Começou por escolher o bairro onde mais gostaria de morar. Pensou em vários, e às suas preferências nunca era alheia a recordação dos tempos, ainda tão próximos, em que fora criada de servir. Gostaria, por exemplo, de ir pôr casa no Bairro Azul, só para «fazer ver» [...]¹
Estando embora em presença de uma Arquitectura civil, o
Bairro Azul — Ruas Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão e Avenida Ressano Garcia — constitui um conjunto arquitectónico que se reveste de uma
homogeneidade ímpar, datado da década de 30 do Século XX com prédios
dotados de esquerdo-direito ao gosto Art Deco e burguês,
destinado a servir uma classe média que culminaria a sua ascensão no
período salazarista, e que se procurava rodear de algum luxo e
dignidade.
O ângulo estranho do plano do bairro resultava do desenho de
Cristino da Silva para uma vasta urbanização inicial que, cerca de 1930,
deveria ter sido o remate do prolongamento da Avenida da
Liberdade. Devia apresentar-se com arruamentos em simetria, nos dois
lados do Parque Eduardo VII. Contudo, o bairro ficou isolado, pois o
restante projecto não se realizou, repetindo-se a vocação lisboeta para
os tecidos incompletos e para a justaposição de bairros de origens
diversas, característicos do início do Séc. XX. Trata-se, ainda assim, de um projecto e de uma ideia subjacente de Cidade.
Apresenta-se com uma hierarquia estabelecida e está dotado de aparatosos pórticos de entrada no Bairro. O seu isolamento apenas lhe veio confirmar a sua integridade e a sua autenticidade, patente no grande enriquecimento
formal de fachadas e átrios de entrada, ganhando simplicidade formal ou
opulência consoante a categoria social dos espaços o ditava.
Baixos-relevos em estuque ou cimento, painéis policromados de mosaico
cerâmico, ornatos salientes, pilastras e frisos, balaustradas, frontões e
alpendres são motivos que aparecem com abundância neste vocabulário
decorativo, de leitura complexa.
Tratando-se de um conjunto
particularmente notável quanto à sua Arquitectura e aos motivos
decorativos nela integrados, faz sentido classificar o conjunto com
estas características estilísticas, pois manteve uma relação de sentido
com os seus moradores, uma relação de autenticidade e integridade, o que
se veio a verificar até à actualidade. É de realçar a autenticidade que
o conjunto manteve ao longo dos tempos, pois é o conjunto, patente nas
suas íntimas relações estilísticas que se mantiveram intactas e podem
ser observadas.²
Bairro Azul |194-| Perspectiva tomada da Rua Marquês de Fronteira vendo-se Avenida Ressano Garcia, ao centro, e a Av. António Augusto de Aguiar à dir.. Amadeu Ferrari, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
¹ ANÍBAL Nazaré, Maria, uma Sua Criada. capa e ilust. Stuart. Lisboa, 1958.
² Carlos Cabaço e João Reis, lisboapatrimoniocultural.pt
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