Thursday 5 May 2016

Passeio pedonal dos Arcos no Aqueduto das Águas Livres

O Passeio dos Arcos esteve, até 1844, aberto ao trânsito público, sendo muito concorrido pelos pequenos negociantes e vendedores dos arredores. Neste ano fechou-se, após os crimes de Diogo Alves, que de aqui precipitou várias das suas vítimas, e alguns suicídios que nele se deram. O guarda permite , porém, o acesso a todos os visitantes; pequena gratificação.¹


O Aqueduto, construído entre 1731 e 1799, por determinação régia, desenvolve-se ao longo de 14.100 metros de comprimento com início nas nascentes localizadas no Vale de Carenque, até ao reservatório da Mãe de Água em Lisboa. No entanto, em toda a sua extensão, o aqueduto das águas livres tem 58.135 metros, incluindo nascentes, ramais e galerias subterrâneas. O seu nome deve-se ao facto de as águas correrem apenas pela força da gravidade, isto é, livremente.
Ao chegar a Lisboa, o aqueduto tem, no Vale de Alcântara, dois passeios pedonais de 941 metros, sobre 35 arcos, 14 em ogiva e os restantes de volta perfeita, «contendo o maior arco de pedra do mundo, com 65 metros de altura e 28 de largura».
Estes arcos resistiram ao terramoto de 1755, porque, segundo vários especialistas, as suas fundações estão assentes em dois maciços rochosos do Cretáceo Superior. Outras opiniões defendem que a resistência se deveu ao ângulo formado pelos arcos, que lhe terá permitido a mobilidade suficiente.

Passeio pedonal dos Arcos no Aqueduto das Águas Livres [c. 1912]
Vale de Alcântara, Campolide
Paulo Guedes, in AML
 
O Aqueduto das Águas Livres — projectado por Manuel da Maia — é um dos maiores «ex-libris» da cidade de Lisboa - reabriu em Março de 2014 ao público. Já pode visitá-lo entre Sábado e Terça-Feira, entre as 10h e as 17h30, até Novembro, segundo informação da EPAL.
 
O Aqueduto das Aguas Livres — o mais imponente do país, e, ao seu género, talvez «a obra mais magnífica da Europa antiga e moderna», no dizer de um critico estrangeiro — é construção setecentista anterior ao Terramoto, ao qual resistiu pela solidez da construção.
O Aqueduto resolveu para o seu tempo o problema da «sede de água» de que a cidade padecia. Razão de orgulho monumental e pitoresco de Lisboa, e cuja história municipal de todo o século XVIII ficou ligado, deve-se a sua iniciativa a Cláudio Gorgel do Amaral, procurador da cidade, representante da burguesia no Senado, mas é indiscutível que o Rei D. João V foi um tenaz impulsionador da empresa, directo animador da obra junto da Câmara, podendo o seu nome, na história do monumento, figurar ao lado do de Cláudio Gorgel.²

Aqueduto das Águas Livres [c. 1870]
Vale de Alcântara
Francesco Rocchini (1822-1895), in BNP

Bibliografia
¹ PROENÇA, Raul, Guia de Portugal, 1924.
² ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1944.

1 comment:

  1. Pois tenho a ideia de, entre 1935-41, ter andado por uma das secções do Aqueduto das Águas Livres!

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