Sunday 30 October 2022

Ruas do Capelão e da Guia

A «rua do Capelão» já existia nos meados do séc. XVI. Segundo Gomes de Brito (Ruas de Lisboa, I, p. 106), «antes de 1712 (data do 3° vol. da Coreografia Portuguesa) era chamada, ou conhecida, pela designação de «Rua Çuja»... Mantém o nome por que já era conhecida no séc. XVI, que seria o oficial. Rua Suja (como parece ter sido a opinião de Gomes de Brito) seria designação popular, dada a má fama do local. Do Capelão porque nela teria residido o capelão dos Mouros de Lisboa. O último foi Mafamede Láparo. Perto estava a Mesquita Grande de Lisboa.

Ruas do Capelão e da Guia; à dir., o Beco dos Três Engenhos [c. 1900]
A Severa cantava e batia o fado na taberna da Rosária dos óculos, que ficava no topo da Rua do Capelão, na chamada casa de pedra.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Entrando na Guia — recorda o ilustre Norberto de Araújo — estamos em plenas betesgas da Mouraria; como observas, o pitoresco que por aqui existe está revestido de negrume e seria forçado classificar isto de interessante: andares de ressalto, casas baixas, sombrias, viveiros de gente pobre.
Desapareceu há anos o aspecto sórdido de «má vida», que por aí abaixo se prolongava até à grande artéria da Rua da Mouraria, onde se desafogava de «fado » reles a ignominiosa « Rua Suja» do século passado.

Largo (e casa) da Severa e Rua do Capelão [c. 1900]
N.B. A edilidade lisboeta consagrou na toponímia de Lisboa a fadista Severa,
usando para o efeito um troço da Rua do Capelão, compreendido entre
o Beco do Forno e a Rua da Guia — Largo da Severa — onde ela morara, conforme se comprova no edital municipal de 18 de Dezembro de 1989.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

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