O serviço de correios públicos foi estabelecido por D. Manuel I que mandou passar carta de Correio-Mor a Luís Homem, cavaleiro de sua casa, em 1520. O ofício de correio-mor manteve-se na família Gomes da Mata, entre 1606 e 1797. Extinto o ofício de Correio Mor do Reino em 1797, foram dados ao 8.º e último Correio Mor, Manuel José da Mata de Sousa Coutinho, várias compensações, entre as quais o título de Conde de Penafiel.
Aí temos agora a entrada do Palácio Penafiel — escreve Norberto de Araújo — constituindo com a antiga casa do Correio Mor — esta anterior a 1755 numa nova estrutura urbana — um único edifício. O Palácio, ao fundo de um pátio nobre, abre num átrio sob três arcarias de volta redonda; a frente, na rua, é guarnecida por três portões nobres gradeados, sendo o do centro armoriado, e impraticável. À nossa esquerda, num nível superior, está o jardim da antiga propriedade do Correio, para o qual se entra por um portão.
Há setenta anos [c. 1865] as festas do Palácio Penafiel davam brado em Lisboa, tal como as do Conde de Carvalhal dos Marqueses de Viana, ao Rato, do Conde de Farrobo, às Laranjeiras, ainda que sem o cunho artístico e literário de qualquer destas.Este soturno edifício inundava-se de luz e de flores; para um baile, em 1865, vieram do Porto 16.000 camélias. Os bailes dos Condes de Penafiel — o ultimo foi em 1867 — eram um deslumbramento, e o número de convidados excedia, em regra, um milhar.As mais belas mulheres de Lisboa do romantismo aristocrático (era o tempo das cabeleiras em anéis) davam aqui prédios de beleza e de elegância. O interior do Palácio era rico; as salas adornavam-se de um brilhantismo singular.Afinal, em 1871, todo o recheio foi à praça. As festas Penafiel, como todas as dos salões de Lisboa, tinham acabado...
Palácio Penafiel ou do Correio-Mor, fachada nascente [1901] Calçada do Correio Velho, 17-19 Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
O edifício foi adquirido pelo Estado ao último Conde de Penafiel em 1919, funcionando no seu espaço o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
Quando em 1772 neste sítio se procedia à abertura de alicerces para levantamento do Palácio e reconstrução da sua parte nascente (a do Correio), apareceram as ruínas das famosas Termas Romanas dos Cássios, muito completas e de excelente material, com piscina, nichos, tanque, escadarias, e ainda uma lápide de tijolo que não deixava dúvidas
àcerca da natureza da descoberta, .
Também nesta Rua de S. Mamede, mais acima, já a tocar a Rua da Saudade foram encontradas em 1798 ruínas preciosas de um Teatro romano, que datava do ano 57 antes de Cristo; as inscrições nas pedras atestam que o teatro fora dedicado a Nero (Nero Cláudio César Augusto) pelo augustal Caio Haio Primo.
Num outro passo das suas Peregrinações, Norberto de Araújo refere que "(...) na Calçada do Correio Velho, vês uma face do citado Palácio, e na qual, no n.º 19 da numeração policial, encontras êste curioso letreiro em pedra: CORREYO GERAL DO REINO MDCCLXXVI.
Esta legenda lembra o tempo em que o correio era privilégio da família Gomes da Mata,na qual estava o titulo e seu rendoso usufruto de Correio-Mor."
Palácio Penafiel ou do Correio-Mor, portão com letreiro em pedra [1949] Calçada do Correio Velho, 19 Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. II, pp. 24-25, 1938.
monumentos.pt.
Pesquisa fantastica! Interessantissimo.
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