Ora entramos na Rua do Açúcar. Aqui vês à esquerda, um pedaço de alto muro antigo, côr de rosa, que resiste à improvisação de armazéns, e à onda crescente de edificações. É o Beato velho — e simpático.
A Rua do Açúcar é um topónimo cuja data de atribuição se desconhece, mas que será seguramente a partir do século XVI, já que a denominação deriva, como refere Ralph Delgado, de uma fábrica de açúcar existente nesta rua, num dos prédios colocados a seguir à segunda Quinta da Mitra. Esta indústria era pertencente, em 1763, a um súbdito inglês, Christian Smith que morava na Quinta do Bettencourt, e ainda existia em finais do século XVIII, como nos refere a obra Pelas Freguesia de Lisboa – Lisboa Oriental. [cm-lisboa.pt]
Apenas salvado, em baixo, o postigo do portão, que fechou sobre si com estrondo, apressado tomou rua abaixo, direito ao largo do Assucar. Nas ruas calmas e sombrias, d'um pronunciado ar industrial, quasi desertas, começavam a formigar pela penumbra dos passeios, jofrando turbulentos dos boqueirões das fábricas, os grupos anêmicos das creanças. [Abel Botelho (1855-1917), Amanhã, 1894]
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Rua do Açúcar |195-| Antiga Direita do Açúcar com a Praça David Leandro da Silva observando-se à esq. o edifício do Clube Oriental de Lisboa. Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
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