Wednesday, 13 September 2017

Palácio Ludovice

O antigo Palácio Ludovice, enorme quarteirão com quatro faces, contido entre as Ruas de S. Pedro de Alcântara e do Diário de Noticias, e as travessas da Cara e da Boa Hora, não passa de um casarão utilitário, votado desde há muito ao inquilinato mais díspar. Nele avulta apenas a formosa frontaria, numa sugestiva expressão de beleza e de harmonia arquitectónica. Ê desde 22 de Março de 1938 considerado «imóvel de interesse público», apenas por sua fachada principal. 


Foi fundador deste palácio o arquitecto João Frederico Ludovice, que lhe imprimiu a traça setecentista pura, e a data pode ser fixada em 1747, segundo se depreende da inscrição na pedra colocada sobre a janela central do andar nobre. 
A versão apresentada por Jacome Raton, nas suas «Memórias», que dá João Pedro Ludovice, filho do arquitecto famoso, como o fundador do palácio não oferece consistência; parte, por ventura, da circunstância de João Pedro haver residido na casa, que herdou de seu pai em 1752.
O interessante imóvel foi mesmo conhecido por «Palácio do Frederico», segundo assevera Júlio de Castilho na sua «Lisboa Antiga» — «Bairro Alto». Ê de crer que os descendentes directos dos Ludovices houvessem, no todo ou em parte, residido no edifício de S. Pedro de Alcântara, já no século XIX.

Palácio Ludovice [c. 1950]
A admirável frontaria sobre S, Pedro de Alcântara
Rua de São Pedro de Alcântara, 39-49; Rua do Diário de Notícias, 144-154; 

Travessa da Boa-Hora ao Bairro Alto, 2-12; Travessa da Cara, 1-3A
Horácio Novais, in Inventário de Lisboa

Considerado um exemplo arquitectónico típico do barroco tardio nacional, assim como um dos mais importantes exemplos da arquitectura palaciana da Lisboa joanina, apresenta uma fachada desenvolvida em 5 pisos de altura desigual, rasgada por um portão central decorado com pilastras de cantaria em fiadas sobrepostas e sobrepujado de tímpano, animada por dois janelões centrais, com emolduramento de cantaria, que abrem para varandas de linhas ondulantes, estando o janelão do piso nobre encimado por uma lápide onde está patente a data da conclusão do imóvel, 1747. Salienta-se, ainda, a articulação entre janelas de sacada e de peitoril e a alternância de elementos decorativos,nomeadamente o elemento característico da arquitectura joanina ou de Ludovice, uma espécie de frontão liso, que coroa algumas janelas, e áticas triangulares de cantaria, que coroam outras tantas.
Objecto de intervenções ao longo do séc. XIX, foi sujeito a obras de transformação, segundo projecto do arq. Jorge Segurado, entre 1944-45, no sentido de instalar o Solar do Vinho do Porto no pavimento térreo do edifício. Algumas das salas do imóvel conservam, ainda, silhares de azulejos setecentistas e tectos apainelados com pinturas.
 O interior, antecedido por uma escadaria nobre, encontra-se bastante descaracterizado. Merece ainda atenção, o espaço em oval da primitiva capela, decorado com mármore rosa.

Palácio Ludovice [1950]
Rua de São Pedro de Alcântara, 39-49; Rua do Diário de Notícias, 144-154; 

Travessa da Boa-Hora ao Bairro Alto, 2-12; Travessa da Cara, 1-3A 
Construído em 1747, como testemunha a lápide existente no janelão central.
Salvador de Almeida Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Palácios particulares, pp. 2931, 1950.
cm-lisboa.pt.

1 comment:

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