Também conhecida por Igreja de Nossa Senhora do Livramento e de S. José, a Igreja da Memória foi mandada construir por D. José I como agradecimento por ter escapado ao atentado sofrido em 1758. Para falarmos da Igreja da Memória temos de recuar até 3 de Setembro de 1758, quando o rei D. José I saiu do Palácio dos Condes da Calheta, após uma noite com a sua amante, Teresa de Távora, e sofreu um atentado. O facto de ir na carruagem de Pedro Teixeira — com o qual o Duque de Aveiro tinha um diferendo — deixa dúvidas que a intenção fosse um regicídio, mas foi a desculpa perfeita para se iniciar o processo contra os Távoras e a expulsão dos jesuítas de Portugal.
Igreja da Memória [1866] Largo da Memória Francesco Rocchini, in B.N.P. |
Por se ter salvo, o rei promete erguer uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Livramento e a primeira pedra é colocada a 3 de Setembro de 1760, ficando a cargo do arquitecto e cenógrafo italiano Giovanni Carlo Bibienna. Com a sua morte, são abandonadas algumas ideias do projecto original, como as três colunas com três santos que ficariam na fachada principal. Mateus Vicente de Oliveira assume os trabalhos e é o responsável pelo piso superior, introduzindo as varandas em madeira de cerejeira e pau Brasil. O chão de mármore cor-de-rosa é proveniente de Vila Viçosa, os altares são do século XVIII e os castiçais e o sacrário são em ouro. O painel no altar-mor é da autoria de Pedro Alexandrino e representa o rei a agradecer a Nossa Senhora do Livramento, entregando-lhe o seu ceptro. Depois da morte do monarca, a construção da igreja perdeu certo sentido e foram muitas as demoras até que estivesse concluída. Em 1923 foram para aqui transladados os restos mortais do Marquês de Pombal.(documentaromundo.com; patrimoniocultural.pt)
Igreja da Memória e chafariz da Memória [c.1950] Largo da Memória; Calçada do Galvão António Passaporte, in AML |
O Chafariz da Memória é uma obra do arquitecto régio Possidónio da Silva, de traço simples sobre uma base quadrada e obelisco central. Na Ajuda existia uma fonte no Palácio das Secretárias, sito na Calçada da Ajuda, onde se abasteciam os habitantes da zona. Aquando da vinda do pai do rei a Lisboa, a rainha D. Maria II ordenou a execução de obras no palácio, transformando-o em residência do seu sogro, o Duque Fernando da Saxónia-Coburgo-Gotha. A Vedoria da Casa Real negociou com a Câmara o aproveitamento das antigas bicas no Pátio das Vacas e na Memória para a construção de um novo chafariz. A Vedoria cedeu a cantaria que sobrou das obras do Palácio de Belém e encarregou o arquitecto régio Possidónio da Silva do encanamento das águas para a Calçada do Galvão. O Chafariz da Memória foi inaugurado em 13 de Junho de 1850. Os seus sobejos iam para a Quinta Real. Orçou a obra deste chafariz em 1 040$161 réis. (monumentos.pt)
Narrativa muito interessante do ponto de vista histórico/sociológico e cultural. Adoro essa igreja, pela sua beleza arquitetónica e a obra de arte incontornável, que se vislumbra do seu interior. A fotografia sem duvida fascinante, com um senão, as crianças que surgem descalças e aparentemente 'abandonadas a sua sorte', características marcantes e símbolo socioeconómico, de um tempo triste da nossa História,que já lá vai.
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