Em 1910, esta Travessa das Freiras a Arroios — era ainda parte da Azinhaga
das Freiras — e foi aqui, junto a uma antiga capela, que foi encontrado
o corpo do Almirante Cândido dos Reis, como relembra o olisipógrafo Norberto de Araújo
nas suas Peregrinações:
«Já agora deixa-me lembrar-te que foi
numa «Azinhaga das Freiras» que existiu nesta Rua Alves Torgo, na qual
se abriu há anos uma rua — travessa nova, que em 4 de Outubro de 1910 se
suicidou, convencido de que o movimento revolucionário republicano ia
falhar, que um dos seus organizadores, homem íntegro e sincero, o Almirante Cândido dos Reis.»
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. II, p. 85)
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. II, p. 85)
Esta Travessa ganhou o seu topónimo pela proximidade à antiga Azinhaga
das Freiras (talvez lembrando as religiosas que passaram pelo Convento de Arroios), que antes já fora a Azinhaga do Leão, e hoje o espaço dessa
Azinhaga é o das Ruas Alves Torgo e Quirino da Fonseca.(cm-lisboa.pt)
À laia de curiosidade,
refira-se que cerca de 1900, encostado a um muro da antiga Azinhaga das
Freiras, hoje travessa, encontrava-se um modesto estabelecimento
conhecido pela «Tasca do Barão do Nabo».
As carroças que então encravam na cidade. estacionavam por ali, aguardando a hora da abertura das portas e, ao alvorecer, os condutores desses transportes de hortaliça, cm que predominava o nabo, entravam na loja e tomavam uma caneca de café, de dois decilitros e meio, por dez réis, um quarto de pão simples por igual quantia, acrescida de vinte réis, se levava manteiga, e um cálice de aguardente, por dez réis.
As carroças que então encravam na cidade. estacionavam por ali, aguardando a hora da abertura das portas e, ao alvorecer, os condutores desses transportes de hortaliça, cm que predominava o nabo, entravam na loja e tomavam uma caneca de café, de dois decilitros e meio, por dez réis, um quarto de pão simples por igual quantia, acrescida de vinte réis, se levava manteiga, e um cálice de aguardente, por dez réis.
Azinhaga das Freiras a Arroios [1911] Local onde se suicidou Cândido dos Reis; capela Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
"Três tiros de canhão dariam o sinal a todos os revolucionários, civis e militares. Cândido dos Reis esperava-os no Cais da Viscondessa. (...) Ouviu o primeiro e esperou longo tempo o segundo. Minutos de extrema ansiedade, em que lhe apareceram em tropel o receio do malogro e o sentimento das maiores responsabilidades (...) Chegam dois oficiais, que o enchem de pavor com a notícia de que não há movimento algum a bordo, e que está eminente uma traição! (...) Que se passou nesse momento crudelíssimo? Sabe-se que ele esteve em casa de suas irmãs, em Arroios completamente desalentado, absorto num isolamento e silêncio trágico. Saiu, e pouco depois, ao romper da manhã, estava morto numa azinhaga [das Freiras] próximo da casa [das suas irmãs que residiam naquela zona] em que se refugiara alguns momentos."
(5 de Outubro - 80 anos,, A Memória de Relvas, Pelouro da Cultura CML, 1990)
Azinhaga das Freiras a Arroios [1911]
Lápide colocada no local onde foi encontrado morto o almirante Cândido dos Reis Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Capela da Azinhaga das Freiras a Arroios [s.d.] Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
No comments:
Post a Comment