A grandiosidade do Aqueduto das Águas Livres deslumbrou os viajantes que demandaram Lisboa. Mesmo os menos pródigos em encómios aos marcos monumentais da cidade reconheceram os seus atributos estéticos e funcionais:
No vale de Alcântara, a curta distância de Lisboa, tive ocasião de ver o famoso aqueduto que ligava duas colinas [...] Era todo de mármore branco e não ficava a dever nada aos mais magnificentes aquedutos que nos deixaram os antigos, quer em utilidade e grandeza, quer em elegância. [Gorani, 1765, p. 100]
Não existe em Lisboa nenhum edifício que se imponha pela vastidão e majestade ou mesmo pelo seu conjunto [...] O único edifício público que merece ser visto está fora de Lisboa — é um soberbo aqueducto, destinado a abastecer de água esta cidade [...]: nele se conjugam a magnificência com a beleza, o ousio à solidez da construção. [Carrere, 1796, pp. 29-30]É impossível comunicar aos outros o sentimento de admiração que se apossou de nós logo à primeira vista, porque a imaginação não pode elevar-se a uma concepção tão sublime como aquela que a realidade apresenta. [Ruders, 1798-1802, p. 48]
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Aqueduto das Águas Livres |190-| Quinta da Rabicha Construído entre 1731-1748, contou desde o início com o apoio de. D. João V. Na direcção das suas obras trabalharam. o Coronel Engenheiro Manuel da Maia, Custódio Vieira e o romano António Canevari, arquitecto italiano, e João Frederico Ludovice. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
O Aqueduto das Águas Livres, no seu troço mais monumental, sobre o vale de Alcântara, é atravessado por várias estruturas viárias (ramais ferroviários de Alcântara e da ponte 25 de Abril, avenidas de Ceuta e Calouste Gulbenkian, Eixo Viário Norte/Sul, entre outras). O Monumento, propriamente dito, sobre a Ribeira de Alcântara, começado a construir-se em 1739, na extensão de 941 metros, e nele, a assinalar: 35 arcos, dos quais: 18, de volta inteira, do lado de Lisboa; 14 (os do centro) de perfil ogival, com robustos pegões, o maior dos quais — «Arco Grande» — mede 65,29m de altura e 28,86m de boca (largura); e 3, de volta inteira.
Chamei de ominosa memoria ao arco grande; todos me entendem — diz Júlio de Castilho; foi o alto d'aquella ogiva, o theatro lugubre das façanhas de Diogo Alves, o assassino. O ecco d'essa aboboda, que repete varias vezes cada palavra , ainda se lembrará talvez dos ais angustiosos das victimas arrojadas lá de cima, e volteando no ar até se espalmarem no lagedo natural do chão.(Júlio de Castilho (1840-1919) . «Aqueducto das Aguas Livres, 26 de Outubro de 1901)
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Aqueduto das Águas Livres, Arco Grande |c. 1912| Calçada da Estação e linha férrea Lisboa-Sintra, inaugurada em 1887, chegou a Campolide em 1895. Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente |
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