O antigo Palácio José Maria Eugénio [de Almeida] situa-se entre o Largo de S. Sebastião da Pedreira, o começo da Estrada Palhavã [actual Rua Dr. Nicolau Bettencourt], a Rua Marquês de Sá da Bandeira e a Avenida Duque de Ávila, sobre a qual se estende o recente muro do jardim, com seus portões e guaritas soerguidas. As fachadas mantêm-se como em 1860, época da reedificação.
No primeiro quartel do século XVIII este sitio de S. Sebastião da Pedreira, onde viria a ser edificado o palácio ainda hoje denominado «de José Maria Eugénio» — tradição oral mais próxima — era quase completamente rústico, com uma ou outra casa a animar as imediações da igreja de S. João da Pedreira. Fazia-se por aqui caminho para Palhavã, onde já se erguia desde há muito o Palácio dos Condes de Sarzedas. O arquitecto francês Fernando Larre, que servira D. João V, cobiçou o local e fez nele erguer, cerca de 1780, um palácio, sólido e amplo, que não sofreu grande dano pelo Terramoto. Do primeiro Larre passou a propriedade, que desfrutava de uma larga área arborizada, para um filho, e deste para o neto do fundador, Fernando Larre Garcez Lobo Palha e Almeida, que foi Provedor dos Armazéns, cargo que andava na sua família, e extinto em 1798 (o actual Largo de S. Sebastião da Pedreira chamava-se então «do Provedor dos Armazéns»). Morreu o terceiro Larre em 1797, e o palácio continuou na posse de seus descendentes, no mesmo aspecto primitivo, mas interiormente muito, beneficiado. Haviam trabalhado nas decorações o famoso estucador João Grossi, o continuador, deste, Félix Salla, e os ornamentistas Biel e Gomassa.
Em 1860 a propriedade veio às mãos de José Maria Eugénio de Almeida, opulento capitalista, um dos sócios do «real contrato do tabaco, sabão e pólvora» e foi este homem quem promoveu a reedificação e ampliação do palácio, no estado em que hoje sensivelmente se encontra, obra levada a efeito pelo arquitecto decorador Cinatti. Com o aproveitamento da área arborizada construiu-se o Parque José Maria Eugénio [ou de Santa Gertrudes], então mais dilatado, fronteiro aos jardins posteriores do palácio, os quais se estendiam até ao eixo da Avenida Duque de Ávila do nosso século [séc. XX] então estrada estreita com sua porta da circunvalação. O escultor Calmeis trabalhou nas emoldurações exteriores da frontaria.
O Parque [de Santa Gertrudes], rodeado inteiramente de muros ameados, tornou-se uma das curiosidades de Lisboa, e nele esteve instalado o Jardim Zoológico de 1890 a 1909 [vd. 2ª imagem].
Planta do Jardim Zoológico D’Acclimação de Lisboa [1883] Entre 1883-1895 instalou-se no Parque de Santa Gertrudes o Jardim Zoológico e d’ Acclimação de Lisboa, in Lisboa de Antigamente |
O Palácio dos Larres [vd. carta abaixo à esq.] perdeu o aspecto setecentista e tornou-se um belo edifício, mais burguês do que nobre, embora se houvessem aproveitado as ricas decorações interiores, à base de estuque em preciosos relevos. O filho e sucessor de José Maria Eugénio, Carlos Maria Eugénio de Almeida, pretendeu valorizar a propriedade iniciando a construção de uns anexos, em tipo inglês de castelo, destinados a cocheiras e aposentadorias, os quais não se concluíram e ainda hoje se mostram em pitoresco aspecto sobre a Estrada de Palhavã.
Carlos Maria Eugénio casara com D. Maria do
Patrocínio de Barros Lima, e do casal os únicos dois filhos, Condes de
Vilalva e de Arge, não sobreviveram a sua mãe, falecendo, respectivamente, em 1987 e 1989. Por morte, em 1940, da viúva de Carlos Maria
Eugénio, sucedeu no senhorio da propriedade, já então reduzida na parte
do Parque, por expropriações municipais, o engenheiro agrónomo, Vasco
Maria Eugénio de Almeida, 2.° Conde de Vilalva, filho do primeiro do
titulo.
Parque José Maria Eugénio [1909] [Santa Gertrudes] Planta Topográfica de Lisboa, de Silva Pinto in Lisboa de Antigamente |
Quinta do Provedor dos Armazéns [1801] Carta Topographica de Lisboa de José D. Fava in LdA |
Em começo de 1946 o Estado adquiriu àquele bisneto do
reedificador, para o Ministério da Guerra, o palácio que fora dos
Larres, provedores dos armazéns, e de José Maria Eugénio de Almeida, nome este que perdura. Realizaram-se então no edifício largas obras de beneficiação, adaptação e de nova distribuição de salas, com
construção dos anexos, dentro do grande jardim posterior, e de um muro
sobre a Avenida Duque de Ávila, com ângulos adorna.dos de elegantes
guaritas de vigia. Estes transformações foram dirigidas pelos arquitecto
António Quinina e engenheiros João de Deus Pimentel e Filipe Ribeiro.
O
edifício foi destinado a Quartel General do Governo Militar de Lisboa,
havendo sido inaugurado em 28 de Agosto de 1948, mas já dias antes militarizado, depois de, em 28 de Maio desse. ano, no salão nobre se haver efectuado uma grande reumião de oficiais superiores do Exército.
Quanto ao que resta do formoso Parque José Maria Eugénio — onde nos últimos anos se tem realizado a «Feira Popular» — ele é ainda propriedade do Conde de Vilalva.
Nota(s): Pode o estimado leitor ver mais imagens e pormenores deste Palácio e Parque José Maria Eugénio na nossa página de Facebook.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, fasc. VIII. 1950.
Gulbenkian.pt.
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