«Lisboa de Hoje e de Amanhã» é um documentário produzido pela CML, no ano de 1948, realizado, escrito e narrado por António Lopes Ribeiro (irmão do actor Ribeirinho).
«"Cineasta oficial do fascismo", como lhe chamaram alguns adversários políticos, o seu trabalho no documentarismo ficou como definidor de uma época, um regime e uma propaganda. Particularmente notórios são: «As Festas do Duplo Centenário-A Exposição do Mundo Português» e «Inauguração do Estádio Nacional», arquétipos de um estilo e de uma retórica.» [Dicionário do Cinema Português 1895-1961 por Jorge Leitão Ramos]
Não é de estranhar, portanto, o tom marcadamente propagandístico do filme, em todo o momento favorável ao regime e às políticas urbanas de então. Goste-se ou não do regime da época, são memórias que interessa preservar.
Basicamente, o plano de que se fala no documentário, é o «Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa (PGUEL), Etienne de Groer, 1948). E é aqui que reside um dos méritos do filme: explica o plano, as ideias e conceitos, mostrando os locais, plantas, maquetas, os métodos de trabalho e os meios de transporte daquele período.
Em 1938 a C.M. de Lisboa, sob a presidência de Duarte Pacheco, contratou o arquitecto – urbanista Étienne de Gröer, que juntamente com os serviços técnicos municipais, definiu as grandes linhas de desenvolvimento da cidade. Em 1948 o plano estava concluído e foi aprovado pela CML, embora nunca tivesse tido aprovação governamental. As principais linhas de força do plano foram as seguintes:
- Criação de uma rede viária radioconcêntrica a partir de um eixo construído pela Av. A. Augusto de Aguiar e o seu prolongamento até à estrada Lisboa-Porto.
- Organizar densidades populacionais decrescentes do centro para a periferia;
- Criar uma zona industrial na zona oriental da cidade, associada ao porto;
- Construir uma ponte sobre o Tejo no Poço do Bispo-Montijo, ligada a uma das circulares;
- Construir um aeroporto internacional na parte norte da cidade;
- Criar um parque em Monsanto com cerca de 900ha, e uma zona verde em torno da cidade que incluiria o Parque de Monsanto e que se prolongaria pela várzea de Loures até ao Tejo.
O principal instrumento do plano foi o zonamento, dividindo o espaço em áreas com diferentes usos, às quais se aplicava legislação específica.
Nota(s): devido à longa duração do filme (aprox. 40 min.), decidimos exibi-lo em duas partes com cerca de 20 min. cada.
«Lisboa de Hoje e de Amanhã»- Parte 1
«Lisboa de Hoje e de Amanhã» Parte II