O Monumento dos Jerónimos, opulenta jóia quinhentista de arquitectura e de estatutária representa na realização global uma projecção das glórias marítimas portuguesas. É certo que não foi concebido e projectado para celebrar essas glórias. pois a bula de Alexandre VI (1496) que aprovou a construção do mosteiro é anterior à largada das naus de Vasco da Gama para a India (1497), e a doação, por escambo com os freires de Cristo, da pequena ermida quatrocentista, fundada pelo Infante D. Henrique, de N. Senhora do Restelo, aos frades de S. Jerónimo, precedeu no ano de 1499 (Janeiro) a boa nova trazida pela «Berrio» (Julho) da chegada da frota a Calicut.
No fim do século o monumento não estava, porém, ainda lançado, o que só sucedeu em 1502, ano da primeira pedra.
O Mosteiro dos Jerónimos está localizado na margem direita do rio Tejo e é composto por dois grandes espaços: a Igreja e Claustros e os dormitórios (actualmente Museu da Marinha e Museu Etnográfico de Arqueologia).
Este conjunto monumental estende-se numa área aproximada de 300X50 m2 com uma altura média de cerca de 20 m (50 m nas torres). A sua construção iniciou-se nos primórdios do século XVI tendo-se prolongado durante aproximadamente um século. Não se conhecem os documentos originais do seu projecto. Foi construído em calcário de Lioz com materiais provenientes, segundo documentos históricos, dos arredores de Lisboa e da pedreira de Belém adjacente ao monumento.
A Igreja é constituída por uma nave principal, um transepto com duas capelas laterais, uma capela-mor e uma torre sineira, no canto da fachada Sul com a fachada poente. A volumetria da Igreja apresenta dimensões consideráveis, com 70 m de comprimento, 23 m de largura na nave (40 m no transepto) e uma altura média de 24 m.
Entre 1867 e 1878 os cenógrafos do Teatro de S. Carlos, Rambois e Cinatti, vão reformular profundamente o anexo e a fachada da igreja, dando ao monumento o aspecto que conhecemos hoje. Vão, assim, demolir a galilé e a Sala dos Reis, construir os torreões em cada extremo Nascente e Poente do dormitório (em construção na 1ª foto), a rosácea do coro-alto e substituir a cobertura piramidal da torre sineira (vd. 1ª imagem) por uma cobertura mitrada (vd. 2ª imagem).
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1944.ROQUE, J. A,.bibliotecadigital.ipb.pt/, 2007
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