Sunday, 31 August 2025

Profissões de antanho: o ardina

— Olh'ó Notícias, o Diá... Notícias!
— Olh'ó Século, saiu agora!
A profissão de vendedor de jornais — o ardina — começou a bem dizer, com a publicação do Diário de Notícias, a partir de 1 de Janeiro de 1865, uma vez que, anteriormente, não havia jornais diários à venda pelas ruas de Lisboa, pois apenas era permitida a venda de papéis noticiosos, realizada por cegos, conhecidos pelos «cegos—papelistas» que constituíam uma Irmandade, criada pelo Marquês de Pombal, como protecção aos invisuais, para que não andassem mendigando pelas ruas de Lisboa.
Daí que, ao surgirem os ardinas apregoando o Diário de Notícias, logo se levantasse certa resistência, tanto por parte dos invisuais como duma mendicidade lucrativa que enxameava Lisboa e via sem razão nos rapazes dos jornais certa concorrência.

Profissões de antanho: o ardina |1913|
Praça do Comércio vulgo Terreiro do Paço.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

A verdade é que apenas trinta rapazes iniciaram a venda do Diário de Notícias, embora, três meses passados, mais de cem se ocupassem da venda do jornal, donde auferiam diariamente entre 200 a 400 réis! E de tal forma o negócio se foi valorizando que, a dada altura, um deles, que havia adquirido posse de local de venda, o passou temporariamente a outro por cem mil réis, e para o readquirir teve de lhe pagar o dobro!
Em 1887 já os vendedores de jornais tinham associação de classe, para socorro mútuo e instrução, o que lhes deve ter proporcionado boas vantagens, uma vez que se tratava de rapazes tirados à vadiagem das ruas, rapidamente adquirindo personalidade e confiança no trato do negócio, a tal ponto que chegaram a levantar os jornais a crédito, quando em dificuldades. E assim muitos foram vencendo na vida, sendo mais tarde comerciantes e industriais.

Profissões de antanho: o ardina |1926-03-01|
Grupo de vendedores de 'O Século' à porta deste jornal na antiga Rua Formosa.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
Provindo, quase todos, da classe ovarina, que há muito assentara arraiais nos bairros da Madragoa e da Esperança, o ardina era esperto e trabalhador na profissão que lhe dava liberdade para galgar Lisboa de lés a lés, na ânsia de levar o jornal ao fim da cidade, contanto que chegasse primeiro que todos! Garoto da rua, mal liberto das saias da mãe — a varina — , o ardina, com a venda dos jornais, levaria para casa uma ajuda valiosa aos parcos rendimentos da família. [Dinís: 1986]

Monumento a Eduardo Coelho |post. 1904|
Ao centro destaca-se a imagem de um garoto a apregoar jornais, o popular «ardina». Quiosque do  Jardim Miradouro de São Pedro de Alcântara

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 29 August 2025

Praça do Martim Moniz: os vendedores de manjericos e o Mundial

A tradição conta-nos que Martim Moniz era um dos cavaleiros de D. Afonso Henriques que em 1147, na conquista de Lisboa, se atravessou numa porta da muralha do Castelo dos Mouros, impedindo o seu fecho e, sendo de imediato morto pelos sitiados enquanto garantia a abertura necessária para a entrada dos exércitos cristãos conquistarem a cidade.
Em 1908, o herói Martim Moniz ganhou uma placa evocativa na porta do seu sacrifício e, em 1915, ficou também imortalizado na toponímia da Mouraria já que a Rua de São Vicente à Guia – que se situava entre a Rua da Mouraria, Rua do Arco do Marquês de Alegrete e a Calçada do Jogo da Pela – se passou a denominar Rua Martim Moniz, pelo Edital de 14 de Outubro de 1915. Contudo, as alterações urbanísticas do local iniciadas a partir da década de 30, a pretexto de ligar a Avenida Almirante Reis ao Rossio, acabaram por fazer desaparecer o Mercado da Figueira, parte da Mouraria e este arruamento. [1943-1974 - Actas da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa]

 Praça do Martim Moniz |1961|
Venda de manjericos.
Augusto de J. Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Quando o Hotel Mundial foi inaugurado, em 1958, tinha o lobby virado para as traseiras da Igreja de São Domingos e para a Barros Queirós, ruela muito comercial que leva ao Rossio. Depois, o Mundial expandiu-se, quase ocupou o quarteirão, triplicou os quartos e abriu-se para o Martim Moniz. {Fernandes: 2024]

Praça do Martim Moniz |1964|
Festas populares de Junho: venda de manjericos junto ao Hotel Mundial.
Artur Goulart, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 24 August 2025

Trapeiros: da Avenida 24 de Julho à Alameda D. Afonso Henriques

No geral os trapeiros são indivíduos sem história, marginais à maneira antiga, embora suas vidas pudessem fornecer material para romancear. Vivendo com a indiferença de todos, farrapos humanos nostalgicamente envolvidos em farrapos, acomodam-se em qualquer vão de escada, esquecidos do mundo. 

Trapeiros na Avenida 24 de Julho |1921-1925|
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda da foto no arquivo: "Estado em que se encontra Lisboa. Lixo"

Incapazes de reagir contra o destino que lhes fora adverso, o trapeiro é um indivíduo imune contra a doença e o vício da cidade, uma vez que revolvendo-lhe o lixo continua satisfeito por lá encontrar os argumentos do seu próprio destino. Repousa tranquilamente em qualquer banco de jardim, pedindo apenas que o deixem em paz, porque a sua liberdade vale mais do que todas as obrigações da lei.
(DINIS, Calderon, Tipos e Factos da Lisboa do meu tempo (1900-1974), p. 270, 1986).

Aldeia dos Trapeiros, nas proximidades da Alameda D. Afonso Henriques |1945-03-29|
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 22 August 2025

Travessa dos Inglesinhos com a Rua da Atalaia

Esta artéria do Bairro Alto que liga Rua da Atalaia à Rua dos Caetanos tem o seu topónimo – Travessa dos Inglesinhos – devido à existência no local do Colégio de São Paulo e São Pedro, conhecido como Convento dos Inglesinhos, que entre 1632 e 1644 foi erguido em terras doadas por D. Pedro Coutinho.
Após o Ultimatum inglês de 1890, a população alfacinha passou a apelidar esta artéria como “Travessa dos Ladrões”; o mesmo com a Rua da Estrela ou a devido a presença do Cemitério dos Ingleses[Machado: 1998]

Travessa dos Inglesinhos com a Rua da Atalaia |1923|
Sede da Associação de Classe das Empregadas Domésticas de Hotéis e Casas Particulares de Lisboa.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): A Travessa do Enviado de Inglaterra, a Santa Marta, foi apelidada pelos populares como a “Travessa do Diabo que o Carregue”, por existir neste local um palacete onde habitou o Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário, Lorde Robert Stephen Fitzgerald (1765-1833), entre 1802 e 1806.
 
Travessa dos Inglesinhos |1902|
Quarteirao entre as Ruas Luz Soriano e da Rosa tendp ao fundo a Rua da Atalaia.
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente


Sunday, 17 August 2025

Conservatório Nacional que foi Convento dos Caetanos da Divina Providência

Aqui temos o edifício, novo, do Conservatório Nacional (de Música e Teatro). Assenta, com transformação radical arquitectónica do exterior, e com alterações radicais do interior, no que foi o Convento de S. Caetano de Thiene, dos frades teatinos ou «caetanos» que deram o nome à Rua.
Os clérigos regulares de S. Caetano — recorda  Norberto de Araújo a quem vamos sempre seguindo — tinham a invocação da Divina Providência, e instalaram-se em Portugal em 1650, primeiramente num hospícios que existiu no local onde se ergueu a actual Igreja dos Mártires, e depois neste sítio, ainda como hospício, visto não terem obtido logo licença régia de D. João IV para erguerem Casa conventual; já «eram demais» os conventos em Lisboa, confessava o Rei.

Conservatório Nacional que foi Convento dos Caetanos |1918|
Rua dos Caetanos, 29
Perspectiva tomada da Travessa dos Inglesinhos.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Igreja do Hospício, do Bairro Alto, foi inaugurada em 1653, havendo antes sido comprados para a Ordem casas, chãos e hortas que, pertencentes certo fidalgo (não sei quem ele tivesse sido) chegavam até à Rua Formosa [hoje R. de O Século]. Em 1661 os clérigos de qualidade e muito saber, obtiveram a almejada licença régia para converterem o Hospício em Convento, e vinte anos depois D. Pedro II mais terrenos lhes concedeu, para alargarem a Casa e a engrandecer; o novo Convento foi inaugurado em 1698. O Terramoto quási deu cabo do edifício, mas um Teatino ilustre, o Padre D. Manuel Caetano de Sousa, fê-lo reedificar à sua custa, voltando os religiosos, que se tinham ido albergar a uma casa que possuíam no Campo Grande, aos «Caetanos» em 1757.
Cabe aqui dizer que o introdutor desta Ordem em Portugal foi o padre napolitano António Ardizoni Spínola; neste Convento da Divina Providência viveram e floresceram clérigos caetanos notáveis, aos quais muito deveram as letras: D. António e D. Manuel Caetano de Sousa, D. José Barbosa, o insigne Rafael Bluteau, D. Tomás Caetano do Bem, para outros não citar.
O Real Conservatório não teve, em cultura, maus alicerces. Já em 1811 se instalava no Convento a Real Academia de Desenho e de Arquitectura Civil — talvez o germe da Escola das Belas Artes.
No tempo das guerras civis estiveram neste edifício aquarteladas as tropas miguelistas, e, depois, no inicio do regime liberal, uma companhia da Guarda Municipal.


Conservatório Nacional |1059|
Rua dos Caetanos, 29
Fernando Jesus Matias, in Lisboa de Antigamente
Conservatório Nacional |1929-04-10|
Rua dos Caetanos, 29
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente





















Ficaste, Dilecto, alguma cousa sabendo do «casco» material e cultural desta Casa. Como passou isto a Conservatório não fujo a recordar-te. 
Há um século [por volta de 1838], precisamente, o Teatro português caíra em profunda decadência, mas menor e menos grave do que a actual — desorientadora! — , porque em boa verdade o Teatro nos séculos anteriores ao Conservatório Real não passara de tentativas, e no nosso tempo — do século passado [XIX] para o actual — houve bom teatro ... e já não o há.
O insigne Visconde de Almeida Garrett num célebre relatório à Rainha D. Maria II pintou com sinceridade o lamentoso quadro «da decadência do teatro», e pela força da compreensão superior de Passos Manuel — criador de tanta instituição! — foi, em 15 de Novembro de 1836, fundado o Conservatório de Arte Dramática, no qual se incorporou o Conservatório de Música, estabelecido no ano anterior na Casa Pia; a Inspecção Geral dos Teatros foi fundada na mesma data.
Em 12 de Janeiro de 1837 o edifício dos Caetanos foi destinado a sede do Conservatório, pois a Ordem religiosa, como todas, fora extinta em 1834 (havia já então nos Caetanos apenas três velhos clérigos) . E desde então o Conservatório, no qual a arte musical gradualmente tomou natural predomínio sobre a arte dramática, nunca mais daqui saiu.

Conservatório Nacional que foi Convento dos Caetanos |1968|
Rua dos Caetanos com a  R. João Pereira da Rosa (antiga Cç. dos Caetanos).
Defronte do Conservatório levanta-se o Palácio Almeida Araújo, com seu portão armoriado e pátio nobre. [Araújo: 1938]
Armando Serôdio,  in Lisboa de Antigamente

Dilecto, podemos entrar. Observa, antes, o exterior arquitectónico do edifício, que faz ângulo na Rua e Calçada dos Caetanos [hoje  R. João Pereira da Rosa], muito ao gosto italiano, e com certa beleza, na exuberância de cantaria e dos lavores , nas suas janelas rasgadas e no seu pórtico principal sóbrio e elegante.
As obras de adaptação vieram do século passado, mas pode dizer-se que se intensificaram desde 1911; por essa época foi nomeado Inspector do Conservatório o Dr. Júlio Danta, que, com alguns pequenos interregnos, durante os quais ocupou o lugar de Director o professor Viana da Mota, aqui exerceu as suas funções até 1936. Extinto o lugar de Inspector, Viana da Mota ficou como Director único (secção de música e de teatro), e desde Agosto de 1938, pela circunstância daquele artista e professor haver atingido o limite de idade legal, passou a Director o professor Ivo Cruz que se afirmou, no acto da sua posse, capaz de levar a cabo uma reforma ajustada às exigências deste estabelecimento de ensino.

Conservatório Nacional, Salão Nobre |1926|
Rua dos Caetanos, 29
Ao longo dos seus mais de 180 anos de existência, a Escola de Música do Conservatório Nacional sempre formou músicos e apresentou em concerto os seus alunos. 
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Mas dêmos uns passos pelo edifício; como vês, o aspecto interior é o característico dos estabelecimentos de ensino: frio, simétrico, higiénico, claro. O que havia de representativo do antigo Convento — desapareceu; a Igreja foi demolida em 1912.
O Salão de concertos e conferências do Conservatório data de 1881; possuí um restrito interesse, com sua galeria, sua tribuna doirada, as pinturas do tecto ― uma alegoria e quatro medalhões ― do pincel de Columbano, obra que o excelso artista repudiava. As decorações são de Eugénio Cotrin.
Quanto a mim ―  e tu vais concordar ―  o mais interessante que possuí o interior do Conservatório novo (cujas obras foram durante muitos anos dirigidas pelo engenheiro Veiga da Cunha), são estes «Passos Perdidos» da parte da Secção de Teatro.
É uma iniciativa feliz, como tanta , do Dr. Júlio Dantas ( a quem o Conservatório bastante deve), obra começada a realizar em 1915 e só concluída em 1930.
Vamos ver com atenção. Neste corredor «nobre», onde se rasgam portas de aulas engrinaldadas e sobrepujadas de azulejos no estilo de setecentos num conjunto um pouco teatral mas que num Conservatório de Teatro não é defeito as paredes são guarnecidas a todo o longo de silhares de panos de azulejos, na cor clássica, com assuntos e figuras do teatro português, recortados nas cimeiras.
Vê tu, Dilecto, como isto é belo, apesar de moderno (quero dizer: sem a graça subjectiva da cerâmica), e pensa quantos amigos de Lisboa do teatro e da arte desconhecem estes « Passos Perdidos», como eu lhes chamo, e tu toleras.
E deixemos o Conservatório Nacional, que o tempo voa.==
 
Conservatório Nacional que foi Convento dos Caetanos |c. 1910|
Rua dos Caetanos, 29
O primeiro prédio à dir. é o primitivo Conservatório Nacional, fund. em 1836.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

N.B. Passaram pelo Conservatório Nacional nomes incontornáveis do panorama literário e teatral português, como D. João da Câmara, Maria Matos, Lucinda do Carmo e Assis Pacheco no quadro dos docentes, e, enquanto alunos, o Conservatório deu à cena teatral portuguesa artistas como Maria Lalande, Irene Isidro, Eunice Muñoz, Maria Barroso, João Villaret e Ruy de Carvalho, entre muitos outros. [+ info]
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VI, pp. 36-40, 1938.

Friday, 15 August 2025

Esquina da Praça da Estrela com a Rua da Estrela

A origem do topónimo radica nos frades beneditinos que dedicaram a sua igreja a N ª Srª da Estrela, ou da Estrelinha. Os frades chegaram a Lisboa no séc. XVI e fundaram o seu 1º convento – concluído em 1571 – onde hoje é a praça e o Jardim da Estrela. Quando passaram para o maior, abaixo, de São Bento da Saúde, o da Estrelinha ficou para ensino dos noviços. O terramoto destruiu parte. Em 1818 parte já era secretaria dos Hospitais Militares. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, alargou o exército a ocupação pelo que em 1837 era Hospital Militar.

Esquina da Praça da Estrela com a Rua da Estrela |1960|
Vendedora ambulante de doces
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
Esquina da Rua da Estrela com a Praça da Estrela |1960|
Vendedor ambulante de quinquilharia
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 10 August 2025

Rua João Pereira da Rosa que foi «Cç. dos Caetanos»

Topónimo atribuído por edital da CML em 26 de Janeiro de 1963 á antiga Calçada dos Caetanos antes Calçada Nova dos Caetanos (1889); destaque para o prédio com o n.º 6 onde viveram Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, José Gomes Ferreira, António Ferro e Fernanda de Castro; logo acima, à dir., o primitivo edifício do Conservatório Nacional — hoje Escola de Dança do Conservatório Nacional — com entrada pela Rua dos Caetanos.
Com a legenda «Jornalista 1885-1962», esta artéria debruçada sobre a Rua de O Século homenageia aquele que foi durante 36 anos director daquele jornal.

Rua João Pereira da Rosa que foi «dos Caetanos» |c. 1900|
Jornalista 1885-1962
O antigo topónimo "dos Caetanos" advém da presença neste local da Igreja dos Caetanos.
Nota-se o primitivo edifício do Conservatório Nacional (1836).
José Artur Bárcia,  in Lisboa de Antigamente

N.B. João Pereira da Rosa (1885-1962) Jornalista, director e proprietário do extinto Jornal “O Século”. Foi dele a ideia de criar a Colónia Balnear Infantil de "O Século”, que nasceu em 1927, na Trafaria, mudando-se nos anos 40 para as actuais instalações de São Pedro do Estoril. Até 1943, os custos da Colónia foram assumidos pelo jornal, que fazia apelo a donativos, cujas listas eram, posteriormente, publicadas nas páginas d’ “O Século”. As dificuldades em suportar os custos levaram João Pereira da Rosa encontrar uma nova forma de financiar a Colónia, avançando com a criação, em Lisboa, de "uma feira internacional de amostras". Foi assim que nasceu a Feira Popular de Lisboa, que passou a ser o principal financiador das férias das crianças carenciadas na Colónia Balnear Infantil. Com uma forte vocação social, João Pereira da Rosa, através do Jornal “O Século” apoiou também a “Sopa dos Pobres”.Foi ainda vereador da Câmara Municipal de Lisboa em 1917. Pertenceu à Associação Comercial de Lisboa e ao Grémio da Imprensa Diária. Foi ainda dirigente do Ateneu Comercial e do Automóvel Clube de Portugal. 

Rua João Pereira da Rosa que foi «dos Caetanos» |1935-08-08|
Jornalista 1885-1962
Descerramento da lápide no prédio onde viveu e em 27 de Setembro de 1915,
e faleceu, o escritor Ramalho Ortigão (1836–1915). 
Nota-se o novo edifício do Conservatório Nacional (1911).
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 8 August 2025

Travessa da Palmeira

Palmeira (Travessa da) Sendo que a  origem do topónimo Rua das Palmeiras incerta este foi atribuído por Edital do Governo Civil de 1 de Setembro de 1859, ao arruamento até aí designado por Travessa de S. Francisco de Paula por ter estado ligada a uma das Congregações que se estabeleceram em Lisboa, especificamente nas proximidades da actual Rua das Janelas Verdes.
[1943-1974 - Actas da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa]
 
Os portugueses gostam muito de verdura, e chegam a comê-la crua — dizia Pimentel na sua Vida de Lisboa — com o nome de salada; há muitas ruas com o nome de árvores, tais como Carvalho, Figueira, Palmeira, Parreiras, mas o que menos se encontra nessas ruas são justamente as árvores de que tomaram a denominação[Pimentel,Alberto (1849-1925)Vida de Lisboa, 1900)]

Travessa da Palmeira |c. 1935|
Cruzamento com a Rua de São Marçal e Tv. Santa Teresa vendo-se ao fundo as "Torres da Estrela". 
Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): local da foto não está identificado no arquivo FCG

Sunday, 3 August 2025

Rua do Açúcar

Ora entramos na Rua do Açúcar. Aqui vês à esquerda, um pedaço de alto muro antigo, côr de rosa, que resiste à improvisação de armazéns, e à onda crescente de edificações. É o Beato velho — e simpático.

A Rua do Açúcar é um topónimo cuja data de atribuição se desconhece, mas que será seguramente a partir do século XVI, já que a denominação deriva, como refere Ralph Delgado, de uma fábrica de açúcar existente nesta rua, num dos prédios colocados a seguir à segunda Quinta da Mitra. Esta indústria era pertencente, em 1763, a um súbdito inglês, Christian Smith que morava na Quinta do Bettencourt, e ainda existia em finais do século XVIII, como nos refere a obra Pelas Freguesia de Lisboa – Lisboa Oriental. [cm-lisboa.pt]

Rua do Açúcar |195-|
Antiga Direita do Açúcar
Vista tomada da Praça David Leandro da Silva vendo-se à dir. o antigo Palácio Bettencourt (ou Pátio do Beirão) paredes meias com a Vila Santos Lima, conhecida também como Vila Pereira.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Apenas salvado, em baixo, o postigo do portão, que fechou sobre si com estrondo, apressado tomou rua abaixo, direito ao largo do Assucar. Nas ruas calmas e sombrias, d'um pronunciado ar industrial, quasi desertas, começavam a formigar pela penumbra dos passeios, jofrando turbulentos dos boqueirões das fábricas, os grupos anêmicos das creanças. [Abel Botelho (1855-1917), Amanhã, 1894]

Rua do Açúcar |195-|
Antiga Direita do Açúcar com a Praça David Leandro da Silva observando-se à esq. o edifício do Clube Oriental de Lisboa.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Friday, 1 August 2025

Rua do Regedor, a São Cristóvão

Neste sítio — recorda Norberto de Araújo — assentaram os Paços de S. Cristóvão, nos séculos XV e XVI, com grandes tradições realengas e cortesãs, e que no tempo de D. João II pertenceram a D. Álvaro de Bragança, [Senhor de Vagos] e Regedor das Justiças [e daí se deu à rua que vai do Largo de S. Cristóvão para o Largo do Caldas o nome de Rua do Regedor], filho de D. Fernando, 1.º Duque deste título. [Araújo, IIL, 1938]

Rua do Regedor, a São Cristóvão |1924-06-08|
Palácio Vagos com a Igreja de São Cristóvão, em fundo. 
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

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