Friday 14 January 2022

Rua da Estrela que foi Travessa dos Ladrões

Defronte, à direita, sai-nos a Rua da Estrela, dístico de 1852, que substituiu o de Travessa dos Ladrões (que ainda hoje os velhos usam); no final do século XVIII e durante alguns anos, chamou-se a esta serventia, Travessa de N. Senhora dos Milagres.
Este nome — recorda Norberto de Araújo — adveio desta Ermidinha, encravada entre dois prédios [...], tão modesta que quási se não dá por ela*. Foi erguida por Manuel de Jesus, em 1753, e pelo mesmo devoto reformada, conforme se atesta na pedra que faz a verga do pórtico, muito simples. Pertence à Irmandade de N. Senhora dos Milagres, e tem culto.

Rua da Estrela|c. 1910|
Antiga Travessa dos Ladrões; Basilica da Estrela
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Como observas, esta rua é discreta, com alguns prédios já de feitio de palacete, do meado do século passado, e outros de construção do tipo, hoje considerado pitoresco, setecentista, com as clássicas trapeiras copiadas do tipo das casas da Baixa, post-Terramoto.==

Nota(s): Depois do Ultimato britânico de 1890 contra as pretensões portuguesas em África, na Capital, o povo muda a placa toponímica da «Travessa das Inglesinhas» para «Travessa dos Ladrões» e a placa «Travessa do Enviado de Inglaterra» para «Travessa do Diabo que os Carregue e os estudantes são dispensados, por decreto, do exame de língua inglesa.

Rua da Estrela |c. 1910|
Antiga Travessa dos Ladrões; Cemitério dos Ingleses
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

N.B. A origem do topónimo "Estrela" radica nos frades beneditinos que dedicaram a sua igreja a N ª Srª da Estrela, ou da Estrelinha. Os frades chegaram a Lisboa no séc. XVI e fundaram o seu primeiro convento – concluído em 1571 – onde hoje é a hospital, jardim e Praça da Estrela. Quando passaram para o maior, abaixo, de São Bento da Saúde, o da Estrelinha ficou para ensino dos noviços. O terramoto destruiu parte. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, alargou o exército a ocupação pelo que em 1837 era Hospital Militar.
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Bibliografia
ARAUJO, Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, p. 53, 1939.

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