Entremos pelas Escadinhas da Barroca — que não tem escadinhas!, [Homessa! Tem e não são poucas no troço que leva à Tv. de Sant'ana— caríssimo Norberto de Araújo] e iniciemo-nos em pitoresco.
Contempla este prèdiozito, n.ºˢ 10 e 12, expressivo, como uma aguarela congeminada por artista de olisiponense fantasia. Lisboa sobrepõe-se, em todos os sítios e bairros; uns pedaços há que não aderem ao urbanismo, nem sequer do século passado — e muitos havemos de encontrar. Este é um deles. [...]
Entra-se agora no Pátio do Salema, cujo lado poente é constituído por casas encostadas e pertencentes ao Palácio Almada: é este Pátio um recanto sombrio, que tem ao fundo um umbral do vizinho Convento da Encarnação, e que nos mostra apenas uma edificação sólida mas decrépita: o prédio n.° 4, de portal de certa vista, onde, antes da proclamação da República, existiu uma associação republicana, que deu local às famosas «reuniões do Pátio do Salema», areópago de idealista.¹
Pátio do Salema (Escadinhas da Barroca) |1939| Alguns pátios transformaram-se em via pública, tais como os do Almotacé, do Conde de Soure, do Salema, do Salgueiro, do Silva e Cruz, do Tijolo. Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
¹ Em 1864, foi fundado no Pátio do Salema um centro republicano, donde saiu o Partido Reformista, que foi, por assim dizer, a guarda avançada do Partido Republicano. Era o denominado «Clube dos Lunáticos». Servia como ponto de encontro dos idealistas que em 1848 tinham acreditado na possibilidade de mudança de regime, onde se encontravam em torno de António de Oliveira Marreca, Gilberto Rola, Francisco Maria de Sousa Brandão, José Elias Garcia, Saraiva de Carvalho, Bernardino Pinheiro e Latino Coelho.
_____________________________________________Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, pp. 12-13,, 1938.
Olisipo: boletim do Grupo «Amigos de Lisboa», Vol. 17, 1942.
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