Wednesday, 19 September 2018

Rua da Senhora da Glória

Ora aqui temos uma curiosa artéria do sítio — diz Norberto de Araújo: a Rua de Nossa Senhora da Glória, cujo enfiamento é curiosíssimo, com a silhueta de S. Vicente ao fundo. Esta rua é do princípio do século passado [séc. XIX], mas a sua urbanização tem sido lenta. E vamos descendo.


Rua da Senhora da Glória N↔S  [1907]
Junto ao prédio (esq.) com o n.º 140, vista da Rua dos Sapadores
 Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Das várias quintas aforadas, no nosso lado esquerdo, norte, se foram erguendo prédios, alguns há poucos anos, e outros há poucos meses, como este — repara —  cujo chão se integrava na Quinta do Amaral, na esquina das Travessas e Rua da Senhora da Glória, imponente, moderníssimo de forma, desafogado, verde-ervilha, do tipo dos 'decks' de navio [vd. 3ª foto]: data de 1938 e é propriedade de Luiz Ribeiro que o comprou ao construtor António da Silva.

Rua da Senhora da Glória, junto à Rua das Beatas antiga da Conceição  [1907]
Ao fundo à direita vê-se o prédio «verde-ervilha» na esquina com a Travessa da Senhora da Glória, referido por mestre Araújo; do lado esquerdo —onde se vê uma árvore debruçada sobre a rua — ergue-se a Ermida de Nossa Senhora da Glória
 Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente
Rua da Senhora da Glória esquina com a Travessa da Senhora da Glória [1907]
Prédio «verde-ervilha»referido por mestre Araújo«cujo chão se integrava na Quinta do Amaral»
 Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

E aí tens, Dilecto, o contraste, a tal luta entre duas civilizações urbanistas: esses prèdiozitos cor de rosa, metidos entre quintalórios, na Rua do Cardal, amachucados ante a grandeza do prédio verde-ervilha que estamos ainda a ver.
Estamos agora defronte da Ermida de Nossa Senhora da Glória.

Rua da Senhora da Glória N↔S  [1907]
Junto ao prédio (dir.) com o n.º 101, destacando-se, mais abaixo, o telhado 
da Ermida de Nossa Senhora da Glória
De joelhos, com a bengala ou a muleta no chão, vê-se um homem de mãos erguidas 
para o céu, perante o olhar curioso da vendedeira ambulante. 
Promessa ou devoção à Senhora da Glória?
 Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

N.B. A Rua da Senhora da Glória foi fixada na memória da cidade em data que se desconhece mas seguramente, pelo menos data do século XIX já que nos registos de numeração predial, consta um mandado datado de 19 de Julho de 1893, onde este arruamento está designado por Rua de Nossa Senhora da Glória, à Graça.
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Bibliografia
Norberto de Araújo, «Peregrinações em Lisboa», vol. VIII, p. 26, 1939.

2 comments:

  1. Gracias por el artículo auspicioso. Si a decir verdad solía ser una cuenta de entretenimiento.
    Vistazo complejo hasta el momento traído agradable de usted!
    A propósito, ¿de qué manera podemos sostenernos en contacto?
    ¡Volveré, puesto que he marcado esta página como preferida y lo he twitteado a mis
    seguidores!

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  2. Se encontrasse uma lâmpada como a de Aladino pediria ao génio para repor o mundo físico como o mesmo era antes da guerra de 14/18. Passe o exagero.

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