Na manhã de 1 de Junho de 1928 o trânsito em Portugal passou a fazer-se pela direita. Foram criados dísticos Pela Direita que foram espalhados um pouco por todo o lado, contribuindo assim para a boa ordem da circulação automóvel. Apesar destas medidas não tardaram os primeiros acidentes, como esta fotografia tão bem documenta.
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Acidente automóvel no Largo do Chiado, esquina da Rua António Maria Cardoso [1928] Ao fundo, podemos ver um dos sinais pendurado na Praça de Luís de Camões. Mário Novais, in Lisboa de Antigamente |
O primeiro código da estrada português publicado em 1928 era muito mais completo e apresentava outra estrutura relativamente ao regulamento para a circulação de automóveis de 1911, que revogou. Portugal acompanhava, assim, os restantes países europeus que publicaram, a partir dos anos vinte, os seus primeiros códigos da estrada, harmonizando-os com os regulamentos internacionais. Ao contrário do regulamento de 1911 que se aplicava apenas aos veículos automóveis, o código da estrada de 1928 aplicava-se também a todos os peões, animais e veículos que circulassem na estrada, integrando esse princípio da convenção para a circulação em estrada. Ainda incluiu o que era definido nessa convenção relativamente à necessidade de todos os veículos, mesmo os de tracção animal, terem um condutor e terem, pelo menos, uma luz branca na parte da frente para a circulação durante a noite. Integrou também o princípio da uniformização do sentido da circulação, definindo-o pela direita, de acordo com o que estava a ser uniformizado na Europa continental, e também a prioridade ter de ser dada aos veículos que viessem da direita (o mesmo lado do sentido de circulação).
Início da circulação pela direita a 1 de Junho de 1928 Os sinais colocados pelo Diário de Notícias e pela Vacuum Oil Company. |
A discussão do sentido de circulação já tinha sido feita durante a Convenção de Paris de 1909, mas foi rejeitada em plenário, em parte porque os fabricantes de automóveis defendiam que a circulação deveria ser à esquerda, porque a maioria dos carros fabricados tinham volante à direita. Nos anos vinte começaram a ser fabricados na Europa carros fechados e carros com volante à esquerda. Portugal era dos poucos países que tinham ainda a circulação pela esquerda, alterada pela resolução do novo código da estrada que era consequente com a convenção de Paris de 1926, o que gerou alguma contestação. Com a censura em vigor, alguma imprensa aproveitou esta alteração do sentido da circulação para comentar a orientação política da Ditadura Militar. (Maria Luísa de Castro Coelho de Oliveira e Sousa, A mobilidade automóvel em Portugal. A construção do sistema sócio-técnico, 1920-1950)
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