Já agora olhemos este edifício baixo, enorme, sobre o rio: a Cordoaria Nacional. A Cordoaria Nacional — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , dependente do Ministério da Marinha, foi criada pelo Marquês de Pombal em Junho de 1771, sobre terrenos contíguos ao Forte de S. João.
Do final do século XVIII até o princípio do século seguinte, e desde que um documento oficial regulou o serviço de cordoaria, pinhais e matas, para o armamento dos navios de guerra, esteve o novo estabelecimento em actividade florescente, que depois abrandou; para o proteger foi necessário proibir a importação de cordoaria estrangeira, e um seu inspector, conselheiro Miguel Franzini, conseguiu cerca de 1820, elevar de novo a grande nível a Cordoaria Nacional, em parte incendiada em 1826, logo reconstruída, e que pelo decorrer do século passado recebeu grandes melhoramentos quer técnicos quer materiais.
São notáveis pela sua extensão e construção das duas grandes oficinas que ocupam quási na totalidade longitudinal do edifício, nas duas alas laterais.
No edifício da Cordoaria Nacional instalou-se em 1902 a Escola de Medicina Tropical, cujo nome em 1937 passou a ser o de Instituto de Medicina Tropical, com laboratórios, biblioteca especializada, e instalações de Higiene e Patologia Exóticas.
N.B. Com provável traçado do arqº Reinaldo Manuel dos Santos (1731 - 1791), é testemunho de uma construção de carácter industrial onde se albergavam,
entre outras, oficinas de cordame, velame e alfaiataria e bandeiras, a
sua traça arquitectónica é marcada por um despojo decorativo,
destacando-se na fachada norte do corpo central um portal com
emolduramento de cantaria, animada por janela de avental e verga curva.
Na fachada sul do mesmo corpo central podemos encontrar um portal com
emolduramento e verga em arco abatido.
O edifício sofreu, ao longo dos tempos, diversas campanhas de obras,
ditadas quer pelos incêndios que nele grassaram em 1826, 1881 e 1949,
quer pela necessidade de adaptação dos seus espaços à instalação de
serviços que não estavam directamente relacionados com a sua vocação
original, quer pelas alterações impostas pelo tecido viário circundante.
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de Peregrinações em Lisboa», vol. IX, p. 55, 1939.
ARAÚJO, Norberto de Peregrinações em Lisboa», vol. IX, p. 55, 1939.
PINHO LEAL, (Augusto) Portugal Antigo e Moderno, 1874.
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