Praça com forma quadrangular, rematada a sul pelo Tejo e pelo antigo cais e a norte pelo Palácio de Belém. É um espaço com zonas ajardinadas, ladeadas por sebes, tendo algumas árvores como o lódão e o pinheiro-manso. Esta praça — até 1910 denominada «Dom Fernando» — era o antigo areal onde ancorava o Real Cais de Belém, assentando a estátua no local onde se situava o cais de D. João V.
Mas antes de tocarmos o primeiro edifício a visitar — recorda o ilustre Norberto de Araújo — rendamos aqui na sua Praça de Afonso de Albuquerque uma homenagem ao arrabaldino bairro, que foi praia do Restelo, e na qual o aziago velho, cuja legenda fatalista ao Destino coube contrariar, murmurava numa manhã de Julho de 1497, de parceria com os sinos da Ermida, quando as naus se foram à cata da índia:
Tão balalão...
Quantos lá vão
que não voltarão!
Vamos ver, de-perto, essa estátua-monumento a Afonso de Albuquerque; é das mais expressivas de Lisboa nas suas legendas a relevo, já que não podemos dizer das mais belas.
Deve-se a Simão José da Luz Soriano, escritor e benemérito, a iniciativa de se erigir um monumento a Afonso de Albuquerque-a iniciativa e os fundos para a realização (35 contos legados em testamento). O escultor Costa Mota e o arquitecto Silva Pinto, após concurso público, foram encarregados de pôr de pé o seu projecto; foi o monumento inaugurado em 3 de Outubro de 1902, na presença da família real, enquanto uma divisão naval, composta dos cruzadores «D. Carlos›, «D. Amélia» e «S. Rafael», e da canhoneira «Sado› e da velha corveta «Duque da Terceira», salvaram cem 21 tiros. A estátua foi fundida na velha «Fundição de Canhões» onde se conserva o modelo.O mais valioso deste monumento é constituído pelos baixos relevos com passos da vida do vice-rei da Índia: a entrega das chaves de Goa, a derrota dos mouros na ponte da Malaca, Afonso de Albuquerque recebendo o embaixador do rei de Narcinga, e a resposta de Albuquerque ante a proposta daquele embaixador: «é esta a moeda com que o rei de Portugal paga os seus tributos».
No segundo corpo do monumento são também de interesse escultórico os altos relevos figurando caravelas e galeões; os quatro anjos assentes no ângulo da base do monumento são decorativos. Como vês, o conjunto manuelino do monumento não é desagradável. A figura do herói, contudo, tão alta está que se não vê.
Praça de D. Fernando |post. 1902| Por Edital de 5 de Novembro de 1910 a Praça D. Fernando passou a denominar-se Praça Afonso de Albuquerque. Postal - Ediçao F A. Martins |
Bibliografia
Belém de Isabel Corrêa da Silva e Miguel Metelo de Seixas, ed. Junta de Freguesia de Sta. Maria de Belém, 2000.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 68-69. 1939.
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