Wednesday, 21 May 2025

«Lisboa de Hoje e de Amanhã»

«Lisboa de Hoje e de Amanhã» é um documentário produzido pela CML, no ano de 1948, realizado, escrito e narrado por António Lopes Ribeiro (irmão do actor Ribeirinho).
«"Cineasta oficial do fascismo", como lhe chamaram alguns adversários políticos, o seu trabalho no documentarismo ficou como definidor de uma época, um regime e uma propaganda. Particularmente notórios são: «As Festas do Duplo Centenário-A Exposição do Mundo Português» e «Inauguração do Estádio Nacional», arquétipos de um estilo e de uma retórica.» [Dicionário do Cinema Português 1895-1961 por Jorge Leitão Ramos

Não é de estranhar, portanto, o tom marcadamente propagandístico do filme, em todo o momento favorável ao regime e às políticas urbanas de então. Goste-se ou não do regime da época, são memórias que interessa preservar.
Basicamente, o plano de que se fala no documentário, é o «Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa (PGUEL), Etienne de Groer, 1948). E é aqui que reside um dos méritos do filme: explica o plano, as ideias e conceitos, mostrando os locais, plantas, maquetas, os métodos de trabalho e os meios de transporte daquele período.
Em 1938 a C.M. de Lisboa, sob a presidência de Duarte Pacheco, contratou o arquitecto – urbanista Étienne de Gröer, que juntamente com os serviços técnicos municipais, definiu as grandes linhas de desenvolvimento da cidade. Em 1948 o plano estava concluído e foi aprovado pela CML, embora nunca tivesse tido aprovação governamental. As principais linhas de força do plano foram as seguintes:
- Criação de uma rede viária radioconcêntrica a partir de um eixo construído pela Av. A. Augusto de Aguiar e o seu prolongamento até à estrada Lisboa-Porto.
- Organizar densidades populacionais decrescentes do centro para a periferia;
- Criar uma zona industrial na zona oriental da cidade, associada ao porto;
- Construir uma ponte sobre o Tejo no Poço do Bispo-Montijo, ligada a uma das circulares;
- Construir um aeroporto internacional na parte norte da cidade;
- Criar um parque em Monsanto com cerca de 900ha, e uma zona verde em torno da cidade que incluiria o Parque de Monsanto e que se prolongaria pela várzea de Loures até ao Tejo.
O principal instrumento do plano foi o zonamento, dividindo o espaço em áreas com diferentes usos, às quais se aplicava legislação específica. 

Nota(s): devido à longa duração do filme (aprox. 40 min.), decidimos exibi-lo em duas partes com cerca de 20 min. cada.

«Lisboa de Hoje e de Amanhã»- Parte 1

«Lisboa de Hoje e de Amanhã»  Parte II

Sunday, 18 May 2025

Rua António Maria Cardoso que foi «do Tesouro Velho» e «do Picadeiro das Portas de Santa Catarina»

Entremos pela Rua António Maria Cardoso — convida Norberto de Araújo — dístico que celebra o explorador africano do final do século passado [1890], e substituí o de «Tesouro Velho», designação anterior da artéria. 
Além Chiado, pelo lado Sul, as ruas tomaram, quási todas, os nomes dos exploradores dos sertões de África; assim por aqui se perpetuam Roberto Ivens, Hermenegildo Capêlo, Serpa Pinto, Paiva de Andrada, Vitor Cordon, figuras de sábios pioneiros africanistas. Diga-se, em abono da verdade, apesar de sermos pouco votados à substituição dos dísticos das ruas: se a Câmara um belo dia não houvesse determinado a colocação dos nomes daqueles homens nestas esquinas - talvez já ninguém se lembrasse deles. [Araújo: XI, 1939]

Rua António Maria Cardoso, antiga do Tesouro Velho [c. 1912|
A caminho do Animatógrafo Chiado Terrasse. Ao fundo vê-se a Rua Nova da Trindade.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

No final do ano de 1908, aparece o Salão Terrasse (depois Chiado Terrasse), "o novo animatógrapho, ao ar livre" na chiquérrima António Maria Cardoso (1890). Com a remodelação (1911) “de uma elegância extraordinária”, enceta a ideia dos cinemas feitos de raiz e torna-se a sala da moda.

Rua António Maria Cardoso, antiga do Tesouro Velho [c. 1912|
Em exibição o filme mudo "A Desterrada", no original "The Unwilling Bride", uma "coboiada" americana produzida pela "Pathé Frères" no longínquo ano de 1912.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O sr. Augusto, de maré, dá-lhes dinheiro e eles levam-na ao Chiado Terrasse. A Ryala, que nunca imaginou que tal coisa pudesse existir, enche a sala de brados de assombro e risos descompassados. Há uma comédia de Max Linder e uma fita de peles-vermelhas. Ao ver surgir pela frente em pleno Far-West, entre cavalgadas, frechadas e tiros, uma locomotiva que avança a todo o vapor sobre a audiência, não há quem a segure: um grito de terror, um salto de cabra, e a Ryala abala a fugir, para não ser esmagada pelo trén! Esta noite foi ela a heroína do Far-West ao alto do Chiado.
(Miguéis, José Rodrigues (1901-1980), A Escola do Paraíso, 1960)

Rua António Maria Cardoso, antiga do Tesouro Velho |c. 1912]
À dir. observa-se o Teatro S. Luis e, à esq., o muro do Palácio Quintela
O topónimo Rua António Maria Cardoso foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa, através de Deliberação Camarária de 06/02/1890 e Edital de 6/02/1890, à antiga Rua do Tesouro Velho.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

N.B. António Maria Cardoso, (1849—1900) foi um oficial da Marinha, deputado e explorador em África, na segunda metade do século XIX.1 Em 1882, na companhia de outros explorador, João de Azevedo Coutinho, realizou uma expedição cujas conclusões foram publicadas pela Sociedade de Geografia de Lisboa. Foi eleito deputado em 1890.

Friday, 16 May 2025

Lojas de Antanho: Tabacaria Marecos

Casa fundada em 1908 (antes Sapataria Coimbra), propriedade de José Rodrigues Marecos, dono da Tabacaria Mónaco [desde 1916], na Praça de D. Pedro IV, 21.

Desde que me entendi até aos vinte e cinco anos, morei no sítio mais concorrido de Lisboa, isto é, no funil por onde passava tudo que Lisboa tinha de óptimo e bom, no primeiro andar por cima da tabacaria Marecos, na rua do Principe, hoje 1.º de Dezembro, nos tempos em que ainda não existia a estação do Rossio nem o Avenida Palace. (Barbosa, Sempre Fixe, 1927)

Lojas de Antanho: Tabacaria Marecos |1910|
Rua Primeiro de Dezembro, 124 antiga «do Príncipe» 
Á porta da Tabacaria Marecos, na Rua 1.º de Dezembro, frente ao Avenida Palace , cavaqueando desprendidamente com a rapaziada desse tempo, onde havia estudantes, actores, jornalistas, amadores tauromáquicos, e alguns exímios tocadores de guitarra.. [Freire: 1945]
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

A serventia parece que fora chamada pelo vulgo, no tempo de Pombal, depois do Terramoto — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , Rua Nova das Hortas e Rua das Hortas (e que constituiria referência oral à Horta da Mancebia ou a horta dos terreiros do Duque de Cadaval ou dos Condes de Faro, mais para Norte). Antes de 1755 a Rua tinha já o traçado sensivelmente idêntico ao de hoje, e chamava-se Rua de Valverde – lindo nome. ==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 85)

Rua Primeiro de Dezembro |entre 1926 e 1929|
À esq. — no edifico que acabou demolido em 1952 — observam-se as fachadas da Tabacaria Marecos e do Café Suisso tornejando para a Praça D. João da Câmara
Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente

N.B. Por Edital municipal de 7 de agosto de 1911 a Rua do Príncipe e Largo da Rua do Príncipe passaram a denominar-se Rua Primeiro Dezembro, a data da Restauração em 1640.

Sunday, 11 May 2025

Largo de Santos-o-Novo que foi «de Santos Novos»

Saímos do Páteo das Comendadeiras para o [pequeno] Largo de Santos-o-Novo. Estamos na antiga e ressonante Calçada das Lajes». [Araújo: 1939]

Este Largo recolhe o topónimo da Igreja edificada nestes terrenos do Alto do Varejão que fizeram parte da  na sua orla do lado nascente.

Largo de Santos-o-Novo |c. 1900|
Antigo Largo de Santos Novos. Perspectiva tomada do Pátio das Comendadeiras de Santos
com a Calçada das Lajes, ao fundo, onde se observa o edifício com arco já demolido. À dir. vê-se o
portal pertencente ao Palacete Pereira Forjaz (ou Bertiandos) na antiga Quinta da Cruz da Pedra
antes da demolição da Quinta do Manique, cujo portal se vê ao fundo. 

José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto está erradamente identificado no abandalhado amL como «Arco do Recolhimento
de Lázaro Leitão»
.

Santos (pateo das commendadeiras de) segundo á direita na calçada da Cruz da Pedra, indo da Madre de Deus e finda no largo de Santos Novos, freg. de St. Engracia (f) Dentro d'este pateo está a egreja e convento das commendadeiras de Santos, fundado em 1217, transferida da egreja de Santos o Velho em 1490, incendiado pelo terremoto foi novamente reedificado.

Santos Novos (largo de) primeiro á esquerda na calçada das Lages, indo da calçada da Cruz da Pedra, e finda no alto do Varejão, freguezia de Santa Engracia 1 a 38. [Velloso: 1869]

Largo de Santos-o-Novo |1967-03|
Antigo Largo de Santos Novos
Portal pertencente ao Palacete Pereira Forjaz (ou Bertiandos) na antiga Quinta da Cruz da Pedra.
Augusto de Jesu, Fernandes in Lisboa de Antigamente

Duas ou três breves palavras sobre o Mosteiro de Santos-o-Novo. Edificado no séc. XVII — 1609, arq.º Baltasar Álvares — , o Convento das comendadeiras de S. Tiago de Santos-o-Novo, designação que se projectou do Mosteiro às suas redondezas, foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, tendo então sofrido obras de recuperação. Foi definitivamente desafectado ao culto em finais do século XIX. No claustro, de planta quadrada, abrem-se galerias de arcos de volta perfeita albergando as capelas do Senhor dos Passos e da Encarnação, que se encontram revestidas a talha, estatuária e azulejaria. A igreja, de nave única, tem nas paredes laterais painéis azulejares, integrando ainda talha e mármores polícromos. A classificação inclui a Igreja, o claustro e demais dependências, assim como as zonas exteriores ajardinadas, formando o conjunto da cerca conventual. [IPPC]

Mosteiro das Comendadeiras de Santos-o-Novo, fachada S. |1932|
Largo de Santos-o-Novo; Páteo das Comendadeiras, à Calçada das Lages. Em baixo vê-se a Rua de Santa Apolónia.
Com 360 janelas em três pavimentos representava já uma enormidade construtiva este casarão que vês, só concluído oitenta anos depois de iniciado, entrando para ele as Comendadeiras em 1685. [Araujo: 1939]
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 9 May 2025

Largo do Calhariz

Calhariz (largo do) fica entre as ruas do Loreto, Chagas, Atalaya, Roza, Cruz de Pau, e calçadas da bica de Duarte Bello e Combro, freguezias da Encarnação 26 a 34, Santa Catharina A a 21, Mercês 22 a 25. 
Está n'este largo o palacio do Duque de Palmella [Palácio Calhariz-Palmela], que se torna digno de ser visto pelas bellas pinturas que contêem as salas. [Velloso: 1869]

Largo do Calhariz |1924-04|
Rua da Bica de Duarte Belo; Palácio Valada-Azambuja.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda no arquivo: «Greve dos padeiros em Abril de 1924. Uma 'bicha' numa padaria 'Aliança»
Nota(s): local da foto não está identificado no arquivo.

O Largo do Calhariz — diz Júlio de Castilho — toma o nome do antigo senhor do palácio [dos Sousas Calharizes], que era o primogénito destes Sousas, senhor da quinta célebre do Calhariz, perto de Azeitão. Chamavam-lhe a ele o Calhariz, como hoje se diria o Palmela, o Loulé, o Fronteira. Logo, vemos que essa denominação lisbonense da rua, ou largo, não passa além dos primeiros anos do século XVII. [Castilho: 1937]

Largo do Calhariz |1922-08-13|
Rua Luz SorianoPalácio Calhariz-PalmelaRua da Atalaia.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda no arquivo: «Um aspecto da Greve Geral em Lisboa»
Nota(s): local da foto não está identificado no arquivo.

Sunday, 4 May 2025

Largo Rodrigues de Freitas: Vão lá dizer as gentes que isto aqui não é «Santo André»!


Chegara então ao Largo Rodrigues de Freitas, encruzilhada de uma meia dúzia de pequenas ruas, oásis verdejante, com algumas casas bem antigas, mas, infelizmente, bastante degradadas. Estará então a dois passos da igreja do Menino Deus.¹


Foi neste Largo de Rodrigues de Freitas que nos despedimos no cabo da última jornada — recorda o ilustre Norberto de Araújo. Aqui nos voltamos a encontrar — no coração do velho Santo André, santo da toponímia popular, cujo nome encheu o sítio, e por muitos anos perdurará. Vão lá dizer as gentes que isto aqui não é «Santo André»!

Largo Rodrigues de Freitas antigo de Santo André |1948-05|
Confluência da Rua de São Tomé, Calçada da Graça e Travessa do Açougue
 Costa do Castelo (esq.) e Calçada de Santo André; à dir., o Palácio dos Condes deFigueira.

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

A designação deriva da circunstância de neste local de que nos vamos aproximando — a Travessa do Açougue, que condu²z em pequena rampa à Calçada da Graça — ter existido a Igreja Paroquial daquela invocação.²

Largo Rodrigues de Freitas antigo de Santo André |c. 1960|
Confluência  da Travessa do Açougue (esq.) e Ruas do Salvador e de São Tomé.
Mário Pinto,, in Lisboa de Antigamente

No dia 31 de Maio de 1835, acabaram definitivamente as freguesias de Santa Marinha e de Santo André [...] Os letreiros dos carros eléctricos arvoravam durante muito tempo, o chamadouro do lugar que foi de grandeza e decaiu. Ficouporém, a Calçada de Santo André que vai até ao Terreirinho. O largo é que passou a ser de Rodrigues de Freitas, em 1915, sem que cousa alguma explique a homenagem local ao ilustre professor e notável democrata.
Nem sequer a existência de um centro republicano, com o seu nome, naquele âmbito justifica a distinção do município.³

Largo Rodrigues de Freitas antigo de Santo André |1967|
Jardim e Travessa do Açougue.
Artur Inácio Bastos, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ ADRAGÃO, José Victor; PINTO (Natália); RASQUILHO, Rui, Lisboa, p. 74, 1985.
² ARAUJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III, p. 12, 1938.
³ MARTINS, Rocha, Lisboa de ontem e de hoje : as colinas da cidade, p.1045.

Friday, 2 May 2025

Escadinhas dos Remédios (arco das)

A Rua dos Remédios segue no seu último troço, à esquerda, até à confluência do Paraíso; nós enfiamos — na companhia de Mestre Araújo  — por este pitoresco arco das Escadinhas dos Remédios – tão pintado por artistas poetas – com a nesga do Tejo ao fundo.
O arruamento faz referência à ermida de Nossa Senhora dos Remédios. Esta ermida chamou-se do Espírito Santo. Como se passou de um orago a outro: “Nesta Ermida do Espírito Santo havia um poço, onde certo dia apareceu uma imagem de Nossa Senhora, a qual apesar de ser tirada da água, vinha enxuta em sua pintura e tecido. Milagre foi! E acorriam os pescadores e famílias a implorar à Virgem remédio a seus males, e Nossa Senhora os curava. Daí a receber a imagem a invocação de Nossa Senhora dos Remédios foi um salto.” [Araújo: X, 1939]

Escadinhas dos Remédios |c. 1945|
(Dístico de 1879)
Perspectiva tirada do Beco da Lapa.
Fernando Martinez Pozal,  in Lisboa de Antigamente

N.B. No Itinerário lisbonense, de 1818, figuram duas Ruas dos Remédios: uma que principia no Largo do Terreiro do Trigo e termina na Rua das Portas da Cruz, e outra que é a quarta à esquerda , entrando pela Rua da Lapa, vindo dos Navegantes e termina na Rua da Santíssima Trindade (actual Garcia de Orta).

Escadinhas dos Remédios |meado séc. XX|
(Dístico de 1879)
Perspectiva tomada da Rua dos Remédios.
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 27 April 2025

Lojas de Antanho: Freire-Gravador

O jornal diário A Capital: Diário Republicano da Noite, na sua edição de 29 de Junho de 1916, dedicava um longo artigo às mais antigas e tradicionais lojas da Baixa, mais precisamente aquelas situadas na Rua Áurea, vulgo do Ouro. Sobre a história do estabelecimento denominado Freire Gravador — e respeitando a grafia da época — o texto rezava assim:

No outro quarteirao para o lado do Rocio fica o Freire-Gravador casa de larga fama, como se sabe, que teve a precede-la n'aquelle mesmo sitio, u, ourives de importancia. A casa Freire, pelos seus producros em ferro esmaltado, entre os que se se distinguem nas melhores taboletas que se fabricam e Portugal; pelas sua fábrica de carimbos, que nao tem rival, pelas suas officinas de gravura, notabilissimas, occupa, entre as suas congeneres, uma situação de privilegio.==
(A Capital: diário republicano da noite, Guimarães, Manuel, 1868-1938, ed. com., N.º 2106, 26 Jun. 1916)

Lojas de Antanho: Freire-Gravador |1932-03-03|
Rua Áurea (vulgo do Ouro), 158-64 com a Rua da Victoria, 90-96
Fund. 1882 — propriedade de Aires Lourenço Costa Freire
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Os anúncios pitorescos do Candeias do Intendente, do Clemente dos Gabões, do 92 da Rua Nova do Almada, do Freire Gravador ou do Mergulhão dos Cordões de Oiro, admirá-lo-iam decerto muito mais do que o reclamo do francês António la Fissière, alfaiate dos tafuis que dizia fazer e alugar fraques e os mais hábitos da modernice, ou do sapateiro que intitulava o seu estabelecimento de Real Fabrica de Botas Elásticas porque nela se servem ambos os sexo, e se acha a famosa invenção dos canhões postiços.

 

A unica fabrica
“Este anúncio é um labirinto, um novelo, uma teia!.
que ha completa na Europa
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carimbos de metal, borracha
e  para  lacre,   numeradores,
timbragem a côres, ouro, em
relevo, monogrammas e bra-
sões,  prensas, balancés, cu-
nhos,  alicates para sellar  a
chumbo,  fabrica de chapas
esmaltadas em metal e ferro,
gravura em pedra e seus an-
neis, lithographia,  typogra-
phia, papelaria ferragens, bi-
lhetes, trabalhos superiores,
é a casa ==============
A. L. FREIRE GRAVADOR
o qual  tem feito viagens  de
estudo á Allemanha, Austria,
Inglaterra, França, etc, é um
estab elecimento de  muitos
artigos. Preços baratissimos
com os quaes ninguem pode
competir =============
Mandam-se as encommendas
para a provincia á cobrança =

Em tudo se tem avançado, até nisto. O progresso no tocante às tabuletas vai de vento em popa e de velas inchadas. Desde o «Sempre por bom caminho e segue» dos «Armazéns Grandella» à Única Loja que Vende Barato de que se ufanam em letras pintadas tantas lojas de Lisboa, todas únicas, já se vê; da firma Faria & Filhos a que pertence uma botica ao Bom Sucesso (veja-se a coincidência!) a um Silva & Mata alfaiates que representa, evidentemente, uma vingança daquela aranha que foi morta por sete, há de tudo nas tabuletas e fachadas de Lisboa, a desafiar a crítica mordaz [...] encontra-se, porém, matéria para variadas e desenfastiadas cogitações filosóficas. Experimente-o, comigo, o paciente leitor. As casas de vinho, tabernas e botequins, como naquela no caminho para o alto de S. João, com a famosa legenda de «Reparem à ida, à volta cá os espero», que é um convite pagão de folia fúnebre para os carpideiros da praxe!==
(SEQUEIRA Gustavo de Matos). RELAÇÃO de Vários Casos Notáveis e Curiosos Sucedidos em tempo na cidade de Lisboa e em outras terras de Portugal, p. 58, 1925)

Lojas de Antanho: Freire-Gravador |c. 193-|
Rua Áurea, 158-64 com a Rua da Victoria, 90-96
Na última página deu com um grande anúncio, dois palmos de mão ancha, representando,
ao alto, à direita, o Freire Gravador, de monóculo e gravata, perfil antigo, e por baixo, até
ao rodapé, uma cascata doutros desenhos figurando os artigo fabricados nas suas oficinas, 
únicas que merecem o nome de completas, com legendas explicativas.
(SAMAGO, Jose O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984)
AFG, in Lisboa de Antigamente

N-B. Aires Lourenço Costa Freire, natural de Penela. Alcançou rapidamente uma boa reputação nacional, tendo além da sua loja na Rua Aurea (A. L. Freire-Gravador), um armazém na Calçada de S. Vicente e uma fábrica no Beco dos Clérigos, no bairro de Alfama em Lisboa. Mais tarde, muda a sua fábrica para estrada Paço de Arcos-Cacém. Aires Costa Freire detentor de grande fortuna, foi benemérito tendo construído um bairro para os seus trabalhadores no Dafundo, Algés, e cujas habitações ao fim de uns anos reverteriam para os próprios. O estabelecimento terá encerrado na década de 1960. (arquivodigital.cascais.pt)

Lojas de Antanho: Freire -Gravador, oficina |1932-03-03|
Rua Áurea, 158-64 com a Rua da Victoria, 90-96
Fund. 1882, por Aires Lourenço Costa Freire, fechou portas década de 1960.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 25 April 2025

Da Revolução dos Cravos de 1974 à Constituição da República Portuguesa de 1976

O 25 de Abril de 1974, marco fundamental na história recente de Portugal, implantou o Estado de Direito, a Liberdade e a Democracia no país, que se passaria a reger-se pela Constituição da República publicada em 1976. A constituição é um conjunto de normas que regem um Estado (país) que pode ser ou não codificado como um documento escrito, que enumera e limita os poderes e funções de uma entidade política. 
Essas regras formam, ou seja, constituem o que a entidade política é. (...) A Constituição da República Portuguesa de 1976 é aquela que ainda hoje se mantém em vigência. Foi redigida pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país, a 25 de Abril de 1975, no primeiro aniversário da Revolução dos Cravos. Entro em vigor no dia 25 de Abril de 1976. [Cunha: 20221

Rua Garrett esquina com a Rua Serpa Pinto |25 de Abril de 1974|
Revolução de 25 de Abril de 1974
Viatura Blindada de Reconhecimento Panhard EBR 75 17 Ton. 7,5cm 8X8 M/1959. Todas as 50 adquiridas por Portugal em 1959 vinham com a torre FL 10. Além da peça dispunha de 3 metralhadoras 7,5mm. Guarnição de 4 militares, motor a gasolina e autonomia entre os 650 e os 700 km. Blindagem entre 10 e 40mm (EBR- Engin Blindé de Reconnaissance). 
Simbologia relativa a antiga Região Militar Tomar, quando a viatura estava adstrita à Escola Prática Cavalaria em Santarém.
Gouveia, in Lisboa de Antigamente

05H00 - Apesar da a esta hora já vários responsáveis militares e governamentais estarem ao corrente do Movimento militar é Silva Pais (Director da PIDE/DGS) que telefona ao Presidente do Conselho Marcelo Caetano informando: “Senhor Presidente, a Revolução está na rua! O caso é muito grave. Os revoltosos ocuparam já as principais emissoras de rádio e a Televisão e tomaram o Quartel General da Região Militar de Lisboa. Caçadores 5 está com eles” Pouco depois em novo telefonema Silva Pais recomenda: “É indispensável que V.Exa. saia de casa com a maior urgência. Vá para o quartel do Carmo que a GNR está fixe”.
15H10 - Seguindo as instruções do Posto de Comando da Pontinha, as forças lideradas pelo Capitão Salgueiro Maia dirigem-se para o Quartel-General da Guarda Nacional Republicana, no Largo do Carmo, onde se encontram refugiados o ditador Marcelo Caetano e alguns dos seus ministros. As ruas que conduzem àquele Largo são bloqueadas por viaturas militares.

15H25 - Esgotado o tempo concedido para a rendição do Quartel do Carmo, o Cap. Salgueiro Maia dá ordem ao Ten. Santos Silva para com as metralhadoras da torre da sua Chaimite, abrir fogo sobre a parte superior da frontaria do quartel. São disparadas várias rajadas estoirando vidraças da frontaria do edifício. [a25abril]


Avenida da Liberdade |25 de Abril de 1976|
Da Revolução dos Cravos de 1974 à Constituição da República Portuguesa de 1976.
Chalber, in Lisboa de Antigamente

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
                          Sophia de Mello Andresen
                          in O Nome das Coisas, 1974

Sunday, 20 April 2025

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa»

No lugar onde hoje existe este cemitério, foi a antiga casa de saúde (lazareto) que se estabeleceu nas terras da Quinta dos Prazeres em 1599, no ano chamado da peste grande. Havia aqui uma fonte, sobre a qual apareceu uma imagem da Virgem (pelo que se chamou Fonte Santa, e á imagem Nossa Senhora dos Prazeres).
Fez-se-lhe uma ermida dentro do cemitério [em 1860 foi substituída por uma capela].
Os paroquianos de Santos prometeram uma procissão annual a Nossa Senhora se desaparecesse o flagelo da peste; e como foram ouvidos, têm até hoje cumprido o seu voto. [vd, Feira das Amoreiras]


Temos à vista o Cemitério dos Prazeres — observa Norberto de Araújo. Os cemitérios, em algumas cidades da Europa, são verdadeiros campos santos de arte, ou parques floridos; neles em verdade não se sente a morte, mas a vida, até pelos horizontes que deles se desfruta. O Cemitério dos Prazeres, já limitado, é, com efeito, um recinto fechado onde se topa alguma cousa de arte, que não é apenas a dos canteiros lavrantes, mas que não consente atribuir-se ao Cemitério a classificação de recinto de Museu.

 

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |1939|
Perpectiva tomada do Largo de Alcântara (Ruas. Maria Pia e Prior do Crato).
Os primeiros enterramentos socorreram em 1590 junto à primitiva ermida dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres, resultantes de uma epidemia de peste.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Este Cemitério, construído, como te disse, em 1833, embora só organizado formalmente em 1835, é contemporâneo do do Alto de S. João. Tem 82 ruas que preenchem 1.100 hectares
O portão da entrada foi traça do arquitecto Domingos Parente da Silva.

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |séc. XIX|
 Entrada vista da Praça São João Bosco.
O pórtico monumental, em estilo neo-clássico, com colunas que sustentam frontões triangulares de mármore e portões de ferro fundido é da autoria de Domingos Parente [da Silva].
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |c. 1900|
 Entrada vista da Alameda Central — que se estende até à capela do lugar — para Praça São João Bosco
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Entre os monumentos funerários cumpre-me apontar-te o de Oliveira Martins arquitectura de José Teixeira Lopes, no qual se admira a formosa figura «A História», do escultor António Teixeira Lopes; merecem-nos também referência o jazigo dos Bombeiros Municipais, por Simões de Almeida, tio, o dos Duques de Palmela, por Cinatt, com escultura de Calmels, o do Conde das Antas, também de Cinatti, o do Marquês de Valflor, o de Carvalho Monteiro, o de Guilherme Cossoul, além de muitos outros mausoléus destacados, ou simples colunas funerárias, que quebram a monotonia das alamedas .

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |195-|
Mausoléu dos marqueses de Valle Flor, no cemitério dos Prazeres.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa»
Jazigo de Oliveira Martins «A História» c. 1910; Mausoléu da família Carvalho Monteiro, 195-: Jazigo do Batalhão de Sapadores Bombeiros, 19--.  
in Lisboa de Antigamente

A Quinta dos Prazeres foi mais tarde dividida — recorda o ilustre Norberto de Araújo — e na parte que pertencia ao Conde de Lumiares, descendente dos Condes da Ilha, e que incluía a ermida e uma casa nobre, é que se construiu o Cemitério.
Eis-nos diante da «Taberna do João da Ermida». É o resto material da Ermida da Quinta dos Prazeres, que, quando se construiu o Cemitério, algum tempo serviu, ou se destinou para servir, a actos fúnebres. (A Capela do Cemitério data de 1869).

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |1866|
 Perpectiva tomada da Praça do Príncipe Real.
Francesco Rocchini, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
PINHO LEA, (Augusto) Portugal Antigo e Moderno, vol. 4,p- 200, 1874.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. XI, p. 60, 1939.

Friday, 18 April 2025

Rua Joaquim Bonifácio

«[...] a Rua Joaquim (Gregório) Bonifácio (vereador da Câmara a quem chamavam o “Bota-Abaixo” porque, para aformosear, não se lhe dava demolir) é de Julho de 1882, embora fosse aberta em 1878». [Araújo: II, 1938]

A Rua Joaquim Bonifácio que se estende pelas freguesias de S. Jorge de Arroios, Pena e Anjos, foi atribuída por deliberação camarária de 20/07/1882. Mais tarde, por edital de 23/03/1929, o troço da artéria compreendida entre a Rua de D. Estefânia e a Rua Gomes Freire, tomou o nome de Rua Joaquim Bonifácio, como prolongamento deste.

Ruas Joaquim Bonifácio (e do Conde de Redondo) |1958|
Obras da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, colocação de carris para o eléctrico. 
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Joaquim Gregório Bonifácio foi vereador da CML em 1834 e presidente da edilidade de 1834 a 1836, voltando como vereador em 1840, tendo a seu cargo o pelouro da Limpeza, Passeios, Mercado Novo e Praça da Figueira. Da obra deste homem diligente e prático na cidade de Lisboa durante estes anos, registe-se os melhoramentos na Praça da Figueira, a limpeza dos restos das ruínas do Terramoto, a conclusão dos arranjos do Rossio e do Terreiro do Paço em 1841.

Rua Joaquim Bonifácio |1958|
Obras da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, colocação de carris para o eléctrico. 
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 13 April 2025

Sítio de Alvalade: o Pequeno e o Grande

A Estr. de Jerabrigam ia, pois, ao Campo de Alvalade onde, à beira do caminho, surgiram duas povoações distintas, denominadas do Campo, sendo a maior o Campo Grande, e a menor o Campo Pequeno. Grande e Pequeno não são alusivos a campos distintos, mas a póvoas distintas em que uma era maior que a outra, e ambas no mesmo campo.

Quase todos os dicionários de Língua Portuguesa trazem o artigo «alvalade» a que dão o sentido de «campo ou pátio murado». A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, além dessa acepção, que não sei onde se foi arranjar, dá ainda mais esta: «Estrado ou tablado erguido do chão e destinado a permitir que dele se veia (sic) solenidade ou espectáculo». Traz como abonação um passo do El-Rei Seleuco de Camões, que é, na íntegra, como segue: «Mas tornando ao que importa, vossas mercês he necessario que se cheguem hus para os outros, para darem lugar aos outros senhores que hào de vir, que doutra maneira, se todo o corro se ha de gastar em palanques, será bom mandar fazer outro alualade....» , p. 83 da admirável edição do prof. Marques Braga.¹

 

Fotografia aérea do bairro de Alvalade e jardim do Campo Grande |c. 1953|
O Campo Grande tem este topónimo fixado através da publicação do Edital municipal de 19 de Janeiro, de 1916, que assim juntou as Ruas Oriental e Ocidental num único topónimo.
Abreu Nunes, in Lisboa de Antigamente
Fotografia aérea do Campo Grande |1955|
Em 1869, durante o reinado de D. Luís I, arranca a construção do lago principal, para agradar às esposas e famílias dos amantes de cavalos. Nascem os passeios românticos de barco a remos, frequentados por nobres e realeza. 
Mário Oliveira, in Lisboa de Antigamente

Julgo que o passo é bem claro: Alvalade não quer dizer nada do que se lhe atribui na Enciclopédia! Naquelas palavras a que oferece tal acepção é palanque. Camões pretendeu muito simplesmente dizer na sua o seguinte: se porventura os espectadores não se apertassem, quando se verificasse a chegada dos retardatários, para que todos ali coubessem, seria necessário mandar lá construir outro Alvalade, mas o Alvalade topónimo, o Alvalade sítio correspondente ao actual Campo Grande, naquela época fora do perímetro da Capital. Como esta designação moderna ainda o indica, a superfície dos terrenos desse local era extensa, de tal maneira que por vezes até lá se reuniam tropas para manobras. Alvalade, portanto, no citado passo camoniano tem de ser entendido, repita--se, como nome de sítio e não como nome comum, embora, por comparação, Camões o utilizasse, dada a referida extensão do local, para exprimir as ideias de «espaço vasto», «terreno extenso». Trata-se de topónimo já atestável em 933, não o de Lisboa, mas outro «in territorio conimbriense» («...de uilla de albalat per suos terminos», idem, p . 25), etc. A sua origem está no árabe al-balâT, «parte chata ou «plana», «prato chato», «chão», daí «terreno plano, planície».²


Campo Grande, antigo Campo 28 de Maio |séc. XIX|
O Lumiar tinha garantidas as suas carreiras, tomando os passageiros os veículos na Rua do Ouro, 265, por um tostão; pagavam-se quatro vinténs ate ao Campo Grande. (Martans, 1947)
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Campo Grande, antigo Campo 28 de Maio |1910|
Em 1816 alberga as primeiras corridas de cavalos, sendo que hoje em dia os concursos hípicos são realizados nas proximidades do jardim, por trás do Museu da Cidade (Palácio Pimenta).
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente
Campo Grande, antigo Campo 28 de Maio |1909-06-06|
Concurso de raça bovina no Campo Grande promovido pela Real Associação Central de Agricultura.
Nota(s): A Feira do Campo Grande (ou das Nozes, séc. XVI) remonta ao tempo de Dona Maria I. Foi transferida para o Lumiar em 1902, tendo estado posteriormente no Campo Pequeno e voltado novamente ao Campo Grande. Em 1932, regressa de novo ao Lumiar até à sua extinção.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

No século XX, Alvalade, até então topónimo não oficial, foi oficializado pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Álvaro Salvação Barreto ao determinar “[…] que o aglomerado habitacional que se está erguendo a sul da Avenida Alferes Malheiro [actual Av. Brasil], à beira do Campo 28 de Maio [hoje Campo Grande] tenha a denominação de Sítio de Alvalade.” (3 de Março de 1948). O moderno Bairro de Alvalade foi projectado por Faria da Costa, em 1940/1945, desenvolveu-se a partir da ideia de subunidades de vizinhança com espaços de comércio local, de educação, e de recreio, deixando as grandes vias para a circulação automóvel, que cruzava o bairro.

Praça de Alvalade |195-|
Cruzamento das Avenidas de Roma e da Igreja
Naqueles terrenos baldios, ao centro, encontra-se hoje o Centro Comercial de Alvalade.
 Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

A Praça de Alvalade foi criada aquando da construção do Bairro de Alvalade (c. 1950), tendo inicialmente adoptado a designação de Largo Frei Luís de Sousa. Contudo, quando foi erigida no seu centro a estátua de Santo António em 1972, evitaram-se as confusões, dando-lhe então a actual designação e alterando a designação do Largo de Alvalade para Largo Frei Luís de Sousa.³
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Bibliografia
¹ SAA, Mário, As Grandes Vias da Lusitania: O Itinerário de Antonino Pio. Lisboa, 1957-1967.
² JOSÉ PEDRO MACHADO - Factos, Pessoas e Livros: comentários através dos tempos, vol. V. Lisboa: Livraria Portugal, 2006.
³ jornaldapraceta.pt.
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