O lisboeta conhecia-o por «caga-lumes». Eram funcionários da Câmara, usavam blusão largo cinzento e boné de pala.
Ao fim do dia, quando a luz começava a esmorecer, a azular as sombras pelas esquinas, vinha o vaga-lumes de comprida vara aos ombros, no extremo da qual havia uma chave de duas lâminas e um casulo de ferro com buracos a albergar e a proteger do vento uma pequena chama alimentada a petróleo.
Pelos bairros mais pobres e populares, onde ainda não chegara a electricidade, a iluminação pública era feita a gás, canalizado dos grandes gasómetros situados na Rua da Boa Vista, Avenida 24 de Julho e junto à Torre de Belém.
Ao principio da noite, carregando a sua pouca ferramenta, o vaga-lumes aproximava-se dos candeeiros, que felizmente, ainda ornamentavam as ruas da cidade e, com a chave, abria as torneiras. Por uma pequena janela de vidro, praticada na base, introduzia o casulo com a chama, acendendo de imediato a camisa rígida, feita de uma rede de fios de algodão, embebida em óxido de magnésio, a qual incandescia, atingindo rapidamente o rubro-branco e produzindo uma luz muito clara.
Ao principio da noite, carregando a sua pouca ferramenta, o vaga-lumes aproximava-se dos candeeiros, que felizmente, ainda ornamentavam as ruas da cidade e, com a chave, abria as torneiras. Por uma pequena janela de vidro, praticada na base, introduzia o casulo com a chama, acendendo de imediato a camisa rígida, feita de uma rede de fios de algodão, embebida em óxido de magnésio, a qual incandescia, atingindo rapidamente o rubro-branco e produzindo uma luz muito clara.
O vaga-lumes [c. 1900] Praça do Comércio Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
De madrugada, quando o Sol começava a dar uma leve claridade, o vaga-lumes vinha fechar o gás, tendo obrigação de limpar todos os aparelhos, para que os vidros estivessem sempre transparentes.
O vaga-lumes desapareceu das ruas de Lisboa, uma vez que toda a cidade deixou de utilizar a luz do gás, salvo algum beco escondido, em velho bairro, que o detenha testemunhar o passado!
Os artísticos candeeiros, sobretudo os de parede, ainda são objecto de grande interesse pela beleza e equilíbrio do desenho.
O vaga-lumes desapareceu das ruas de Lisboa, uma vez que toda a cidade deixou de utilizar a luz do gás, salvo algum beco escondido, em velho bairro, que o detenha testemunhar o passado!
Os artísticos candeeiros, sobretudo os de parede, ainda são objecto de grande interesse pela beleza e equilíbrio do desenho.
O vaga-lumes [c. 1900] Fotografia anónima |
A completar, diremos que o gás foi inaugurado em Lisboa em 1891 após muita resistência dos serviços camarários, que duvidavam, naquela época, que fosse possível fazer luz sem pavio — quando já existia a iluminação a gás nas várias cidades da Europa! A vontade do Governo de então prevaleceu contra os embargos que a Câmara inventava para que não continuassem as obras de escavações nas ruas da cidade. Isso é outra historia!
O vaga-lumes [1814] Costume of Portugal by Henry L'Evêque |
Bibliografia
DINIS, Calderon, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1970-1974, 1986.
A 2a foto é de cá?! Parece-se mais com Inglaterra. A entrada, a grade, o número na coluna...
ReplyDeleteSim, a foto é meramente ilustrativa, já que nos n/ arquivos rareiam imagens sobre este tema. Penso que seja em Londres.
DeleteAinda me recordo destes vaga-lumes (popularmente 'caga-lumes') a acender
ReplyDeleteos candeeiros prós lados da Rua de Santa Marta, em Lisboa.
Na mesma zona de Lisboa, onde morava minha tia-avó Alice, na Travessa das Parreiras (uma transversal à Rua de São José) acima da Rua do Passadiço
DeleteEra exigido algum grau de instrucao aos vaga-lumes no final sec. XIX?
ReplyDeleteEu enquanto miúda odiava qd chamavam " caga-lumes" ao meu pai. Quem se atrevesse havia , fosse rapaz ou rapariga havia "porrada" na certa. Eu não perdoava a " ofensa" .
ReplyDeleteEu sou neto de um beirão, Jozè Alves Talisca, Vaga Lumes em Lisboa durante 2 anos, mas era funcionário da Lisbonense , não da CML (?1899 -1903?) O seu chefe e primo , engenheiro faleceu na exposão da fabrica de Santos.
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