e outros altos dignitários. Juntamente com a Biblioteca, era inaugurado no mesmo espaço o Museu Municipal, com secções numismática e oriental.
a passagem do tempo as mudanças da História/do Mundo...
ReplyDeleteO presidente Afonso Pena era um luso descendente filho de gente de Ribeira de Pena. http://www.flc.org.br/revista/materias_viewc574.html?id=%7B78232E73-99B3-44F9-AC7B-ABCEE1E1FF83%7D
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