Na confluência das Ruas do Carmo e Nova do Almada — diz Norberto de Araújo — e em prolongamento para qualquer dos lados — , com a entrada principal no tôpo do fundo da Rua Garrett, levanta-se o edifício dos Grandes Armazéns do Chiado [1894], que dominam o local.
Assentava aqui, antes do Terramoto, o amplo Convento do Espírito Santo da Pedreira, dos frades da Congregação do Oratório de S. Felipe Nery, fundado no final do século XIII, e reedificado entre 1514 e 1516. O Terramoto destruiu o Convento e Igreja, que foram reedificados, sem a antiga grandeza. Em 1835, depois da extinção das Ordens, os religiosos, que foram tolerados por algum tempo, acabaram por ser expulsos da sua casa. O edifício foi então comprado por Manuel José de Oliveira, 1.° Barão de Barcelinhos (1841), individuo que, pela sua fortuna, granjeara o apodo de «Manuel dos Contos»; pelo segundo casamento da viúva o prédio e o título passaram para Manuel Correia da Silva Araújo, e, morrendo êste, novamente a viúva casou com o Dr. Carlos Ramiro Coutinho, que foi 3.º Barão de Barcelinhos e 3.º Conde de Ouguella. (A Baronesa, de apelido Soares de Oliveira, ainda sobreviveu ao terceiro marido). O título de visconde de Barcelinhos continuou-se do primogénito do Barão, e depois perdeu-se.
No local existiu desde 1279, uma antiga Casa chamada de Espírito Santo
da Pedreira, irmandade de nobres e mercadores ricos de origem judaica,
que promoviam a associação e a entreajuda financeira. O culto do Espírito Santo vem da rainha Isabel, mulher de D. Dinis, no primeiro templo da Pedreira. Pedreira, porque
no local se encontrava a grande rocha que caía sobre o vale a que hoje
se chama Baixa, e por onde o rio não entrava. A casa, o hospital da
irmandade e o respectivo espaço conventual situavam-se na confluência da
que é hoje a Rua Garrett com a Rua Nova do Almada, e sofreram durante o
século XVII várias obras de reconstrução.
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 89, 1939.
VALDEMAR, António, Chiado O Peso da Memória, p. 104 , 1989.
COSTA, Mário, O Chiado pitoresco e elegante, p. 22-130, 1987.
Estou impressionado, tenho que admitir. Raramente eu encontro um blog que é igualmente educativo e divertido.
ReplyDeleteAmérico Rosas