Os cenários da Cidade, tomados do alto, poder-se-iam chamar os Telhados de Lisboa — diz Norberto de Araújo — o grande enamorado de Lisboa e a quem vamos sempre seguindo.
Há os miradouros de panorama extensivo, que abarcam todas as distâncias E há os miradouros suspensos sobre a cobertura confusa do casario: só se distinguem empenas, mansardas, telhados, campanários pequeninos, a ramagem tímida de um quintal.
E tudo se amalgama na intimidade dos planos. Perdem-se as linhas do trânsito, os portais fidalgos, as belas varandas de renda, as bocas sombrias dos casebres.
Destes cenários desgrenhados a poesia ascende, sem ritmo, num pitoresco desconcertante de acaso.
— Põe-se de poleiro o galo alfacinha!
[ARAUJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 212, 1943]
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Panorâmica de Lisboa [Inicio do sec. XX] Legenda (clicar na imagem para ampliar): ¹ Rua Pascoal de Melo; ² Av. D. Amélia, hoje Almirante Reis — o 1º quarteirão, na esq. baixa, é hoje ocupado pela Cervejaria Portugália; ³ Rua António Pedro; ⁴ Rua Passos Manuel — Jardim Constantino, de onde vem o eléctrico; ⁵ Rua Aquiles Monteverde; ⁶ Largo de Dona Estefânia; ⁷ Rua de Arroios, passando a (antiga) Igreja de S. Jorge de Arroios na Rua Alves Torgo até à Rua José Falcão; 9 Rua José Falcão; ¹º Praça Duque de Saldanha; ¹º Rua Marquês de Fronteira e nela o Palacete Mendonça. José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente |