As traseiras desta Casa conventual de poucas tradições lisboetas — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , são mais bonitas do que a frontaria, pelas sobreposições de acaso, panorama do claustro combinado com a arquitectura geral, um pouco confusa, e com pormenores decorativos que de todo não se perdem à distância. O Convento debruçava-se sobre o rio.¹
Situado na Rua das Janelas Verdes [hoje Presidente Arriaga] ao lado do palácio que foi do Conde de Óbidos, e mesmo em frente ao vistoso convento de S. Francisco de Paula, encontra-se o que foi a antiga casa dos religiosos Hospitaleiros de S. João de Deus, Ordem instituída entre nós em 1617.
Primitivamente, foi nesse local que se edificou, em 1581, o primeiro convento da Congregação de S. Filipe de Néri, dos Carmelitas Descalços, que naquele tempo era um sítio afastado da cidade, com boas vistas para o rio.
O casario em que se edificou o convento pertencera a Francisco de Távora e a sua mulher, D. Mécia Ribeiro, que por volta de 1604 o venderam ao Dr. António Mascarenhas (Deão da Capela Real, doutor em Teologia e deputado da Mesa da Consciência e Ordens), que resolveu instituir um convento dessa invocação, com hospital acoplado.
Deu-se, pois, a sua fundação em 1629, contendo amplas instalações, grande claustro voltado para o rio e bonitas guarnições azulejadas.
Por morte de Deão fundador em 1637, viria a ser concluído posteriormente pelos religiosos.
Uma vez extintas as Ordens Religiosas em 1834, nele estiveram instalados primeiramente o Quartel da Brigada Real da Marinha, extinta com a revolução de Belém, em 1835. Depois, o Tribunal da Corte. Seguiu-se o Quartel de Infantaria n.° 2, culminando nos nossos dias, e a partir de 1919, com a Guarda Nacional Republicana, servindo o antigo claustro de parada do quartel.²
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, pp. 59-60, 1938.
² CAEIRO, Baltazar Mexia de Matos, Os conventos de Lisboa, p. 120, 1989.
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