Sunday, 31 March 2019

Praça Afonso de Albuquerque

Praça com forma quadrangular, rematada a sul pelo Tejo e pelo antigo cais e a norte pelo Palácio de Belém. É um espaço com zonas ajardinadas, ladeadas por sebes, tendo algumas árvores como o lódão e o pinheiro-manso. Esta praça — até 1910 denominada «Dom Fernando» — era o antigo areal onde ancorava o Real Cais de Belém, assentando a estátua no local onde se situava o cais de D. João V.


Mas antes de tocarmos o primeiro edifício a visitar  — recorda o ilustre Norberto de Araújo —  rendamos aqui na sua Praça de Afonso de Albuquerque uma homenagem ao arrabaldino bairro, que foi praia do Restelo, e na qual o aziago velho, cuja legenda fatalista ao Destino coube contrariar, murmurava numa manhã de Julho de 1497, de parceria com os sinos da Ermida, quando as naus se foram à cata da índia:

Tão balalão...
Quantos lá vão
que não voltarão!

Praça Afonso de Albuquerque |1902|
Por Edital de 5 de Novembro de 1910 a Praça D. Fernando passou a denominar-se Praça Afonso de Albuquerque, com início na confluência da Rua da Junqueira, Calçada da Ajuda, Rua de Belém e Avenida da Índia.
Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

Vamos ver, de-perto, essa estátua-monumento a Afonso de Albuquerque; é das mais expressivas de Lisboa nas suas legendas a relevo, já que não podemos dizer das mais belas.

Deve-se a Simão José da Luz Soriano, escritor e benemérito, a iniciativa de se erigir um monumento a Afonso de Albuquerque-a iniciativa e os fundos para a realização (35 contos legados em testamento). O escultor Costa Mota e o arquitecto Silva Pinto, após concurso público, foram encarregados de pôr de pé o seu projecto; foi o monumento inaugurado em 3 de Outubro de 1902, na presença da família real, enquanto uma divisão naval, composta dos cruzadores «D. Carlos›, «D. Amélia» e «S. Rafael», e da canhoneira «Sado› e da velha corveta «Duque da Terceira», salvaram cem 21 tiros. A estátua foi fundida na velha «Fundição de Canhões» onde se conserva o modelo.O mais valioso deste monumento é constituído pelos baixos relevos com passos da vida do vice-rei da Índia: a entrega das chaves de Goa, a derrota dos mouros na ponte da Malaca, Afonso de Albuquerque recebendo o embaixador do rei de Narcinga, e a resposta de Albuquerque ante a proposta daquele embaixador: «é esta a moeda com que o rei de Portugal paga os seus tributos».

Inauguração do monumento a Afonso de Albuquerque |1902-10-03|
Praça Afonso de Albuquerque antiga de D. Fernando
O monumento inaugurado na presença da família real.
Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

No segundo corpo do monumento são também de interesse escultórico os altos relevos figurando caravelas e galeões; os quatro anjos assentes no ângulo da base do monumento são decorativos. Como vês, o conjunto manuelino do monumento não é desagradável. A figura do herói, contudo, tão alta está que se não vê.

Praça de D. Fernando |post. 1902|
Por Edital de 5 de Novembro de 1910 a Praça D. Fernando passou a denominar-se Praça Afonso de Albuquerque.
Postal - Ediçao F A. Martins

Bibliografia
Belém de Isabel Corrêa da Silva e Miguel Metelo de Seixas, ed. Junta de Freguesia de Sta. Maria de Belém, 2000.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 68-69. 1939.

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