Agora vejamos para último elemento dêste passo — escreve Norberto de Araújo —, êsse velho Palácio da esquina da Travessa de D. Braz serventia rectificada há três anos [vd. N.B.], e com frente ao ângulo poente do jardim [9 de Abril]: é representativo da época de seiscentos, e tem ainda qualquer cousa de Lisboa velha.
Foi pertença de D. Brás da Silveira, da casa e família dos Marqueses das Minas; mais tarde, no século passado [XIX], veio à posse dos Viscondes de Tojal, aos quais, após um interregno em que pertenceu ao capitalista Quaresma, voltou à posse, que subsiste.
Estão nele instalados [em 1938]
vários serviços públicos, da Direcção Geral dos Impostos, e em parte
tem habitado, de há longos anos, o diplomata conselheiro Dr. Arenas de
Lima.
Os altos deste palácio e dos
prédios vizinhos, numa amálgama de planos, oferecem desde o alto do
edifício novo do Museu [de Arte Antiga] curiosas perspectivas.
E agora te digo, Dilecto: e se descançássemos uns momentos?
A cobertura do palácio foi bastante alterada
por diversos usos. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados
de 2 águas, rasgadas por trapeiras. Possui dois corpos distintos: um na Rua Presidente
Arriaga [antiga de S. Francisco de Paula (até 1920)], de dois pisos (onde se localiza o piso nobre) evidenciando
traços da origem seiscentista, outro na Travessa de D. Braz, de quatro
pisos, com características posteriores. Edifício ritmado por 13 janelas
de sacada com guardas em ferro forjado, no piso nobre, ao longo da
fachada marcada pela sucessão de 13 trapeiras (inicialmente era composto por 6 chaminés).
O
acesso ao interior é feito através de um átrio com tecto em estuque
decorativo. No interior encontram-se azulejos de figura avulsa, do 2º quartel do séc.
18, na escadaria principal e azulejaria pombalina nos pisos superiores (antigos estúdios de gravação); sala no piso nobre com tecto
setecentista em estuque estilo "rocaille" e azulejaria pombalina do 2º
período; tecto brasonado na entrada, com armas dos Sousa do Prado e
coroa de Marquês.
N.B. O homenageado Dom Brás, da íngreme ruela, é Dom Brás Baltasar da Silveira, nascido a 3 de Fevereiro de 1674. Foi Senhor de S. Cosmado, na comarca de Lamego, Comendador de Ranhados, e teve as Comendas de seu pai, D. Luís Baltasar da Silveira, casado com Dona Luísa Bernarda de Lima, filha das 2." núpcias do 1.° Marquês das Minas, D. Francisco de Sousa, décimo neto de Afonso III, de Portugal.Dom Brás consorciou-se com Dona Joana Inês Vicência de Meneses, filha de Aleixo de Sousa da Silva, 2.° Conde de Santiago. Os linhagistas tecem loas a Dom Brás, que acompanhou seu avô, o Marquês das Minas, até à Catalunha, ficando prisioneiro em Almanza. Regressado a Portugal, foi Mestre de Campo e General dos Exércitos, e governou as armas da Beira.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, pp. 61-62, 1938.
monumentos.pt.
SANTOS,Domingos Maurício Gomes, Brotéria, p. 206, 1952.
monumentos.pt.
SANTOS,Domingos Maurício Gomes, Brotéria, p. 206, 1952.
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