Sunday, 27 July 2025

Cordoaria Nacional que foi «Real Fábrica da Cordoaria»

Já agora olhemos este edifício baixo, enorme, sobre o rio: a Cordoaria Nacional. A Cordoaria Nacional — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , dependente do Ministério da Marinha, foi criada pelo Marquês de Pombal em Junho de 1771, sobre terrenos contíguos ao Forte de S. João

Do final do século XVIII até o princípio do século seguinte, e desde que um documento oficial regulou o serviço de cordoaria, pinhais e matas, para o armamento dos navios de guerra, esteve o novo estabelecimento em actividade florescente, que depois abrandou; para o proteger foi necessário proibir a importação de cordoaria estrangeira, e um seu inspector, conselheiro Miguel Franzini, conseguiu cerca de 1820, elevar de novo a grande nível a Cordoaria Nacional, em parte incendiada em 1826, logo reconstruída, e que pelo decorrer do século passado recebeu grandes melhoramentos quer técnicos quer materiais.

Cordoaria Nacional, ala nascente |194-|
Avenida da Índia; Rua da Junqueira, 187-189; Travessa das Galeotas; Rua de Mécia Mouzinho de Albuquerque
Erguido no cenário da antiga praia de Belém, está actualmente integrado no plano urbano que define a Junqueira e a Avenida da Índia, estendendo-se por um conjunto de construções alinhadas paralelamente ao rio.
Kurt Pinto, 
in Lisboa de Antigamente
Cordoaria Nacional, poente|194-|
Avenida da Índia; Rua da Junqueira, 187-189; Travessa das Galeotas; Rua de Mécia Mouzinho de Albuquerque
A entrada principal é feita por um corpo central de dois andares que permite a distribuição por todo o edifício.
Kurt Pinto, 
in Lisboa de Antigamente

São notáveis pela sua extensão e construção das duas grandes oficinas que ocupam quási na totalidade longitudinal do edifício, nas duas alas laterais. 
No edifício da Cordoaria Nacional instalou-se em 1902Escola de Medicina Tropical, cujo nome em 1937 passou a ser o de Instituto de Medicina Tropical, com laboratórios, biblioteca especializada, e instalações de Higiene e Patologia Exóticas.

Cordoaria Nacional, fachada N. |1961|
Rua da Junqueira esquina com a Rua de Mécia Mouzinho de Albuquerque; Avenida da Índia; Travessa das Galeotas. 
Na fachada do corpo central virada à Rua da Junqueira N., sobressai o portal com moldura de cantaria, combinado com uma janela de avental e verga curva.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

N.B. Com provável traçado do arqº Reinaldo Manuel dos Santos (1731 - 1791), é testemunho de uma construção de carácter industrial onde se albergavam, entre outras, oficinas de cordame, velame e alfaiataria e bandeiras, a sua traça arquitectónica é marcada por um despojo decorativo, destacando-se na fachada norte do corpo central um portal com emolduramento de cantaria, animada por janela de avental e verga curva. Na fachada sul do mesmo corpo central podemos encontrar um portal com emolduramento e verga em arco abatido.
O edifício sofreu, ao longo dos tempos, diversas campanhas de obras, ditadas quer pelos incêndios que nele grassaram em 1826, 1881 e 1949, quer pela necessidade de adaptação dos seus espaços à instalação de serviços que não estavam directamente relacionados com a sua vocação original, quer pelas alterações impostas pelo tecido viário circundante.

Cordoaria Nacional |195-|
Avenida da Índia; Rua da JunqueiraTravessa das Galeotas; Rua de Mécia Mouzinho de Albuquerque
Fotografia aérea da Avenida da Índia, zona da Cordoaria Nacional à Junqueira.
Mário de Oliveira
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de Peregrinações em Lisboa», vol. IX, p. 55, 1939.
PINHO LEAL, (Augusto) Portugal Antigo e Moderno, 1874.

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