Friday, 17 January 2025

Calçada dos Sete Moinhos, 64

É um alto entre o do Carvalhão e o Senhor dos Terramotos, onde existem sete moinhos, dos quais só cinco trabalham, achando-se desarmado o último de E.; serve de sinal o último de O., chamado o da ponta.
O topónimo perpetua a memória do lugar dos Sete Moinhos, pelos moinhos que no sítio existiam e cujos vestígios eram ainda visíveis na última década do século XX.

Calçada dos Sete Moinhos, 64 |1961|
Serra de Monsanto; Aqueduto das Aguas Águas Livres 
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente 
Nota(s): o local da foto está erradamente identificado no abandalhado amL.

Sunday, 12 January 2025

Lisboa Vista do Cimo dos Montes

O Castelo de São Jorge — tal como o conhecemos na actualidade — leva pouco mais de 80 anos. Sim. leu bem.

Sob o ponto de vista de fortificação — recorda Norberto de Araújo — o primitivo castelo cimeiro (a partir do começo do século XVII por «Castelejo»), que dos romanos foi, passou pelos godos e árabes, e chegou aos portugueses, resumia-se ao chamado Castelejo, numa área faceada de 50 metros aproximadamente. Este recinto era, por sua vez, circundado de muralhas, de dez torres, e aberto para o exterior nalgumas partes.

Panorâmica da encosta do Castelo |195-|
Perspectiva tirada da Estação do Rossio. Notem-se os edifícios do aquartelamento militar demolidos depois da reconstrução.
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente

Esta Fortaleza, recebeu, durante oito séculos os insultos do tempo, dos sismos, dos próprios homens. A verdade é que já no século XVI o seu, vértice Sudoeste servia de apoio, e se integrava no Paço Real da Alcáçova, acabando por se ocultar, durante o século XIX, nas construções de aquartelamentos. [Araújo: 1938 e 1945]
O nome actual deriva da devoção do castelo a São Jorge, santo padroeiro dos cavaleiros e das cruzadas, feita por ordem de D. João I no século XIV.  

Panorâmica do Castelo de São Jorge |c. 193-|
Vista tomada do Miradouro da Senhora do Monte. Igreja de Santa Cruz do Castelo.
Note-se, ao centro, a Torre do Observatório, cuja denominação deriva da circunstância de nela haver sido construído, c. de 1788, o Observatório Geodésico, se é que, já antes, 1779, não esteve nela instalado o primeiro observatório astronómico visto em Lisboa, estabelecido no Castelo pelo matemático José Anastácio da Cunha.
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

Na década de 1940 foram empreendidas monumentais obras de reconstrução, levantando-se grande parte dos muros e alteando-se muitas das torres. Por esse motivo, ao contrário do que se poderia pensar à primeira vista, o "carácter medieval" deste conjunto militar deve-se a esta campanha de reconstrução, e não à preservação do espaço do castelo desde a Idade Média até aos nossos dias. [Gaspar]

Panorâmica do Castelo de São Jorge |1957|
Vendedeira ambulante de leite no Miradouro da Senhora do Monte.
O monumento foi entregue à Câmara Municipal de Lisboa pelo Ministério das Obras Públicas, em 31 de Maio de 1942.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 10 January 2025

Edifício central da companhia dos telefones de Lisboa

Edifício situado no gaveto da Rua Augusta, 254-262, com a Rua de Santa Justa, 54-60, que serviu, entre 1888 e 1905, de sede da Anglo-Portuguese Telephone Company em Portugal. A mansarda, cujo projecto indica ter sido acrescentada em 1888, surge em foto tirada do elevador de Santa Justa [vd. 2ª imagem], provavelmente da primeira década de 1900.

Rua Augusta com a Rua de Santa Justa |c. 189-|
Edifício central da companhia dos telefones de Lisboa 
A estrutura em madeira visível nesta foto era uma grande caixa sobre o telhado
do prédio que servia de central de cabelagem dos telefones. A central funcionou neste
edifício até 1905.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O pedido de alteração do telhado mostra nas peças gráficas o desejo de substituir somente as águas-mestras por novo material, esclarece o material que revestia as águas-dobradas, e que se observa na 2ª imagem, reza assim:

No 4º andar e mansarda, onde se pretende faser estas obras, esteve installada a “Companhia dos Telephones” que mandou demolir algumas divisões interiores a fim de obter uma grande sala em cada um dos pavimentos, assim como fez construir o telhado em condições especiais para o seu serviço, e coberto com folha de ferro. Pretende agora o proprietario tornar estes dois pavimentos habitaveis, fasendo-lhes novas divisões e construindo novo telhado com inclinação regular e coberto de telha.
 Na actualidade, este edifício encontra-se revestido com telhas canudo, inseridas após 1980, o que não permite a observação in loco para levantar informações complementares

Rua de Santa Justa |c. 1903|
O edifício da Telephone Company (3º à esq.) após as alteração do telhado e mansarda.
Castelo de S. Jorge; elevador de Santa Justa
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Este modelo de cobertura surgiu em França e ganhou notoriedade através das obras de dois arquitectos do século XVII: François Mansart (1598-1666) e o seu sobrinho-neto Jules Hardouin-Mansart (1646-1708), cujos sobrenomes se tornaram na nomenclatura usada para o modelo arquitectónico (Machado e Moura, 2017).
Em Lisboa, a mansarda surge no léxico arquitetónico português no século XVIII, importada de modelos franceses. [Mateus: Cadernos do Arquivo Municipal, 2022]

Rua de Santa Justa |1960-70|
O edifício da Telephone Company é 2º à esq. com o desaparecido Hotel Francfort à frente.
Panorâmica sobre a encosta do Castelo, tirada a partir do topo do elevador de Santa Justa
Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 5 January 2025

Estr. de Chelas

O sítio de Chelas é antiquíssimo, remontando ao tempo dos romanos, e parece não haver dúvida de que o mar por aqui fazia esteiro, que deu, depois de seco, o aprazível vale. Quási a meio da Estr., antes da primeira ponte do caminho de ferro que liga à linha da Cintura, topamos — daqui não se vê — um curioso palácio velho [Palácio do Lavrado], nobre que foi e ainda duas vezes armoriado, seiscentista, hoje habitação de gente humilde. É quási ao fim dessa Estr. que se encontra a Fábrica «da Pólvora sem Fumo», de Chelas, posterior à Fábrica de Barcarena. 

Estr. de Chelas |1938-06-10|
Imagem tomada do Viaduto Ferroviário de Chelas com a Cç. da Picheleira à esq..
"É quási ao fim dessa Estr. que se encontra a Fábrica «da Pólvora sem Fumo»" 
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda no arquivo: «Funeral das vítimas do incêndio na fábrica de pólvora de Chelas a caminho do
cemitério do Alto de São João»

Nota(s): local da foto não está identificado no arquivo.

A fábrica está instalada no antigo convento das religiosas de Santo Agostinho, da invocação dos Mártires S. Félix e Santo Adrião [ao fundo na 1ª imagem]. A particularidade desta Casa era a sua remota fundação, 1192 pelo menos, segundo alguns escritores. Reconstruída seis ou sete vezes até ao século XVII, o Terramoto destruiu-a inteiramente, sendo restaurada, e a Igreja feita de novo, com certa larguesa. Todo o aspecto conventual interior desapareceu quási inteiramente, subvertido por obras de adaptação a fábrica de pólvoras químicas. [Araújo: 1939]
Foi fundador desta unidade fabril, António Xavier Correia Barreto.

Estr. de Chelas |1938-06-10|
Imagem tomada do prédio com o número de policia 169 junto à Rua de Cima de Chelas.
"É quási ao fim dessa Estr. que se encontra a Fábrica «da Pólvora sem Fumo»" 
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda no arquivo: «Funeral das vítimas do incêndio na fábrica de pólvora de Chelas a caminho do
cemitério do Alto de São João»

Nota(s): local da foto não está identificado no arquivo.

Friday, 3 January 2025

Calçada Nova do Colégio que foi do Monturo do Colégio

Colégio (Calçada Nova do) - Esta categoria foi acompanhada do sufixo «Nova», para diferençar a via pública a que está aplicada a denominação correspondente, de outra que a teve igual, e hoje é denominada «José António Serrano», com a categoria de Rua. [Brito: 1935]

Collegio (calçada do monturo do) - sSegunda á direita na rua do Arco da Graça, indo da calçada do Collegio e finda na calçada de Santa Anna. [Vellozo, 1869]

Calçada Nova do Colégio |1910|
Antiga do Monturo do Colégio [dos Jesuítas de Santo Antão-o-Novo, hoje Hosp. S. José];
Castelo de S. Jorge; lanterna adapatada a gás.
Bilhete postal não circulado. Edição Tabacaria Costa

Tudo isto era de sujeição toponímica c social ao Convento dos Padres do Colégio da Companhia de Jesus (hoje Hospital de S. José)  nos começos do século de seiscentos, e, antes, lombas de Sam'Ana, terrenos campestres só aqui e ali arruados, com um ar
rural dando contraste ao bulício lá de baixo: S. Domingos, Rossio, Corredoura de Santo Antão. [Araújo: 1938]
Calçada Nova do Colégio |1948|
Troço da muralha Fernandina com a Torre de Sant'Ana à direita.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 29 December 2024

Avenida Fontes com a Rua Camilo

Como estes dois últimos nomes são enormes! Mas parece que em certa época presidiu à denominação das ruas esse critério dos nomes grandes: Avenida de Fontes Pereira de Melo, Rua de Camilo Castelo Branco, etc. Pois não poderia dizer-se Avenida de Fontes e Rua de Camilo? Ou teme alguém que se confundem os nomes do estadista e do escritor com o de qualquer merceeiro?! [A.P. 1914]

A Avenida Fontes Pereira de Melo integra-se no projecto de crescimento da Cidade para Norte, aprovado em 1888, plano intitulado: "Avenida das Picoas ao Campo Grande" da autoria do Engenheiro Ressano Garcia. As terraplanagens iniciam-se cerca de 1897. 

Avenida Fontes Pereira de Melo com a Rua Camilo Castelo Branco |ant. 1940|
Palacete Sabrosa; Praça Marquês de Pombal
Kurt Pinto in Lisboa de Antigamente

O Palacete Sabrosa impressionava pela área da sua implantação distribuída por um quarteirão inteiro: Rotunda do Marquês, Avenida Fontes Pereira de Melo, Rua Camilo Castelo Branco e Avenida Duque de Loulé. Perfilava-se a residência no gaveto do Marquês com a Fontes Pereira de Melo com duas fachadas extensas, mas a principal projectava-se nesta avenida ou, como se dizia na altura, gozava de vista para o Parque. Foi demolido por volta de 1940. [Monterroso: 2002]

 

Rua Camilo Castelo Branco no sentido Avenida Fontes Pereira de Melo |195-|
Perspectiva tomada da Av. Duque de Loulé onde existe, desde 1950, o Monumento a Camilo Castelo Branco [vd. imagem abaixo].
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O topónimo «Rua Camilo Castelo Branco» presta tributo ao insigne Romancista (1825-1890) e foi atribuído por deliberação camarária de 24 Julho de 1890 — logo no mês seguinte ao seu falecimento — , ao arruamento que ligava a Rua Alexandre Herculano à então Rua Fontes (a partir de 1902, Avenida Fontes Pereira de Melo).

Camilo Castelo Branco (1825-1890) foi um dos maiores escritores portugueses do século XIX. "Amor de Perdição" foi sua novela mais importante. Suas novelas passionais fazem do escritor o representante típico do Ultra Romantismo em Portugal. Foi um dos primeiros escritores portugueses a viver exclusivamente do que escrevia. Recebeu o título de Visconde concedido pelo rei de Portugal, D. Luís I. [+ info]

Monumento a Camilo Castelo Branco |196-|
Perspectiva tomada da Av. Duque de Loulé com a Rua Camilo Castelo Branco (esq.) onde existe desde 25 de Outubro de 1950 a estátua do escritor — obra do escultor António Duarte.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday, 27 December 2024

Avenida Grão Vasco

A artéria homenageia, desde 1911, Vasco Fernandes, pintor que ficou conhecido como Grão-Vasco, nascido na zona de Viseu antes de 1480, tendo feito obra para as igrejas de Viseu, Coimbra e Tarouca, e na sua vasta pintura com motivos sacros destaca-se o seu quadro «S.Pedro» como o mais conhecido.

Avenida Grão Vasco |1960|
Pintor Século XVI
Em fundo nota-se a Igreja de N. S. Amparo sita na Estr. de Benfica [vd. 2ª imagem]
Augusto de Jesus Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Vasco Fernandes – o artista excelente, a mais forte personalidade da pintura regional portuguesa e o primeiro grande mestre da escola portuguesa no período do renascimento quinhentista, cujo nome glorioso – Grão Vasco – jamais se apagaria da memória dos Viseenses. (ALVES, 1991)

Estr. de Benfica com a Avenida Grão Vasco |1916|
À esq. observam-se os prédios da Rua Emília das Neves — Actriz 1820-1883 — que corre paralela à Estr. de Benfica.
 «Preparativos para o embarque das tropas que vão combater na Primeira Guerra Mundial»
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 22 December 2024

Travessa da Laranjeira

As artérias que cortam a Bica, transversalmente — diz Norberto de Araújo —, são esta Travessa do Cabral, a da Portuguesa, a da Laranjeira e a do Sequeiro, todas com a mesma perspectiva e balanço de nível, descendo por escadinhas das Chagas, encontrando o vale — onde corre o ascensor — e voltando a subir, sempre por escadinhas, à Rua do Marechal Saldanha.

O olisipógrafo Luís Pastor de Macedo refere que «O padre Carvalho da Costa, em 1712, lhe dá o nome de ‘travessa do Laranjeiro’ [«Corografia Portuguesa», vol. III, pp. 341] e assim lhe chama também, nos meados do século, o padre João Baptista de Castro [«Mapa de Portugal», vol. III, pp. 145].
Supomos porém, que se trata duma gralha tipográfica da ‘Corografia Portuguesa’, depois copiada, irreflectidamente pelo autor do ‘Mapa de Portugal’».

Travessa da Laranjeira |c. 196-|
Vista tomada da Rua das Chagas.
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

Também as memórias paroquiais referentes ao ano de 1755 mencionam na «Freguezia de Santa Catharina» a «traveça do Laranjeiro» e o «Beco do Siqueira» e mais tarde, nas plantas da remodelação paroquial de 1780, surgem «rua das Larangeiras» e «traveça do Siqueiro». Enquanto Travessa do Sequeiro surge no levantamento topográfico de Francisco Goullard de 1883.
Pastor de Macedo diz ainda que nesta artéria nasceu o jornalista Eduardo Fernandes, também conhecido como Esculápio, em 25 de Agosto de 1870.

Travessa da Laranjeira |c. 196-|
Vista tomada da R. Marechal Saldanha, observando-se ao fundo o Palacete Viana.
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

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