Neste local exacto do Palácio Mayer — recorda-nos Norberto de Araújo — existia no princípio de seiscentos uma Quinta da Legacia, ao fundo da Cerca arborizada dos Padres do Noviciado (Jardim Botânico). Estiveram nela (1639) num pequeno Hospício, os frades dominicanos irlandeses, que mais tarde, depois de correrem vários pousos de empréstimo, se instalaram no Corpo Santo. O Colégio dos Nobres (depois Escola Politécnica), como herdeiro dos bens da Companhia de Jesus, vendeu os terrenos e casas ao Arcebispo da Lacedemónia, que certamente os restaurou; um herdeiro do Arcebispo alugou sucessivamente o já então palácio ao 7.º Conde de Valadares (1822), e depois à famosa Marquesa de Aloma, D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, a «Alcipe» da história da literatura, que logo aos oito anos fora feita prisioneira no Convento de Chelas, onde permaneceu até aos 26 anos de idade. A Marquesa de Aloma morreu aqui em 11 de Outubro de 1839, à beira dos 90 anos.
O Palacete que aqui vês foi edificado em 1900 por Adolfo Mayer [o
arqº. foi Nicola Bigaglia (1841-1908), italiano radicado em Portugal], que adquiriu o velho palácio creio que aos descendentes da família Krus, a sua possuidora no tempo da Marquesa de Alorna.
Em 1920, por motivo de partilhas entre a família Mayer, herdeiros, o Palácio foi à Praça, adquirindo-o, com todos os seus jardins e dependências, Artur Brandão, que, pouco depois, o vendeu a uma. sociedade «Avenida Parque», como já veremos [vd. N.B.].
Entre 1918 e 1920 funcionou no Palácio um «Club Mayer», ao tipo dos clubes nocturnos de recreio e jogo dos da Rua de Santo Antão (Palace, Monumental, Bristol).
Finalmente em Março de 1930 o Govemo de Espanha (Primo de Rivera), comprou, com dispensa de pagamento de sisa, e por intermédio de Mateo Benito Garcia (que fez o seu negócio, muito discutido, o que o levou ao «carcel», em Espanha), o Palácio Mayer, era então Embaixador em Lisboa D. Cris tobal de Valin. Funcionam na Casa de Espanha o Consulado Geral, a Câmara do Comércio, e outros serviços.
Sem desfigurar a arquitectura exterior fêz-se depois uma ampliação no edifício, aproveitando a antiga garagem, hoje entrada para o Consulado.
Sem desfigurar a arquitectura exterior fêz-se depois uma ampliação no edifício, aproveitando a antiga garagem, hoje entrada para o Consulado.
N.B. Contrariando a legislação do Prémio Valmor, por não haver outro que
justificasse a atribuição do Prémio no ano de 1902, este foi atribuído
ao edifício em questão construído no ano anterior, tendo sido um dos melhores exemplares de arquitectura revivalista em Portugal, A propriedade incluía, para além do edifício, um extenso jardim, que,
tendo sido vendido em 1921, veio a dar origem ao Parque Mayer, recinto
de diversões, inaugurado em 15 de Junho de 1922.
Palácio Mayer |1937| Rua do Salitre, 1-3; Travessa do Salitre, 37; Av. da Liberdade e Monumento aos Mortos da Grande Guerra Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 35, 1939.
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