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Tuesday, 15 December 2015

Quinta e Palácio de Palhavã

Pois, companheiro paciente, aí temos um dos mais formosos espécimes palacianos lisboetas, em arquitectura nobre e equilibrada, documento seiscentista puro: o Palácio Azambuja, hoje [desde 1918] sede da Embaixada de Espanha.¹
O Palácio de Palhavã, conhecido por Palácio Azambuja ou Palácio dos «Meninos de Palhavã», remonta na sua feição senhorial a 1660, ano em que foi edificado sobre o núcleo e os chãos de casas nobres levantadas no começo do século XVI por Gomes Lourenço de Palhavã, da família Carvalhosas Palhavã, cujo solar se situava em Carvalhosa, no Concelho de Guimarães, onde esses fidalgos assistiam.²
 
Esta propriedade — lê-se no Archivo pittoresco — , ainda não há muitos anos, era célebre pela espessura de seus bosques, pela grandeza dos jardins e preciosa colecção das suas plantas, pela abundância de estátuas e vasos de mármore que a decoravam, dentre as quais algumas sobressaíam por excelência d'arte, e finalmente pela bondade e frescura de suas águas. 

Palácio de Palhavã [post. 1902]
Avenida António Augusto de Aguiar, 39, antiga estrada de Palhavã
Beatriz Chaves Bobone, in Lisboa de Antigamente
  
Esta quinta e palácio foram fundados na segunda metade do século XVII por D. Luiz Lobo da Silveira, segundo conde de Sarzedas. Seu filho, D. Rodrigo da Silveira, terceiro conde do mesmo título, fez-lhe muitos aumentos, entre outros o grande portão da entrada principal, onde avultam as armas desta antiga e ilustre família, que vindo a extinguir-se no século passado [XVIII], reverteram os seus bens para os condes da Ericeira, criados posteriormente marqueses de Louriçal; e pela extinção desta casa sucederam nos seus morgados os srs. condes de Lumiares. 

Palácio de Palhavã, portão brasonado [post. 1902]
Avenida António Augusto de Aguiar, 39
O Portal Nobre, no muro à esquerda do Palácio, de cantaria, com arco de volta
redonda, e coroado pela pedra de armas dos Mendoças, com a sua legenda
«Avé Maria», da casa Vale de Reis, adoptada pelos Loulés e Azambujas,
e que substitui a dos Sarzedas, que blasonou até 1861.
Beatriz Chaves Bobone, in Lisboa de Antigamente

No palácio de Palhavã morreu em 7 de Dezembro de 1663 a rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboya, filha do duque de Nemours, e mulher d'el-rei D. Pedro II, tendo ido para ali convalescer. Serviu também aquele palácio de residência aos príncipes D. António, D. Gaspar, e D. José, filhos naturais mas reconhecidos d'el-rei D. João V, (o segundo veio a ser arcebispo de Braga, e o terceiro inquisidor geral de Lisboa), aos quais o povo apelidava Meninos de Palhavã, epíteto que lhes conservou ainda mesmo na velhice. 

Palácio de Palhavã, pátio [post. 1902]
Avenida António Augusto de Aguiar, 39
Entrada nobre do  Palácio de Palhavã-Azambuja na face Norte do pátio.

Beatriz Chaves Bobone, in Lisboa de Antigamente
Palácio de Palhavã, pátio [post. 1902]
Avenida António Augusto de Aguiar, 39
No centro do pátio, uma escultura com a representação figurativa de Hércules e 4 estátuas de temática alegorico-mitológica, da autoria do escultor genovês Bernardo Schiaffino.

Beatriz Chaves Bobone, in Lisboa de Antigamente

Durante a longa residência destes príncipes em Palhavã chegou a quinta ao seu maior esplendor, e mais esmerada cultura. Adornavam-se os seus jardins com a mais rica e bela colecção de plantas exóticas que então havia na capital. Depois da morte dos príncipes começou a decadência da quinta, que aumentou posteriormente á invasão francesa de 1808. Porém a grande ruína desta propriedade foi causada pelas lutas durante o cerco de Lisboa de 1833, na guerra da restauração da liberdade.
Foi teatro de um mortífero combate na tarde e noite de 5 de Setembro d'aquele ano. Palácio e quinta tudo foi assolado. Desde então progrediu a devastação até ao ponto de reduzirem a terras de trigo os seus bosques, pomares, e jardins. Passado tempo alguns dos seus vasos e as figuras de mármore mais pequenas vieram ornar a varanda do jardim que se prolonga com o palácio do sr. conde de Lumiares, ao Passeio Publico. 

Palácio de Palhavã, portão brasonado [1944]
Avenida António Augusto de Aguiar, 39
No centro do pátio, uma escultura com a representação figurativa de Hércules e 4 estátuas de temática alegorico-mitológica, da autoria do escultor genovês Bernardo Schiaffino.

António Passaporte, in Lisboa de Antigamente
  
Porém ainda lá se conservam algumas estátuas colossais, erguendo-se em meio de cearas, e lagos ornados de figuras, tudo feito em Itália, havendo entre estas obras de arte algumas produções do célebre escultor Bernini. Felizmente esta propriedade foi comprada há pouco pelos srs. condes de Azambuja, que se propõem a restaurar o palácio e quinta, conservando ao primeiro todas as suas feições primitivas.³

Enquadramento do Palácio de Palhavã na Praça de Espanha [1966]
Avenida António Augusto de Aguiar, 39; Av. Calouste Gulbenkian e Av. de Berna
O Palácio de Palhauã é constituído por um corpo principal, quadrado em planta,
rematado nos quatros ângulos por corpos destacados, coroados por agulha piramidal, e formando uma espécie de torreões. Assinala-se o edifico pela  simplicidade nobre do conjunto e gracilidade das fachadas.
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

N.B. Actualmente, e desde 1939, é a residência oficial de Espanha em Portugal.  O Consulado funciona no Palácio Mayer na Rua do Salitre. Pode assistir aqui a uma visita guiada aos jardins do Palácio pela mão da Embaixadora de Espanha em Portugal — Marta Betanzos.
_______________________________________
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 55, 1939.
² idem, Inventário de Lisboa, vol. VI, 1949.
³  Archivo pittoresco, vol. IV, pp. 81-82, 1863.

Sunday, 23 February 2025

Avenida António Augusto de Aguiar, 144: Casa Júlio de Andrade

No contexto do grande plano de desenvolvimento camarário da cidade de Lisboa em direcção a norte, entre 1897 e 1898 foi rasgada a Av. António Augusto de Aguiar que, contando com pouco mais de um quilómetro de extensão, finalmente concretizava (embora de forma enviesada) a ligação há muito pretendida entre a Avenida da Liberdade e a Estr. da Circunvalação (actual Rua Marquês da Fronteira). Apenas em 1903 foram disponibilizados os talhões do quarteirão triangular formado pela Av. António Augusto de Aguiar, Rua Marquês da Fronteira) e Estr. da Palhavã (actual Rua Nicolau Bettencourt), junto do local onde a primeira terminava.
Em Junho de 1903, Júlio de Andrade (1838-1906), acrescentaria ao seu pecúlio o lote nº 34 (também com frente para a estrada da Palhavã), no aludido quarteirão triangular no extremo norte da avenida. Para este último contratou Raul Lino para projectar o que terá sido outra casa de rendimento.
A 29 de Fevereiro de 1904, «foi celebrado o contrato para a construção da casa entre o proprietário e o construtor civil Manuel Joaquim de Oliveira, tendo o arq.º Raul Lino e Inocêncio Madeira como testemunhas. A empreitada foi dada por 18:100$000 a pagar em sete prestações, devendo a obra estar concluída num prazo máximo de 12 meses.

Avenida António Augusto de Aguiar, 144 |post. 1903|
Casa de Júlio de Andrade
; atrás e a dir. notam-se as antigas torres do Parque José Maria Eugénio sobre a Rua Dr. Nicolau Bettencourt.
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

A fachada principal é definida pela configuração das coberturas, muito inclinadas e com beirado em madeira, à imagem dos chalets centro-europeus. Esta fachada era composta por volumes discretamente desencontrados, num jogo de vãos e varandas, cujas guardas de ferro apresentavam um intrincado desenho plenamente imbuído do estilo Arte Nova.
A casa de Júlio de Andrade não sobreviveu às alterações do tempo, tendo sido demolida em 2003, em vésperas de cumprir o primeiro centenário. [DGPC]

Avenida António Augusto de Aguiar, 144 |1966-04|
Casa de Júlio de Andrade; atrás e a dir. notam-se as antigas torres do Parque José Maria Eugénio sobre a Rua Dr. Nicolau Bettencourt.
Augusto de Jesus Fernandes, in Lisboa de Antigamente

N.B. Júlio de Andrade, (?-1906), apaixonado zoófilo, não foi só um ilustre membro da abastada burguesia lisboeta do final do séc. XIX. A sua acção destaca-se pelo seu papel enquanto membro fundador da Sociedade Protectora dos Animais em 1875.Em 1882 Júlio de Andrade teve a ideia de oferecer à cidade de Lisboa em nome da S.P.A. fontanários-bebedouro para animais. Foi director do Banco de Portugal (fundado a 19 Nov. 1846) e do Banco Lisboa & Açores (fundado a 22 Mar. 1875), tendo-se no entanto destacado pelos seus actos de benemerência.
Através de edital de 12/05/1910 a Câmara Municipal de Lisboa  homenageou-o com atribuição do seu nome à rua entre o Campo dos Mártires da Pátria e a Travessa da Cruz do Torel.  

Wednesday, 30 March 2016

Avenida António Augusto de Aguiar

Vamos, Dilecto — convida Norberto de Araújo — , dar volta pelo lado exterior nascente do Parque, subindo o primeiro lanço de Fontes Pereira de Melo, e tomando logo por António Augusto de Aguiar, Avenidas delineadas em 1899, que com lentidão se foram edificando por dez anos adiante.
(
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 51, 1939)

Avenida António Augusto de Aguiar [c. 1910]
Cruzamento junto do actual C. C. El Corte Inglés, em direcção à Av. Fontes Pereira de Melo (ao fundo): à esquerda a Rua Augusto dos Santos que leva ao sítio de S. Sebastião da Pedreira e a Travessa de S. Sebastião da Pedreira; à direita a futura Rua Eng. Canto Resende e acesso ao Parque da Liberdade, hoje Parque Eduardo VII.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

António Augusto de Aguiar (1838-1887) professor, investigador e político português. Formado em Ciências Naturais e Química pela Escola Politécnica, em 1860, passou a leccionar, um ano depois, nessa mesma escola, a disciplina de Química Mineral. Foi reitor em 1871.
Iniciou a sua actividade política em 1875. Foi eleito deputado em 1879... e par do reino em 1884. Fez parte do ministério presidido por Fontes, onde se dedicou especialmente ao ensino industrial. Foi ainda presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, vogal do Conselho Superior das Alfândegas e grão-mestre da Maçonaria Portuguesa. (cm-lisboa.pt)

Avenida António Augusto de Aguiar  [c. 1960]
Antiga Rua António Augusto de Aguiar, até 1902
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

Wednesday, 18 September 2019

Colégio Valsassina / Palácio Lousã

À época — por volta dos anos 30 do século passado — existiam em Lisboa vários locais onde os filhos de gente abastada estudavam: o Colégio Vasco da Gama, que viria da Travessa das Freiras a Arroios à actual Alameda; a Escola Académica, situada na quinta de S. João de Monte Agudo, à Penha de França, cuja publicidade elogiava os seus vastos jardins e os campos de jogos escolares e desportivos; a Escola Valsassina, instalada no antigo Palácio Lousã.

Colégio Valsassina / Palácio Lousã [1934]
Avenida António Augusto de Aguiar, 148
Palácio Lousã; à dir. a Casa José Joaquim Miguéis, projectada pelo arq. Miguel Ventura Terra (1902).
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
As origens do Colégio remontam a 1898, altura em que a Professora Susana Duarte fundou uma pequena escola primária na Rua de Santa Marinha, na parte antiga da cidade de Lisboa. Tendo casado com o Professor Frederico César de Valsassina em 12/12/1907, a então Escola Primária foi alargada ao Ensino Liceal para a preparação individual de alguns alunos.
Em Outubro de 1934 a então "Escola Valsassina", transferiu-se para o Palácio Lousã sito na Avenida António Augusto de Aguiar, 148, onde começou a verdadeira existência do Colégio Valsassina. Dispondo de magníficas instalações para a altura, permitiu o lançamento de um projecto educativo inovador, com todos os tipos de Ensino - Infantil, Primário e Liceal – para cerca de 300 alunos e com regime de internato para cerca de 80 alunos a partir dos finais dos anos 40 e até Setembro de 1959.
O Palácio Lousã foi demolido na década de 1960.

Palácio Lousã [1960]
Avenida António Augusto de Aguiar, 148
Augusto de Jesus Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
MADUREIRA, Arnaldo, Salazar e a Igreja (1928-1932), 2008.

cvalsassina.pt.

Sunday, 3 April 2022

Avenida António Augusto de Aguiar: cigana com burros

Os ciganos representam a maior minoria da Europa. São cerca de 11 milhões — mais do que a população de Portugal — mas não possuem registos escritos da sua história nem tão-pouco das suas andanças pelo mundo. A diáspora dos ciganos começou há 1500 anos no Noroeste da Índia e, uma vez chegados à Europa via Balcãs (mais precisamente à Bulgária), os ciganos começaram a espalhar-se por todo o continente, até à Península Ibérica. A Portugal, os primeiros ciganos terão chegado em 1462.


A não ser um ou outro cigano abastado que se domicilia, geralmente os da sua raça levam a vida errante por feiras e excursões, marchas longas, a pé ou a cavalo, com galgos para a caça. Vagueando, recolhem de noite às tendas e palheiros e, ao encontrarem nova povoação, orientam-se passeando os arredores a ver onde há gado ou aves para roubarem. Comem carne, peixe e couves misturadas, toucinho cru, porco desenterrado; e alguns há que justificam plenamente a quadra que compuseram lá em Espanha:
Un gitano se murió
Y dejó em el testamento
Que le enterrasen en viña Para chupar los sarmientos.

Avenida António Augusto de Aguiar |1909|
Cigana com burros próximo da Rua Augusto Santos.
Joshua Benoliel, iin Lisboa de Antigamente

Cigano em Portugal, gitano em Espanha, boémio em França e zíngaro na Itália, o cigano tem conservado, através do tempo e do espaço, os traços étnicos mais característicos de um povo ao qual as emigrações, com o seu ar de uma penitência eterna a remir um pecado imperdoável, em pouco lograram alterar os fundamentos. Do seu país de origem nada explicam e nada sabem ; a língua vai-se-lhes alterando mais ou menos profundamente e a ponto de serem já relativamente numerosos os dialectos ou sub-dialectos que eles falam. Mas caldarari na Hungria, ursari os da Bulgária, contratadores de gado os de Portugal, há traços dominantes que distinguem este povo nómada e disperso, notável sequer por semelhante persistência, pelos seus processos industriais quase proto-históricos e pela maneira primitiva das suas relações internacionais.

Avenida António Augusto de Aguiar |1909|
Cigana com burros; à esq. nota-se a vegetação do Parque Eduardo VII.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
F. Adolpho Coelho, Os ciganos de Portugal, 1892

Monday, 25 January 2016

Avenida António Augusto de Aguiar e Rua Filipe Folque

Esta rua homenageia Filipe Folque (1800-1874), doutorado em Matemática desde 1826 e que nesse mesmo ano foi nomeado ajudante do director das obras do Mondego, e no seguinte, ajudante do Observatório da Universidade de Coimbra. A partir de 1840 foi lente de Astronomia e Geodesia na Escola Politécnica de Lisboa e professor de matemática dos filhos da rainha D. Maria II.

Avenida António Augusto de Aguiar e Rua Filipe Folque [1959]
Dístico atribuído em 1902; Palacete Bensaúde [demolido]
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Depois, entre 1844 e 1870, Filipe Folque foi Director-geral dos Trabalhos Geodésicos do Reino e assim dirigiu entre 1856 e 1858 um levantamento topográfico de Lisboa (a Carta topographica da cidade de Lisboa, editada em 1878) e publicou diversos estudos como «Colecção de Tábuas para facilitar vários cálculos astronómicos e geodésicos» (1865) ou «Rapport sur les travaux géodésiques du Portugal et sur l’état actuel de ces mêmes travaux pour être présenté à la Comission Permanente de la Confèrence Internationale» (1868). (cm-lisboa.pt)

Rua Filipe Folque e Avenida António Augusto de Aguiar [1959]
Palacete Bensaúde [demolido]
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Friday, 25 March 2022

Avenida António Augusto de Aguiar

Vamos, Dilecto — convida Norberto de Araújo — , dar volta pelo lado exterior nascente do Parque [Eduardo VII], subindo o primeiro lanço de Fontes Pereira de Melo, e tomando logo por António Augusto de Aguiar, Avenidas delineadas em 1899, que com lentidão se foram edificando por dez anos adiante.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 51, 1939)

Avenida António Augusto de Aguiar [c. 1910]
O prédio de gaveto com a Av. Fontes Pereira de Melo, 2, já não existe; sublinhe-se que até 1 de Junho de 1928, a circulação de viaturas em Portugal fazia-se pela esquerda, como se pode constatar nesta imagem; à esquerda o Parque Eduardo VII].

Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Wednesday, 21 December 2016

Profissões de Antanho: o vendedor de perus

E pelas ruas os bandos de pernaltas lá vão saltando pela lama, transidos de frio, gru-gru, apanhando o seu carolo com a cana do vendilhão, que apregoa aos quatro ventos é casal de piruns.


Um dos «quadros» que mais emprestavam a Lisboa o carácter de uma época festiva — como hoje as grandes iluminações das ruas e das montras — era o tradicional aparecimento dos vendedores de perus. Com a ajuda de longas canas conduziam e mantinham os bandos de perus em perfeita disciplina, soltando ao mesmo tempo os seus ululantes e estridentes pregões:
— Méér-c´ò casál de perús!…
— Perú salôôiô! É sa-lôôiô!!!
— Olha óóó pru da roda vó-óóó-a!
Lisboa prepara n'este momento a festa do Natal. Grandes rebanhos de perus, enrabeirados de lama, espalham no macadame, as suas manchas movediças e escuras, de reflexos de aço, adornadas das florescências brancas e vermelhas dos moncos. Pessoas idóneas pastoreiam esses galináceos guiando-os a golpes de cana por entre as rodas dos trens e por entre as pernas dos viandantes. Na compra destes perus convém escolher os mais teimosos: à força de cana são esses os mais tenros. [1]

Largo  de S. Ddomingos |c. 1891|
Augusto Bobone, in Lisboa de Antigamente
Praça dos Restauradores |c. 1891|
Augusto Bobone, in Lisboa de Antigamente
Largo de São Roque, desde 1913, Largo Trindade Coelho |c. 1903-1908|
Ao fundo a Calçada do Duque e a Rua Nova de Trindade
Charles Chusseau-Flaviens, in Lisboa de Antigamente
Avenida António Augusto de Aguiar tornejando a Rua Augusto dos Santos |1921-12~27||
enda de perus junto a residência do antigo Pres. da República António José de Almeida (1866-1929). António José de Almeida, político republicano, foi o 6º presidente da República Portuguesa, cargo que exerceu de 5 de Outubro de 1919 a 5 de Outubro de 1923.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
Dias antes do Natal, os saloios apareciam a vender perus pelas ruas da cidade exibindo os bandos de aves mais propriamente pelo largo de S. Domingos, praças da Figueira e do Camões e outros locais por aí. Era ver os gordos perus carecas, os moncos avermelhados ou azuis, consoante seus estados de espírito, tufando-se e abrindo os rabos em leque na vã tentativa de querer imitar os pavões, perdendo embora seu feitio brigão, acobardados, talvez na dúvida dos seus destinos, fazendo ouvir os gluglus repetidos ao primeiro assobio do vendedor para os manter empertigados, atitude que em breve acabaria numa fatal bebedeira de bagaço quando, em ablativos de morte, lhes poupavam carinhosamente o desgosto de assistir ao seu próprio fim, para regalo das jantaradas que sempre comemoraram o nascimento do Menino. [2]

Profissões de Antanho: o vendedor de perusPraça Dom Pedro IV |c. 1891|
Augusto Bobone, in Lisboa de Antigamente
Largo de São Domingos |190-|
(Escadinhas Barroca)
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente
Praça de D. Pedro IV |ant. 1908|
Venda ambulante de perus junto à Loja do Povo (Rossio)
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
[1] ORTIGÃO, Ramalho, As Farpas: A religião e a arte, p. 171, 1888.
[2] DINIS, Calderon, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1900-1974, p. 181, 1974.


Sunday, 15 April 2018

Bairro Azul

Começou por escolher o bairro onde mais gostaria de morar. Pensou em vários, e às suas preferências nunca era alheia a recordação dos tempos, ainda tão próximos, em que fora criada de servir. Gostaria, por exemplo, de ir pôr casa no Bairro Azul, só para «fazer ver» [...]¹


Estando embora em presença de uma Arquitectura civil, o Bairro Azul — Ruas Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão e Avenida Ressano Garcia — constitui um conjunto arquitectónico que se reveste de uma homogeneidade ímpar, datado da década de 30 do Século XX com prédios dotados de esquerdo-direito ao gosto Art Deco e burguês, destinado a servir uma classe média que culminaria a sua ascensão no período salazarista, e que se procurava rodear de algum luxo e dignidade.

Rua Marquês de Fronteira |1967|
Edifícios do Bairro Azul; esta designação devia-se à aparente  «mancha azul» formada pela cor das persianas, das portas e das caixilharias.
Artur Bastos, in Lisboa de Antigamente

O ângulo estranho do plano do bairro resultava do desenho de Cristino da Silva para uma vasta urbanização inicial que, cerca de 1930, deveria ter sido o remate do prolongamento da Avenida da Liberdade. Devia apresentar-se com arruamentos em simetria, nos dois lados do Parque Eduardo VII. Contudo, o bairro ficou isolado, pois o restante projecto não se realizou, repetindo-se a vocação lisboeta para os tecidos incompletos e para a justaposição de bairros de origens diversas, característicos do início do Séc. XX. Trata-se, ainda assim, de um projecto e de uma ideia subjacente de Cidade.

Panorâmica sobre o Bairro Azul e zonas circundantes |c. 1950|
Av. António Augusto de Aguiar
Edifícios do Bairro Azul; esta designação devia-se à aparente ‘mancha azul’ formada pela cor das persianas, das portas e das caixilharias.
Mário de Oliveira, in Lisboa de Antigamente

Apresenta-se com uma hierarquia estabelecida e está dotado de aparatosos pórticos de entrada no Bairro. O seu isolamento apenas lhe veio confirmar a sua integridade e a sua autenticidade, patente no grande enriquecimento formal de fachadas e átrios de entrada, ganhando simplicidade formal ou opulência consoante a categoria social dos espaços o ditava. Baixos-relevos em estuque ou cimento, painéis policromados de mosaico cerâmico, ornatos salientes, pilastras e frisos, balaustradas, frontões e alpendres são motivos que aparecem com abundância neste vocabulário decorativo, de leitura complexa.

Avenida Ressano Garcia |1935|
Ressano Garcia (1847–1911) que enquanto engenheiro da CML foi responsável pela expansão de Lisboa para norte, a partir do eixo da Avenida da Liberdade com o projecto das Avenidas Novas integrou a toponímia de Lisboa ainda em vida, no ano de 1897, na artéria que hoje conhecemos como Avenida da República e, depois, no ano de 1929, regressou para uma Avenida no Bairro Azul.
Eduardo Portugal, 
in Lisboa de Antigamente

Tratando-se de um conjunto particularmente notável quanto à sua Arquitectura e aos motivos decorativos nela integrados, faz sentido classificar o conjunto com estas características estilísticas, pois manteve uma relação de sentido com os seus moradores, uma relação de autenticidade e integridade, o que se veio a verificar até à actualidade. É de realçar a autenticidade que o conjunto manteve ao longo dos tempos, pois é o conjunto, patente nas suas íntimas relações estilísticas que se mantiveram intactas e podem ser observadas.²

Bairro Azul |194-|
Perspectiva tomada da Rua Marquês de Fronteira vendo-se Avenida Ressano Garcia, ao centro, e a Av. António Augusto de Aguiar à dir..
Amadeu Ferrari, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ ANÍBAL Nazaré, Maria, uma Sua Criada. capa e ilust. Stuart. Lisboa, 1958.
² Carlos Cabaço e João Reis, lisboapatrimoniocultural.pt

Friday, 30 March 2018

Avenida Fontes Pereira de Melo: solar Mayer e Palácio Sotto Mayor

A Avenida Fontes Pereira de Melo integra-se no projecto de crescimento da Cidade para Norte, aprovado em 1888, plano intitulado: "Avenida das Picoas ao Campo Grande" da autoria do Engenheiro Ressano Garcia. As terraplanagens nas ruas Fontes Pereira de Melo e António Augusto de Aguiar, iniciam-se cerca de 1897. Em 1900, a canalização de água para esta zona da Cidade, está praticamente concluída. A partir de 1902 começaram a circular os primeiros carros eléctricos — aqui descendo a avenida pela direita. Refira-se que o sentido da circulação em Portugal passou a fazer-se pela direita em 1 de Junho de 1928.

Avenida Fontes Pereira de Melo [entre 1902 e 1905]
Junto ao viaduto sobre a Rua de S. Sebastião da Pedreira/Largo Andaluz. O viaduto da Avenida Fontes Pereira de Melo começou a construir-se em 1898 e concluiu-se em 1900. À direita, o solar oitocentista da família Mayer que ali existia, até c. 1900, altura em que começou a demolir-se, para construção do Palácio Sotto Mayor.
Alberto Carlos Lima, 
in Lisboa de Antigamente

O topónimo foi atribuído como Rua Fontes, por deliberação camarária de 31/12/1887 e Edital de 10/01/1888. Mais tarde, o Edital municipal de 11/12/1902 mudou-lhe a categoria para Avenida, já como Fontes Pereira de Melo.  Tributo a um dos principais políticos portugueses e várias vezes primeiro-ministro António Maria Fontes Pereira de Melo (1819-1887) — cuja dinâmica de desenvolvimento e políticas públicas ficou conhecida como «Fontismo». — deu um grande impulso à criação de estradas e caminhos de ferro e montou a primeira linha telegráfica do País, tendo criado então pela primeira vez o Ministério das Obras Públicas que ele próprio assumiu.

Avenida Fontes Pereira de Melo [1912]
O edifício, à esquerda, no gaveto com a Avenida António Augusto de Aguiar já não existe, assim com, a moradia do lado nascente da avenida. Os dois prédios de rendimento, ao fundo, na esquina com Rua Martens Ferrão, foram recentemente reabilitados. O que ainda vai conferindo alguma elegância à avenida desenhada pelo eng.º Ressano Garcia é o
imponente e sumptuoso Palácio Sotto Mayor, edificado em 1902/06, segundo o risco inicial do arq. Ezequiel Bandeira, com a colaboração do arq. Carlos Alberto Correia Monção. Já nem o eléctricoque ali se vê a descer avenida pela mão esquerdalá passa.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Friday, 15 October 2021

Panorâmica da Praça de Espanha

Sítio chamado de há muitos séculos Palhavã, onde se ergue o majestoso palácio deste nome, construído em 1660 pelo 2º conde de Sarzedas. Em 1918 foi leiloado e vendido pelos Azambujas ao Governo de Espanha, representado por D. Alejandro de Padilla, então Ministro Plenipotenciário que aí instalou a delegação do seu país. O palácio transitou no séc. XVIII para a posse dos marqueses do Louriçal e em 1861 foi adquirido pelo 3º conde de Azambuja, ou dos Lumiares como era conhecido.
 
Panorâmica da Praça de Espanha [1973]
Era a Praça situada na confluência das Avenidas António Augusto de Aguiar, Calouste Gulbenkian, de Berna, Columbano Bordalo Pinheiro e Santos Dumond, vulgarmente designada por Praça de Espanha.
Francisco Leite Pinto,
in Lisboa de Antigamente

Nota(s): Informação (Parecer) da Secção de Escrivania, solicitando oficialização do topónimo Praça de Espanha:
«Considerando que se trata de uma nomenclatura dado pelo vulgo que está suficientemente enraizada e tem plena justificação, a Comissão é de parecer que à praça situada na confluência das Avenidas António Augusto de Aguiar, Calouste Gulbenkian, de Berna, Columbano Bordalo Pinheiro e Santos Dumont, vulgarmente conhecida por Praça de Espanha, seja atribuída essa denominação que, assim, se torna oficial.» (22 de Janeiro 1979)

Tuesday, 23 February 2016

Avenida Fontes Pereira de Melo, coberta de neve

A Avenida Fontes Pereira de Melo integra-se no projecto de crescimento da Cidade para Norte, aprovado em 1888, plano intitulado: «Avenida das Picoas ao Campo Grande» da autoria do Engenheiro Ressano Garcia. As terraplanagens nas ruas Fontes Pereira de Melo e António Augusto de Aguiar, iniciam-se cerca de 1897.

Avenida Fontes Pereira de Melo, coberta de neve |193-|
À esquerda, o Parque Eduardo VII e a Av. António Augusto de Aguiar; ao fundo, à direita, o Palácio Sotto Mayor (1905)
Ferreira da Cunha, 
in Lisboa de Antigamente

Arruamento de 1900 que homenageia o chefe do partido Regenerador, António Maria Fontes Pereira de Melo (1819-1887), que presidiu ao Conselho de Ministros na década de 1876 e 1886, período que ficou conhecido como Fontismo

Saturday, 18 February 2017

A Feira de Agosto no Parque Eduardo Vll

Noutros tempos, quando havia comício ou festa — a feira d'Agosto, encantos meus! —, as poucas árvores ramalhudas, centenárias (que é feito delas?) ficavam pretas de garotos como pardalada. E havia picnics pelas raras sombras.


Nos terrenos do que seria o Parque Eduardo VII, assim denominado após a visita do monarca inglês em 1903«um belo espaço da natureza, com altos e baixos, velhas árvores, arbustos, ervaçal e mato», realizava-se, em Agosto, uma Feira. Raul Proença mostra-nos o parque, «ainda em construção, já com alguns lindos lagos», que embora «poucas curiosidades» ofereça, constitui «um cantinho de natureza luxuriante e pródiga». 

Vista aérea sobre o Parque Eduardo VII [c. 1934]
Feira de Agosto
Av. da Fontes Pereira de Melo; Praça do Marquês de Pombal: Rua Castilho; Av. António Augusto de Aguiar
Pinheiro Corrêa,in Lisboa de Antigamente

Era, para Aquilino, ainda antes de ser baptizado de Eduardo VII, esse «belo espaço da natureza», para onde ia sempre que lhe apetecia «um mimo rural». Datam de 1887 os primeiros projectos para o parque, então designado por Parque da Liberdade, sendo o Engenheiro Ressano Garcia o responsável pela proposta de abertura do concurso internacional, do qual sai aprovado o projecto do arquitecto paisagista Henri Lusseau.

Feira de Agosto, entrada  [Início séc. XX]
Praça do Marquês de Pombal Avenida da Fontes Pereira de Melo (Palacete Sabrosa)
Alexandre Cunha, in Lisboa de Antigamente
Feira de Agosto  [1911]
Praça do Marquês de Pombal Avenida da Fontes Pereira de Melo (Palacete Sabrosa)
Artur Benarus, in Lisboa de Antigamente
Feira de Agosto  [1911]
Praça do Marquês de Pombal Avenida da Fontes Pereira de Melo (Palacete Sabrosa)
Artur Benarus, in Lisboa de Antigamente

A vida alfacinha — relembra-nos Norberto de Araújo —, ingénua e pitoresca, essa teve no Parque um pouco de desafogo, com a episódica «Feira de Agôsto», que funcionava quando se proclamou a República; nela existiram os teatrinhos «Maria Vitória» e «Júlia Mendes» — nomes de duas actrizes populares, de mal fadado destino —, e se manteve a tradição das barracas das farturas e da Maria Botas, que vinham das velhas feiras de Belém e de Alcântara. Também a «estampa antiga» do sítio do Parque foi Parque foi desfigurada com o desaparecimento da «Torrinha», uma curiosa vivenda octogonal (Quinta da Torrinha, que deu nome à Estrada), situada um pouco acima do actual lago, e demolida em Abril de 1916.

Feira de Agosto, entrada [1910]
Teatro Júlia Mendes
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente
Feira de Agosto, entrada  [entre 1901 e 1910]
À esquerda a «vivenda octogonal» da Quinta da Torrinha
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
MIGUÉIS, José Rodrigues. «Da Mania das Grandezas», in As Harmonias do Canelão.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, 1939.
JANEIRO, Maria João, Lisboa: histórias e memórias.

Wednesday, 30 December 2015

Estr. de Benfica, ou de Palhavã

Estr. de Benfica, ou de Palhavã, como se pode constatar na placa toponímica no muro do Parque José Maria Eugénio, hoje Fundação Calouste Gulbenkian na Rua Doutor Nicolau de Bettencourt, que era um troço da Estr. de Benfica, compreendido entre o Largo de S. Sebastião da Pedreira e a Praça de Espanha.

Estr. de Benfica, ou de Palhavã [1946]
Actual Rua Doutor Nicolau de Bettencourt, junto à Gulbenkian [Inundações de 1946]

Ferreira da Cunha,
in Lisboa de Antigamente
Estr. de Benfica, ou de Palhavã [1946]
Actual Rua Doutor Nicolau de Bettencourt; 
Av. António Augusto de Aguiar e Palácio Palhavã. Os muros do parque José Maria Eugénio (dir.) que foram demolidos para prolongamento da Praça de Espanha.
Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente

De acordo com a entrada BENFICA (Sítio de ), no Dicionário de História de Lisboa (Lisboa: Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994), « Benfica surge como aldeia desde o séc. XIII, em redor da igreja primitiva de N. S. do Amparo. Próximo do actual Sete Rios, instalaram-se em 1399 os dominicanos, nos paços reais doados pelo Rei D. João I. Havia, assim, como que dois pólos na freguesia de Benfica e, para distinguir a zona dos paços reais e depois do convento dominicano, esta vai surgir referida como Benfica-a-Nova, ou Benfica de Baixo. O crescente povoamento da região ao longo dos tempos deu origem ao aparecimento de novos lugares: Calhariz no séc. XIV, Cruz da Pedra no séc. XVI e, entre estes dois pontos da espinha dorsal que era a Estrada de Benfica, surgiram mais tarde outros núcleos». (cml-lisboa.pt)

Rua Doutor Nicolau de Bettencourt, antiga Estr. de Benfica, ou de Palhavã [1957]
À direita, o muro do parque da Fundação Calouste Gulbenkian; ao fundo, a Praça de Espanha.
Judah Benoliel,
in Lisboa de Antigamente

Friday, 18 January 2019

Sete Rios

Como poderia haver sete «rios», que percorressem a curta zona compreendida entre o Jardim Zoológico (Estrada de Benfica) e a linha férrea (Campolide-Rego) ? Que «rios» foram ou eram estes? ¹


Lisboa possui dois casos do emprego toponímico do mesmo número redondo «sete»: Sete Rios, local onde, ao menos na época pluviosa, convergem vários cursos de água, e Alto dos Sete Moinhos, local onde se ergueram diversos moinhos de vento, de que ainda restam as ruinas.²

Sete Rios |196-|
Desvio das linhas dos eléctricos devido às obras do Metropolitano em Sete Rios; Estr. de Benfica.
Judah Benoliel, 
in Lisboa de Antigamente

O lugar de Sete Rios surge então — recorda o Guia de Portugal de 1924 —, na confluência de duas estradas, uma para O., chamada hoje Rua de Campolide, que leva à estação deste nome, e outra para E., que constitui a travessa das Laranjeiras. [...] O troço da esq. leva ao Palácio Farrobo com frente ao  Chafariz das Laranjeiras.
Uma linha eléctrica liga a Rotunda [actual Praça do Marquês de Pombal] com Benfica passando pela Avenida de António Augusto de Aguiar, Palhavã, Sete Rios, Laranjeiras, Cruz da Pedra e S. Domingos de Benfica.³
 
Estr. de Benfica vista da Rua de Campolide) |196-|
Antes do desvio das linhas dos eléctricos devido às obras do Metropolitano.
Judah Benoliel[?], 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ Ocidente: Revista portuguesa de cultura, vol. 57, p. 2, 1959.
² O número redondo «sete» na toponímia lisboeta. Papeis de José Maria António Nogueira in Anais das Bibliotecas, Museus e Arquivo Historico Municipais, p. 107, 1931.
³ Guia de Portugal, 1924.
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